terça-feira, 16 de outubro de 2012

Deus é amor e verdade



Ter, 16 de Outubro de 2012 09:34 por: cnbb

Dom José Maria Maimone
Bispo de Umuarama (PR)
Salmo  82  (83)

Este salmo é uma confirmação total do antropologismo. Isto é o hagiógrafo, ou escritor, coloca profundamente em Deus os sentimentos e os defeitos dos humanos. O salmista não foi capaz de expressar em linguagem humana o que lhe foi inspirado por Deus.
Conforme disse no artigo anterior, este é um dos salmos imprecatórios. Procurem lembrar ou reler o que foi dito no comentário ao salmo 57.
O silêncio de Deus incomoda os egoístas. Na maioria das Bíblias o salmo 82 começa com uma irreverência contra Deus:
“Ó Deus, não fiques aí silencioso e inerte, faça alguma coisa!”(2). Em seguida o salmista se confunde com Deus: “Pois teus inimigos, aqueles que te odeiam, se preparam para atacar o povo que tu proteges” (3-4).  São inimigos de Deus ou dos israelitas?
Pelo início do salmo podemos perceber que os israelitas agiam mal e se afastavam de Deus; mas quando a coisa apertava, como nesta circunstância de uma ameaça de guerra, eles não pediam a Deus para socorrê-los. Porém se lembravam que eram o povo da aliança, o povo de Deus, e pensavam que atacá-los seria a mesma coisa que atacar a Deus.
Então eles iniciavam suas imprecações! As maldições manifestadas neste salmo são horríveis: “Sejam como folhas secas levadas pelo vento” (14); “Sejam queimados como os incêndios queimam as florestas” (15); “Um furacão os destrua” (16). Que eles morram na desgraça!” (18).
No meio de todas essas maldições o salmista manifesta um bom sentimento: “Fazei que eles se sintam envergonhados e reconheçam o vosso poder, Senhor!” (17). Mas logo em seguida escorrega de novo: “Que sejam derrotados e envergonhados para sempre” (18).
Procurando entrar no modo de agir de Deus e de Jesus, poderemos orar este salmo com as palavras do livro “Os Salmos dos Cristãos”: “Senhor Deus, ouvi esta prece, rompei vosso silêncio e vinde em nosso auxílio” (2). “Senhor, desorientai os povos que conspiram nossa derrota!” (14). “Que eles se envergonhem dos seus maus intentos, e reconheçam que vós sois o Deus todo poderoso. Que eles passem a respeitar e invocar o vosso nome santo” (17-18).
Este salmo nos ensina que nunca podemos tomar as palavras ao pé da letra. Temos que aceitar que o salmista, ou o tradutor, se enganou, pois Deus jamais poderia ter tais sentimentos. Se Deus odiasse e fizesse o mal já não seria Deus. Ele não pode errar ou ser mau. Peçamos ao Senhor que nos ajude a crer que apesar dessas imprecisões a Bíblia continuará sempre a ser Palavra de Deus.

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