Sex, 22 de Fevereiro de 2013 08:55 por: cnbb
Dom Walmor Oliveira
de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte
Arcebispo de Belo Horizonte
Os cenários socioculturais, religiosos
e políticos indicam permanentemente que é preciso reconhecer as urgências
educativas como prioridades, para fazer diferença nas dinâmicas, funcionamentos
e nas respostas de demandas inadiáveis. Estas respostas estratégicas e urgentes
para o alcance de um novo cenário na infraestrutura e, particularmente, nas
relações sociais e políticas, dependem de uma cultura com força de inspiração.
Princípios estratégicos e a
inteligência da gestão não são suficientes para configurar o quadro novo que a
sociedade brasileira, em se considerando o contexto socioeconômico propício,
precisa - e sem mais adiamentos. Quando se analisa, por exemplo, a falta de mão
de obra qualificada, torna-se mais visível o grande desafio que exige
investimentos, formação técnica e articulações para inserir a população no
contexto das dinâmicas e oportunidades de trabalho qualificado.
Mas também não bastam os investimentos
na formação técnica de profissionais. Ao se pensar num horizonte de intocável
respeito à cidadania de todos, é preciso avançar na infraestrutura global, que
abrange moradia, transporte, saúde, entre outros setores. A sociedade não vai
avançar, na velocidade esperada e exigida, no ritmo das mudanças e das demandas
que surgem neste terceiro milênio, se não for reconhecido o permanente
desafio de empreender uma grande obra educativa e cultural.
Nesse caminho, é preciso ir além das
dinâmicas político-partidárias que, sozinhas, não garantem o avanço da
sociedade, sobretudo no que se refere ao exercício da cidadania e necessidades
da população. Com muita frequência, a exaltação partidária é uma atividade
improdutiva e ultrapassada, particularmente quando se restringe a uma
“ladainha”, com exaltação de feitos e de figuras. No mundo contemporâneo, não
cabe mais esse tipo de prática. Basta pensar, por exemplo, o nível de
socialização, participação e abordagem que o mundo digital proporciona, gerando
uma cultura diferente, que dilui concepções piramidais de funcionamento nas
relações políticas e sociais. E quando há um coro dos que insistem em
permanecer nos velhos funcionamentos, as entidades e instâncias que abrigam
esses atores caem no descrédito.
É importante consultar os índices de
credibilidade de instituições, pois são indicadores para a reflexão sobre o
conjunto de procedimentos que incluem a consideração da fidelidade aos
princípios éticos, dinâmicas de funcionamento, atendimento com serviço
qualificado e proximidade com o povo a partir de um diálogo corajoso. Discursos
em eventos e efeitos produzidos apenas pela força da mídia não são suficientes
para se colaborar na construção de um processo educativo e cultural necessário.
Se o teor desta análise parece complexo, a referência é diretamente vinculada
aos funcionamentos de uma sociedade que está exigindo da classe política maior
coerência e competência, para ações mais rápidas e qualificadas.
Exigência que expõe, particularmente, o
desafio de se alcançar mecanismos inteligentes de burocracias governamentais,
também responsáveis pelos atrasos no desenvolvimento da sociedade. Um aspecto a
se analisar, por exemplo, é o absurdo das demoras nos investimentos nas
estradas. A morosidade alimenta o processo vergonhoso que produz um número de
mortes equivalente ao de guerras.
A grande obra educativa e cultural,
indispensável para avançarmos, supõe a participação de todos, investimentos
acertados, empenho responsável de cada um. Sua influência determinante a faz
ser, sempre, o ponto de partida, em tudo e para tudo, na compreensão de que é
necessário deixar-nos guiar por uma imagem integral da pessoa, respeitando
todas as dimensões do seu ser e subordinando as necessidades materiais àquelas
espirituais e interiores. Uma obra educativa e cultural só é inesgotável quando
assentada sobre valores morais e espirituais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário