Ter, 30 de Outubro de 2012 11:30 por: cnbb
Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
No próximo dia 2 celebraremos a memória
dos fieis defuntos, dos nossos falecidos, daqueles que estiveram conosco e hoje
estão na eternidade, os “finados”, aqueles que chegaram ao fim da vida terrena
e já começaram a vida eterna. Portanto, não estão mortos, estão vivos, mais até
do que nós, na vida que não tem fim, “vitam venturi saeculi”. Sua vida não foi
tirada, mas transformada. Por isso, o povo costuma dizer dos falecidos: “passou
desta para a melhor!” Olhemos, portanto, a morte com os olhos da fé e da
esperança cristã, não com
desespero pensando que tudo acabou. Uma nova vida
começou eternamente.
Os pagãos chamavam o local onde
colocavam os seus defuntos de necrópole, cidade dos mortos. Os cristãos
inventaram outro nome, mais cheio de esperança, “cemitério”, lugar dos que
dormem. É assim que rezamos por eles na liturgia: “Rezemos por aqueles que nos
precederam com o sinal da fé e dormem no sono da paz”.
Os santos encaravam a morte com esse
espírito de fé e esperança. Assim São Francisco de Assis, no cântico do Sol:
“Louvado sejais, meu Senhor, pela nossa irmã, a morte corporal, da qual nenhum
homem pode fugir. Ai daqueles que morrem em pecado mortal. Felizes dos que a
morte encontra conformes à vossa santíssima vontade. A estes não fará mal a segunda
morte”. “É morrendo que se vive para a vida eterna!”. S. Agostinho nos
advertia, perguntando: “Fazes o impossível para morrer um pouco mais tarde, e
nada fazes para não morrer para sempre?”
Quantas boas lições nos dá a morte.
Assim nos aconselha o Apóstolo São Paulo: “Enquanto temos tempo, façamos o bem
a todos” (Gl 6, 10). “Para mim o viver é Cristo e o morrer é um lucro... Tenho
o desejo de ser desatado e estar com Cristo” (Fl 1, 21.23). “Eis, pois, o que
vos digo, irmãos: o tempo é breve; resta que os que têm mulheres, sejam como se
as não tivessem; os que choram, como se não chorassem; os que se alegram, como
se não se alegrassem; os que compram, como se não possuíssem; os que usam deste
mundo, como se dele não usassem, porque a figura deste mundo passa” (1 Cor 7,
29-31).
Diz o célebre livro A Imitação de
Cristo que bem depressa se esquecem dos falecidos: “Que prudente e ditoso é
aquele que se esforça por ser tal na vida qual deseja que a morte o
encontre!... Não confies em amigos e parentes, nem deixes para mais tarde o
negócio de tua salvação; porque, mais depressa do que pensas se esquecerão de
ti os homens. Melhor é fazeres oportunamente provisão de boas obras e enviá-las
adiante de ti, do que esperar pelo socorro dos outros” (Imit. I, XXIII). O dia
de Finados foi estabelecido pela Igreja para não deixarmos nossos falecidos no
esquecimento.
Três coisas pedimos com a Igreja para
os nossos falecidos: o descanso, a luz e a paz. Descanso é o prêmio para quem
trabalhou. O reino da luz é o Céu, oposto ao reino das trevas que é o inferno.
E a paz é a recompensa para quem lutou. Que todos os que nos precederam
descansem em paz e a luz perpétua brilhe para eles. Amém
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