Seg, 29 de Outubro de 2012 07:53 por: cnbb
Dom Pedro Brito Guimarães,
Arcebispo de Palmas (TO)
Arcebispo de Palmas (TO)
“Esta é a morada de Deus-com-os-homens.
Ele vai morar junto deles. Eles serão o seu povo, e o próprio Deus-com-eles
será seu Deus. Ele enxugará toda lágrima dos seus olhos. A morte não existirá
mais, e não haverá mais luto, nem grito, nem dor, porque as coisas anteriores
passaram” (Ap 21,3-4).
Aproxima-se um dos dias mais
emblemático de todo calendário civil e religioso: o dia de finados - dia de
sentimento de perda e de saudade, dia de recolhimento, de silêncio e de
oração,
dia de esperança e de fé na ressurreição dos mortos.
Com espírito pastoral, gostaria de
condividir com vocês os sentimentos mais profundos, as emoções mais verdadeiras
e a fé mais autêntica e sincera que invadem o meu coração de irmão, de amigo e
de pastor: Um autor desconhecido escreveu recentemente o seguinte: “tudo no
mundo morre. O tempo todo. A cada segundo, folhas caem, flores murcham, você
pisa numa formiga, a leoa acerta um pulo letal no cervo, 20 pessoas morrem em
uma enchente, criança leva bala perdida em tiroteio, motorista dorme ao volante
e caminhão choca-se com carro, matando toda uma família. É cientificamente
comprovado. Tudo que está vivo pode morrer. Mas quando alguém que você ama
morre, não há ciência, razão. O coração desliga-se do cérebro e grita sua dor
na única linguagem que conhece: a cada batida...”
A morte é a nossa companheira de
viagem. Ela está presente em toda a fase da nossa existência. A morte é certa;
mas não há somente morte; a morte é vida no além. Santa Teresinha já dizia:
“não morro, entro na vida”. Jesus Cristo é nossa páscoa, vida e ressurreição.
Nossas vidas estão nas mãos de Deus. No céu o veremos face a face e saberemos
como Ele é.
No dia de finados é comum irmos ao
cemitério para rezar pelos defuntos. A oração por eles é tradição da Igreja
católica. Outro dia, numa visita pastoral, no cemitério, encontrei a seguinte
frase, meio empoeirada, amarelada pelo tempo, pouco observada, mas que continha
uma grande verdade: “homenagem dos que vão morrer aos que já morreram”. Somente
os que ainda não morreram podem homenagear os que já morreram. Visitar o
cemitério, mesmo sendo um costume antigo, é ainda hoje uma atitude cristã
louvável, quando nasce da fé e se alimenta da ressurreição. Não podemos deixar
que se percam nem o seu valor e nem a sua beleza. Mas como visitar um
cemitério? Como se comportar numa vista como esta? O que fazer? Como rezar? O
que levar e o que deixar?
A Igreja quando reza pelos defuntos tem
em mente três motivos: - primeiro, a comunhão existente entre todos os membros
de Cristo, vivos e mortos: na morte, como na vida, somos todos irmãos; -
segundo, consolar, confortar e prestar ajuda espiritual a quem está triste e
enlutado pela morte de um ente querido; - terceiro, ajudar espiritualmente a
quem morreu, de modo que, se for da vontade de Deus a oração ajude a se
purificar e chegar a Deus.
Portanto, diante do desespero e do
relativismo, que fazem ver a morte como o final da existência, Jesus oferece a
esperança da ressurreição e da vida eterna, a fim de Deus seja tudo em todos
(1Cor 15,28). É Ele quem nos faz passar da morte para a vida, da tristeza para
a alegria, do absurdo para o sentido da vida, das trevas para a luz, da
descrença para a fé, do desalento para a esperança que não engana.
Permitam-me, por gentileza,
sugerir-lhes algumas atitudes para acompanhá-los ao cemitério: - momento de
oração: reservem um tempo para a oração pessoal; - acendam velas para que seus
entes queridos fiquem iluminados pela luz de Cristo; - cubram suas sepulturas
com os mantos das flores para a beleza dos olhos e o encanto da alma; - ajudem
nas limpezas do ambiente e dos túmulos dos seus entes queridos; - participem
das celebrações, eucarística ou da palavra, escutem a Palavra de Deus e
comunguem, se puderem; - e creiam na ressurreição da carne e na vida eterna.
Cristo ressuscitado, vida e esperança, estará lá e se colocará no nosso meio
para enxugar nossas lágrimas, fortalecer nossa fé e aumentar a nossa esperança.
Neste Ano da Fé, eu, pessoalmente,
“creio na remissão dos pecados; na ressurreição da carne; na vida eterna; e
espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir”.
Por todos os defuntos, rezemos juntos:
“Descanso eterno, dai-lhes, Senhor. E a luz perpétua os iluminem. Descansem em
paz. Amém!
Nenhum comentário:
Postar um comentário