Dom, 24 de Fevereiro de 2013
08:23 / Atualizado - Dom, 24 de
Fevereiro de 2013 11:37 por:
cnbb
Milhares de pessoas
tomaram a Praça de São Pedro, no Vaticano, ao meio-dia desse domingo, para ver
Bento XVI aparecer na janela do Palácio Apostólico e rezar o Angelus pela última vez antes de renunciar ao
pontificado no dia 28 de fevereiro.
Como no período em
que foram realizados os funerais de João Paulo II, em 2005, um forte esquema de
segurança isolou a região do Vaticano para favorecer o acesso da multidão. O
Papa apareceu, como sempre, entrou rapidamente e foi servido pelo
recém-ordenado arcebispo Georg Gänswein e já passou à meditação, tratando
nesse domingo sobre o episódio da Transfiguração (Lc 9,28-36). O Papa lembrou
que essa passagem do evangelho lembra aos cristãos a necessidade da oração,
especialmente nesse tempo da Quaresma.
Bento XVI considerou
que a passagem se dirige a ele próprio. Deus o pede para se recolher à oração,
mas isso “não significa abandonar à Igreja”. Significa, disse o Papa, que
continuará a rezar e se dedicar à atividade que estará mais de acordo com sua
idade e condições físicas. Depois dessa meditação, procedeu à oração do
Angelus.
“Obrigado.
Agradecemos a Deus pelo dia de sol!”, disse o Papa antes de iniciar as
mensagens em várias línguas. Primeiro, francês e em seguida apresentou uma
brevíssima mensagem em outros idiomas e terminou em italiano. Quando falou em
português, o Papa agradeceu, particularmente, pela solidariedade com que as
pessoas estão acompanhando esse momento da vida dele.
O Papa rezou o
Angelus cerca de 380 vezes durante os últimos 8 anos. Neste domingo, bandeiras
de várias países do mundo e cartazes com dizeres de apoio foram levados pelos
peregrinos. Na última mensagem, uma promessa: “Em oração estamos sempre juntos,
sempre próximos”.
O Papa volta a
aparecer em público, pela última vez, na quarta-feira, 27 de fevereiro, na
Praça de São Pedro, na Audiência Geral.
Leia a íntegra do
Angelus com traduçao da Agência Zenit:
Queridos
irmãos e irmãs!
No segundo domingo da Quaresma, a liturgia sempre nos
apresenta o Evangelho da Transfiguração do Senhor. O evangelista Lucas coloca
especial atenção no fato de que Jesus foi transfigurado enquanto orava: a sua é
uma profunda experiência de relacionamento com o Pai durante uma espécie de
retiro espiritual que Jesus vive em um alto monte na companhia de Pedro, Tiago
e João , os três discípulos sempre presentes nos momentos da manifestação
divina do Mestre (Lc 5,10; 8,51; 9,28). O Senhor, que pouco antes havia predito
a sua morte e ressurreição (9,22), oferece a seus discípulos uma antecipação da
sua glória. E também na Transfiguração, como no batismo, ouvimos a voz do Pai
Celestial: "Este é o meu filho, o eleito; ouvi-o" (9, 35). A presença
de Moisés e Elias, representando a Lei e os Profetas da Antiga Aliança, é muito
significativa: toda a história da Aliança está focada Nele, o Cristo, que faz
um novo "êxodo" (9,31) , não para a terra prometida, como no tempo de
Moisés, mas para o céu. A intervenção de Pedro: "Mestre, é bom para nós
estarmos aqui" (9,33) representa a tentativa impossível de parar esta
experiência mística. Santo Agostinho diz: "[Pedro] ... no monte... tinha
Cristo como alimento da alma. Por que deveria descer para voltar aos trabalhos
e dores, enquanto lá encima estava cheio de sentimentos de santo amor por Deus
e que inspiravam-lhe uma santa conduta? "(Sermão 78,3).
Meditando
sobre esta passagem do Evangelho, podemos tirar um ensinamento muito
importante. Primeiro, o primado da oração, sem a qual todo o trabalho do
apostolado e da caridade é reduzido ao ativismo. Na Quaresma aprendemos a dar o
justo tempo à oração, pessoal e comunitária, que dá fôlego à nossa vida
espiritual. Além disso, a oração não é um isolar-se do mundo e das suas
contradições, como Pedro quis fazer no Tabor, mas a oração traz de volta para o
caminho, para a ação. "A existência cristã - escrevi na Mensagem para esta
Quaresma – consiste num contínuo subir o monte do encontro com Deus, para
depois descer trazendo o amor e a força que provém dele, a fim de servir os
nossos irmãos e irmãs com o mesmo amor de Deus "(n. 3).
Queridos irmãos e irmãs, sinto essa Palavra de Deus
especialmente dirigida a mim, neste momento da minha vida. O Senhor me chama
para “subir o monte”, para me dedicar ainda mais à oração e à meditação. Mas
isto não significa abandonar a Igreja, pelo contrário, se Deus me pede isso é
para que eu a possa continuar servindo com a mesma dedicação e o mesmo amor com
o qual fiz até hoje, mas de um modo mais adequado à minha idade e às minhas
forças. Invoquemos a intercessão da Virgem Maria: que ela sempre nos ajude a
seguir o Senhor Jesus, na oração e nas obras de caridade.
[Depois da oração do Angelus o Santo Padre dirigiu
estas palavras aos peregrinos de língua portuguesa:]
Queridos peregrinos de língua portuguesa que viestes
rezar comigo o Angelus: obrigado pela vossa presença e todas as manifestações
de afeto e solidariedade, em particular pelas orações com que me estais
acompanhando nestes dias. Que o bom Deus vos cumule de todas as bênçãos.
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