Sex, 26 de Outubro de 2012
07:24 por: cnbb
Dom José Alberto
Moura
Arcebispo de Montes Claros
Arcebispo de Montes Claros
O grito de alguém
necessitado de cura é importante. Mostra confiança, necessidade de ajuda e
vontade de superar os próprios males. Deus sabe de tudo o que precisamos. Ele
não precisaria de nossa oração. Muitos até questionam:
“Se Ele é Deus, devia
fazer todo mundo são e sem problemas”! Muitos se esquecem de que a vida é um
dom. Não fomos nós que a pedimos. Com ela Deus nos valoriza, chama a
realizarmos um projeto de vida, mesmo não nos criando como deuses.
Somos humanos e
frágeis, mas nossa grandeza e realização progressivamente conquistada se dão em
nossa condição diversificada, mesmo tendo limites e sofrimentos. Há quem tem
saúde, bens e projeção social mas faz menos bem do que outros, até sem esses
atributos. Saber usar as fragilidades e os sofrimentos nos leva à consecução do
objetivo da vida. É o que o próprio Jesus ensina e faz exemplarmente. Ele não
precisava sofrer o que sofreu. A dor humana tem ensinamento e base para
atingirmos o escopo de nossa caminhada terrena se a soubermos canalizar para
isso. Não buscamos o sofrimento por ele mesmo. Mas, existindo, fazemos
dele meio para tirarmos fruto de vida. O mais importante é nossa doação da vida
para realizarmos o bem, mesmo custando-nos sacrifícios. A vitória vem depois.
Até para um jogo de futebol os esportistas sofrem para tentar conseguir o
resultado positivo.
Deus, porque nos
ama, valoriza-nos. Nosso grito é a expressão de que aderimos a seu amor e
confiamos em sua ajuda. O próprio Filho nos ensina a prática da oração. O “Pai
nosso” contém os ingredientes mais importantes da nossa relação com Deus. No
Evangelho, o grito de Bartimeu foi ouvido por Jesus, apesar de que muitos queriam
que ele não amolasse o Mestre. O Senhor mandou chamá-lo e os discípulos
obedeceram: “Coragem, levanta-te, Jesus te chama!” (Marcos 10,49). O cego,
também mendigo, exultou de alegria! Como é bom termos tantas pessoas com
deficiências serem tratadas por pessoas que agem como Jesus. Estas ouvem os
gritos dos fragilizados na vida. Por causa do Mestre se dedicam com amor
à promoção do ser humano em dificuldades de toda ordem! Precisamos de
mais pessoas assim, inclusive e, de modo especial, no exercício do serviço à
coisa pública. Se tivéssemos muitas pessoas com a formação para o serviço com
amor, imitando Jesus, aí resolveríamos mais e melhor a boa educação, a
assistência à saúde, à promoção da família e de todos os empobrecidos. Teríamos
mais segurança, mais estradas boas, mais ações de proteção às crianças, aos
negros, aos índios, às mulheres...
O Filho de Deus
vem mediar a relação do divino com o humano, qual verdadeiro sacerdote ou
pontífice. Ele sabe dos nossos limites. Por isso: “Sabe ter compaixão dos que
estão na ignorância e no erro, porque ele mesmo está cercado de fraqueza”
(Hebreus, 5,2). Quem O segue e tenta colocar em prática seu ensinamento, também
se torna cheio de compaixão em relação aos mais fragilizados, como é o caso de
Bartimeu. Coloca-se aberto a ajudar os mais carentes a terem uma vida mais
decente e esperançosa.
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