Dom, 17 de Fevereiro de 2013 15:08 por: CNBB/RADIO
VATICANO
Manhã de inverno, fria e enevoada, em Roma, neste primeiro domingo de
Quaresma, com um tépido sol que pouco a pouco se foi manifestando. A 10 dias da
cessação do ministério petrino de Bento XVI, por sua livre decisão de renúncia,
anunciada segunda-feira passada, milhares e milhares de fiéis, sobretudo
romanos, se concentraram na Praça de São Pedro, para este penúltimo encontro
dominical do Angelus do pontificado do Papa Ratzinger. Presente também o
presidente da Câmara da cidade, com vereadores e os estandartes municipais.
Depois da recitação das Ave-Marias, a concluir as saudações em diversas línguas, Bento XVI agradeceu aos numerosos presentes na Praça de São Pedro, mais este “sinal de afeto e de presença espiritual”, “manifestado nestes dias”. “Estou-vos profundamente grato”.
Um especial “muito obrigado” reservou-o o Papa às autoridades municipais de Roma e a “todos os habitantes desta amada Cidade”.
A concluir, para além de desejar a todos bom domingo e boa caminhada quaresmal, Bento XVI recordou os Exercícios Espirituais que iniciará ao fim do dia, juntamente com os responsáveis dos principais organismos da Cúria Romana. "Permaneçamos unidos na fé" - foi o pedido dirigido a toda a multidão, que o aplaudiu longamente.
“A Quaresma é um tempo favorável para redescobrirmos a fé em Deus como base da nossa vida e da vida da Igreja.” – esta a versão portuguesa do tweet enviado hoje por Bento XVI aos seus “seguidores”.
Uma mensagem concisa que bem resume a breve catequese proposta pelo Papa antes da reza do Angelus, comentando como habitualmente o Evangelho do dia, neste caso, as tentações de Jesus, na versão do Evangelho de São Lucas.
No momento de iniciar o seu ministério público – explicou o Papa –
“Jesus teve que desmascarar e rejeitar as falsas imagens do Messias que o
tentador lhe propunha”. Aliás – observou – “estas tentações são também falsas
imagens do homem, que em todos os tempos insidiam as consciências,
disfarçando-se de propostas convenientes e eficazes, e porventura até mesmo
boas. Três as tentações propostas pelos evangelistas Mateus e Lucas: “O núcleo
central (destas tentações de Jesus) consiste sempre em instrumentalizar Deus
para os próprios fins, dando mais importância ao sucesso ou aos bens
materiais”.
O tentador é insidioso: não impele diretamente ao mal, mas a um falso
bem, fazendo crer que as verdadeiras realidades são o poder e aquilo que
satisfaz as necessidades primárias.
“Deus torna-se secundário, fica reduzido a um meio, em última análise torna-se irreal, deixa de contar, dissipa-se. Em última análise, nas tentações está em jogo a fé, porque está em jogo Deus. Nos momentos decisivos da vida – mas, bem vistas as coisas, em cada momento – estamos perante uma encruzilhada: queremos seguir o nosso eu ou Deus – o interesse individual ou o verdadeiro Bem, aquilo que realmente é bem?”
Quase a concluir a sua catequese, antes
do Angelus deste domingo, Bento XVI recordou ainda que, para os Padres da
Igreja, as tentações fazem parte da “descida” de Jesus na nossa condição
humana, no abismo do pecado e das suas consequências. Uma “descida” que Jesus
percorre até ao fim, até à morte de cruz e até aos “infernos” do extremo
afastamento de Deus. É precisamente assim que Ele é a mão que Deus estende ao
homem, à ovelha extraviada, para a trazer a salvo. Não tenhamos medo de
enfrentarmos também nós a combate contra o espírito do mal: o importante é que
o façamos com Ele, com Cristo, o Vencedor.
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