Sex, 15 de Fevereiro de 2013 13:14 por: cnbb
Dom José Alberto
Moura
Arcebispo de Montes Claros
Arcebispo de Montes Claros
Jesus nos ensina a rezar: “Não nos
deixeis cair em tentação”. Ele mesmo quis experimentar os limites humanos,
inclusive sofrendo tentações, conforme narra o Evangelho:
“Foi tentado pelo
diabo durante quarenta dias” (Lucas 4,2). Mas nos mostrou como vencer as
sugestões malvadas. Indicou-nos a fortificação da vontade, com a fé
esclarecida, a prática da oração, da penitência, do jejum, da caridade e da
solidariedade.
Está na cultura hodierna a
caracterização da vontade da pessoa comandada pelos instintos e pela busca de
bem estar sem olhar primordialmente para verdades e valores objetivos.
Estes apresentam um ideal mais amplo e de verdadeira ajuda para a realização
humana.
Cai-se, então, com facilidade, em inúmeras tentações: a do orgulho e da
ambição, a busca do ter acima do valor do ser, o acúmulo de bens materiais como
objetivo de vida, o poder usado para se terem vantagens a qualquer preço, a
politicagem traidora do bem comum, o desvio de conduta, roubando-se
oportunidades de promoção do semelhante, a falta de solidariedade para com os
empobrecidos e discriminados, o uso da religiosidade sem compromisso com o bem
do próximo e com fixação da fé alienante, a procura de
prazeres de forma animalesca e sem parâmetro ético e moral, o autoritarismo, o uso
da mídia para impor idéias e ideais materialistas, o consumismo exagerado sem
compromisso com os mais carentes, a desvalorização da família como instituição
fundamental para a formação e o desenvolvimento da vida mais humana e saudável
ética, psíquica e moralmente, a falta de políticas públicas de formação global
da pessoa humana...
Vencer as tentações exige mudança de
visão para uma vida de sentido elevado, como o próprio Cristo faz e propõe. A
exercitação da vontade para se conquistar o bem maior da vida se dá com a
tenacidade de esforço para a prática do altruísmo, com o ingrediente do amor a
Deus e ao semelhante. Este tempo de quarenta dias de maior penitência e oração
em preparação à celebração da Páscoa nos estimula a assumirmos nossa vida com a
missão proposta por Deus. Somos corpo, mas também espírito. É preciso conjugar
os dois para o predomínio da missão de fazer com que sua unidade aconteça de
modo produtivo. Olhar para o objetivo da vida nos faz sermos uma unidade de
corpo espiritualizado, a ponto de buscarmos o tesouro maior da existência, o
próprio Deus. Ele deseja nossa união, entre nós e com Ele, para vivermos na
terra como irmãos e irmãs. A solidariedade para com o próximo nos faz ser
pessoas que só pensam em realizar o bem por causa e em obediência a Deus. Daí o
andarmos pelo caminho mais estreito da renúncia a tudo o que nos tira do
sentido da vida, conforme a proposta do Filho de Deus. Assim, com Ele, fazemos
a verdadeira Páscoa de transformação de nossa vida, para que ela seja produtora
de vida de sentido para todos.
Um meio de treinarmos nossa
sensibilidade para a prática do amor é sermos mais solidários com a juventude e
a ajudarmos a ser protagonista do novo caminho com Cristo, de acordo com o tema
da Campanha da Fraternidade deste ano. A juventude precisa tomar o
caminho que a leve a promover a vida plena de Cristo para a sociedade,
superando a tentação do egoísmo e dos desacertos na vida.
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