Qua, 20 de Fevereiro de 2013 09:26 por: cnbb
Dom Paulo Mendes
Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
Arcebispo de Uberaba (MG)
Não é fácil ser diferente, mesmo
sabendo da diversidade e das qualidades que cada pessoa naturalmente tem. A
novidade sempre nos assusta, ou nos encanta, provocando reações que podem ser
interpretadas de diversas formas. Mas é oportunidade também de reflexão e de
descoberta do bem que isto pode ocasionar aos demais.
A bíblia fala da transfiguração,
acontecida com Jesus Cristo, no Monte Tabor. É uma cena que pode ser entendida
como situação ou realidade nova, transformada, por fazer um caminho de
conquista de libertação e de busca do novo. Assim deve acontecer na história de
vida das pessoas e da sociedade no trajeto de sua construção.
A verdadeira transfiguração passa por uma
via de justiça, sobre a qual deve pairar a virtude da esperança. É um caminho
de compromissos assumidos com responsabilidade, sem fanatismo e nem
superficialidade. Em vista disto, as pessoas realizam as coisas de “pés no
chão”, comprometidas com aquilo que proporciona vida nova.
As novidades podem não ser bem vistas,
principalmente quando ferem tradições firmadas numa longa história. Podemos até
entender que certas leis dificultam atos de criatividade e iniciativas novas.
Elas podem impedir um caminho de libertação, fundamental para a pessoa se
transfigurar, ser outra e conquistar a felicidade.
Ser diferente é transformar práticas de
escravidão em condições de liberdade. Assim aconteceu com o povo hebreu em sua
sofrida saída do Egito, fugindo da opressão imposta pelas autoridades daquele
Estado. Faz parte da essência de cada pessoa a busca de liberdade, mas isto
supõe uma trajetória de luta e de sofrimento.
Ser transfigurado é uma realidade que
vem por consequência de ter passado pelos enfrentamentos das situações de cruz,
às vezes de muito sacrifício, chegando à ressurreição, à vida em Deus. Parece
estranho esta realidade, mas a chegada final dá razão à cruz. Do contrário,
ficamos “brigando” por poder, por glória e satisfações políticas
inconsistentes. Na transfiguração de Cristo houve o encontro do antigo com o
novo, revelando a passagem bíblica do Antigo Testamento para a chegada do Novo
Testamento.
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