Dom, 07 de Outubro de 2012 23:14 por: CNBB/RADIO
VATICANO
O Papa Bento XVI abriu solenemente na
manhã deste domingo, 7, o Sínodo sobre a Nova Evangelização, presidindo a Santa
Missa na Praça São Pedro. Durante a celebração, na presença de mais de 400
bispos e 25 mil fiéis proclamou Doutores da Igreja a Santa medieval alemã,
Hildegarda de Bingen, e o Santo espanhol João de Ávila, que viveu em 1500.
Com esta solene concelebração – disse
o Papa na sua homilia - inauguramos a XIII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo
dos Bispos, que tem como tema: A Nova Evangelização para a transmissão da fé
cristã.
“Esta temática
responde a uma orientação programática para a vida da Igreja, de todos os seus
membros, das famílias, comunidades, e das suas instituições. Tal perspectiva se
reforça pela coincidência com o início do Ano da Fé, que terá lugar na próxima
quinta-feira, dia 11 de outubro, no 50º aniversário da abertura do Concílio
Ecumênico Vaticano II”.
“A Igreja existe para evangelizar”,
continuou o Papa, que se deteve sobre o “renovado dinamismo da atividade
evangelizadora da Igreja em determinados períodos da história. “Basta pensar na
evangelização dos povos anglo-saxões e eslavos, ou na transmissão do Evangelho
no continente americano, e, em seguida, nos distintos períodos missionários
junto dos povos da África, Ásia e Oceania”.
"Também nos
nossos tempos, o Espírito Santo suscitou na Igreja um novo impulso para
proclamar a Boa Nova, um dinamismo espiritual e pastoral que encontrou a sua
expressão mais universal e o seu impulso mais autorizado no Concílio Ecumênico
Vaticano II".
Segundo o Santo Padre “tal renovado
dinamismo de evangelização produz uma influência benéfica sobre os dois
ramos”concretos que desenvolvem a partir dela, ou seja, por um lado, a “missio
ad gentes”, isto é, a proclamação do Evangelho para aqueles que ainda não
conhecem a Jesus Cristo e a Sua mensagem de salvação”; e, por outro lado, a
nova evangelização, destinada principalmente às pessoas que, embora batizadas,
se distanciaram da Igreja e vivem sem levar em conta prática cristã.
“A Assembléia
sinodal que se abre hoje é dedicada a essa nova evangelização, para ajudar
essas pessoas a terem um novo encontro com o Senhor, o único que dá sentido
profundo e paz para a existência; para favorecer a redescoberta da fé, a fonte
de graça que traz alegria e esperança na vida pessoal, familiar e social.
Obviamente, esta orientação particular não deve diminuir nem o impulso
missionário, em sentido próprio, nem as atividades ordinárias de evangelização
nas nossas comunidades cristãs. Na verdade, os três aspectos da única realidade
de evangelização e completam e se fecundam mutuamente”.
Neste sentido - continuou o Santo
Padre - , o tema do matrimônio, que nos ofereceu o Evangelho e a primeira
leitura deste domingo, merece uma atenção especial. A mensagem da Palavra de
Deus pode ser resumida na expressão contida no livro do Gênesis e retomada pelo
próprio Jesus: «Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua
mulher, e eles serão uma só carne». O que significa hoje para nós essa palavra?
- perguntou o Papa:
“Parece-me que nos
convida a nos tornarmos mais conscientes de uma realidade já conhecida, mas
talvez não totalmente apreciada, ou seja, que o matrimônio se constitui, em si
mesmo, um Evangelho, uma Boa Nova para o mundo de hoje, em particular para o
mundo descristianizado. A união do homem e da mulher, o ser «uma só carne» na
caridade, no amor fecundo e indissolúvel, é um sinal que fala de Deus com
força, com uma eloqüência que hoje se torna ainda maior porque, infelizmente,
por diversas razões, o matrimônio, justamente nas regiões de antiga tradição
cristã, está passando por uma profunda crise”.
Não é uma coincidência, acrescentou o
Papa. O matrimônio está ligado à fé, não num sentido genérico. “O matrimônio se
fundamenta, enquanto união do amor fiel e indissolúvel, na graça que vem do
Deus Uno e Trino, que em Cristo nos amou com um amor fiel até a Cruz”.
“Hoje, - destacou Bento XVI -, somos
capazes de compreender toda a verdade desta afirmação, em contraste com a
dolorosa realidade de muitos matrimônios que, infelizmente, acabam mal. Há uma
clara correspondência entre a crise da fé e a crise do matrimônio. E, como a
Igreja afirma e testemunha há muito tempo, o matrimônio é chamado a ser não
apenas objeto, mas o sujeito da nova evangelização.
Isso já se vê em muitas experiências
ligadas a comunidades e movimentos, mas também se observa, cada vez mais, no
tecido das dioceses e paróquias, como demonstrou o recente Encontro Mundial das
Famílias.
A chamada universal à santidade –
disse Bento XVI - é uma das idéias chave do renovado impulso que o Concílio
Vaticano II deu à evangelização que, como tal, aplica-se a todos os cristãos.
Os santos são os verdadeiros protagonistas da evangelização em todas as suas
expressões.
Em seguida o Papa recordou que hoje
foram agregados ao grupo seleto dos Doutores da Igreja dois santos, São João de
Ávila e Santa Hildegarda de Bingen.
São João de Ávila que viveu no século
XVI. Profundo conhecedor das Sagradas Escrituras, dotado de um ardente espírito
missionário. Soube adentrar, com uma profundidade particular, nos mistérios da
Redenção operada por Cristo para a humanidade. Homem de Deus, unia a oração
constante à atividade apostólica. Dedicou-se à pregação e ao aumento da prática
dos sacramentos, concentrando seus esforços para melhorar a formação dos
futuros candidatos ao sacerdócio, dos religiosos, religiosas e dos leigos, em
vista de uma fecunda reforma da Igreja.
Santa Hildegarda de Bingen,
importante figura feminina do século XII, ofereceu a sua valiosa contribuição
para o crescimento da Igreja do seu tempo, valorizando os dons recebidos de
Deus e mostrando-se uma mulher de grande inteligência, sensibilidade profunda e
de reconhecida autoridade espiritual. O Senhor dotou-a com um espírito
profético e de fervorosa capacidade de discernir os sinais dos tempos.
Hildegard nutria um grande amor pela a criação, cultivou a medicina, a poesia e
a música. Acima de tudo, sempre manteve um amor grande e fiel a Cristo e à
Igreja.
Bento XVI concluiu a sua homilia
confiando a Deus o trabalho da Assembléia sinodal com o sentimento vivo da
comunhão dos santos invocando, em particular, a intercessão dos grandes
evangelizadores, dentre os quais o Beato João Paulo II, cujo longo pontificado
foi também um exemplo da nova evangelização. "Colocamo-nos sob a proteção
da Virgem Maria, Estrela da nova evangelização. Com ela, invocamos uma especial
efusão do Espírito Santo, que ilumine do alto a Assembléia sinodal e torne-a
fecunda para o caminho da Igreja".
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