Ter, 16 de Outubro de 2012 09:34 por: cnbb
Salmo 82 (83)
Este salmo é uma confirmação total do
antropologismo. Isto é o hagiógrafo, ou escritor, coloca profundamente em Deus
os sentimentos e os defeitos dos humanos. O salmista não foi capaz de expressar
em linguagem humana o que lhe foi inspirado por Deus.
Conforme disse no artigo anterior, este
é um dos salmos imprecatórios. Procurem lembrar ou reler o que foi dito no
comentário ao salmo 57.
O silêncio de Deus incomoda os
egoístas. Na maioria das Bíblias o salmo 82 começa com uma irreverência contra
Deus:
“Ó Deus, não fiques aí silencioso e inerte, faça alguma coisa!”(2). Em seguida o salmista se confunde com Deus: “Pois teus inimigos, aqueles que te odeiam, se preparam para atacar o povo que tu proteges” (3-4). São inimigos de Deus ou dos israelitas?
“Ó Deus, não fiques aí silencioso e inerte, faça alguma coisa!”(2). Em seguida o salmista se confunde com Deus: “Pois teus inimigos, aqueles que te odeiam, se preparam para atacar o povo que tu proteges” (3-4). São inimigos de Deus ou dos israelitas?
Pelo início do salmo podemos perceber
que os israelitas agiam mal e se afastavam de Deus; mas quando a coisa
apertava, como nesta circunstância de uma ameaça de guerra, eles não pediam a
Deus para socorrê-los. Porém se lembravam que eram o povo da aliança, o povo de
Deus, e pensavam que atacá-los seria a mesma coisa que atacar a Deus.
Então eles iniciavam suas imprecações!
As maldições manifestadas neste salmo são horríveis: “Sejam como folhas secas
levadas pelo vento” (14); “Sejam queimados como os incêndios queimam as
florestas” (15); “Um furacão os destrua” (16). Que eles morram na desgraça!”
(18).
No meio de todas essas maldições o
salmista manifesta um bom sentimento: “Fazei que eles se sintam envergonhados e
reconheçam o vosso poder, Senhor!” (17). Mas logo em seguida escorrega de novo:
“Que sejam derrotados e envergonhados para sempre” (18).
Procurando entrar no modo de agir de
Deus e de Jesus, poderemos orar este salmo com as palavras do livro “Os Salmos
dos Cristãos”: “Senhor Deus, ouvi esta prece, rompei vosso silêncio e vinde em
nosso auxílio” (2). “Senhor, desorientai os povos que conspiram nossa derrota!”
(14). “Que eles se envergonhem dos seus maus intentos, e reconheçam que vós
sois o Deus todo poderoso. Que eles passem a respeitar e invocar o vosso nome
santo” (17-18).
Este salmo nos ensina que nunca podemos
tomar as palavras ao pé da letra. Temos que aceitar que o salmista, ou o
tradutor, se enganou, pois Deus jamais poderia ter tais sentimentos. Se Deus
odiasse e fizesse o mal já não seria Deus. Ele não pode errar ou ser mau.
Peçamos ao Senhor que nos ajude a crer que apesar dessas imprecisões a Bíblia
continuará sempre a ser Palavra de Deus.
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