Qua, 30 de Janeiro de 2013 13:47 por: cnbb
Dom Esmeraldo Farias
Arcebispo de Porto Velho (RO)
Arcebispo de Porto Velho (RO)
De 28 de dezembro a 21 de janeiro,
aconteceu na Área Missionária Alto Rio Madeira, a primeira experiência
missionária com seminaristas na Arquidiocese de Porto Velho.
O Setor II que tem
a sede em União Bandeirante e é formado por 22 comunidades nos acolheu com
muita alegria e abertura de coração. Agradecemos muito a Deus pela oportunidade
que nos concedeu, pois temos consciência de que experiência missionária com
seminaristas é parte integrante do processo formativo e sabemos de sua
importância e significado para a formação de missionários presbíteros.
A Arquidiocese de Porto Velho (RO),
como todo o Estado de Rondônia, tem uma característica especial pela presença
de migrantes que, a partir dos anos setenta, fizeram crescer o número de
habitantes no Estado e formam a maioria da população; sendo também o Estado com
maior percentual de evangélicos no Brasil.
No território da Arquidiocese, com a
extensão de 86.000 km²., está a Área Missionária, situada ao longo da BR que
liga Porto Velho a Rio Branco (AC), fazendo divisa com o Estado do Acre, com a
Bolívia e com o Estado do Amazonas no qual dá assistência a dois setores com 15
comunidades, dos cinco que formam a área missionária . De uma ponta a outra da
Área missionária, são mais de 250 kms. Essa Área inclui também a Paróquia S.
João Bosco em Porto Velho, comm três comunidades e é atendida pelos Padres
enviados pela Arquidiocese de Niterói (João Batista, Miguel e Genecy). Também
fazem parte da equipe quatro religiosas Ursulinas. Nos últimos anos, a Arquidiocese
de Niterói tem enviado também seminaristas que, tendo concluído a etapa da
Filosofia, vivenciam o Ano Pastoral na referida área missionária. Para 2013, já
chegaram quatro seminaristas.
A partir de 03 de dezembro de 1999,
famílias provenientes do centro sul do Estado de Rondônia foram ocupando a área
que logo foi chamada União Bandeirantes e que tem como Padroeira Nossa Senhora
dos Migrantes. São pessoas, famílias e comunidades que se caracterizam por uma
forte resistência, fundada na fé, em favor da preservação do meio ambiente e da
distribuição da terra. A grande maioria de católicos veio da Diocese de
Ji-Paraná com experiência de trabalho na vida da comunidade eclesial. Isto foi
e continua sendo muito importante para o trabalho de evangelização. A sede tem
atualmente 1.800 famílias e as demais comunidades mais de mil.
Participaram da Experiência missionária
50 seminaristas, 10 Padres, 04 religiosas e uma leiga, provenientes de vários
Estados. De Porto Velho, participaram doze seminaristas, 02 religiosas, 04
padres. Os primeiros quatro dias foram dedicados à escuta das motivações e
expectativas dos missionários; à apresentação da realidade sócio-eclesial por
parte de animadores do setor União Bandeirantes; ao estudo bíblico-teológico da
missão, com destaque para o significado da visita no processo de escuta e
contemplação da ação do Espírito de Deus na vida das pessoas, famílias e
comunidades; bem como ao aprofundamento da experiência missionária, como
experiência espiritual pessoal e comunitária e ao treinamento do processo de
visitação.
Na manhã de espiritualidade ao início e
ao final, guiados pela carta aos Efésios que enfatiza a centralidade de Jesus
Cristo na missão e o apostolado como dom de Deus para proclamar o Mistério
revelado, isto é, a misericórdia de Deus para com os que se encontram longe a
fim de que também participem do Corpo de Cristo, a Igreja, aprofundamos o
sentido da Missão como fonte e não com desgaste. Vimos como a Missão marca e
determina nossa vida: nosso ser, sentir e servir.
No exercício do ministério apostólico,
o Paulo encontra luzes para a Missão, descobrindo pessoas que, abraçando o
caminho do seguimento a Jesus Cristo, assumem a missão formando e dinamizando
comunidades. O Missionário Paulo está mais convencido do que nunca de que a
graça de Deus é oferecida aos pagãos e se dedica a esse povo para que seja Povo
de Deus!
A manhã do dia 1º de janeiro foi
dedicada a uma pequena visita para que, de casa em casa, cada equipe de
missionários pudesse desejar um Feliz Ano Novo! Que alegria para os
missionários e para as famílias que abriam suas portas acolhendo o abraço e a
bênção no primeiro dia de 2013!
Pela tarde, sabendo que a partir do dia
seguinte já iríamos iniciar o processo de visitação na área urbana de União
Bandeirantes e nas “linhas” (comunidades do interior), propusemos aos
missionários a elaboração de pontos fundamentais que deveriam orientar a
vivência comunitária e pessoal. Assumindo pessoal e coletivamente, estavam
dando um importante passo para que o espírito missionário aqui vivenciado e
aprofundado, seja cultivado, estenda suas raízes durante o ano e produza os
frutos de Deus onde forem designados para servir. Os pontos mais destacados
foram:
a) No encontro com as
pessoas, famílias, grupos e comunidades com sua história, suas dificuldades e
alegrias, o missionário é chamado a descobrir a presença de Jesus Cristo que
lhe fala, questiona e o ilumina;
b) A vivência das dimensões da formação na experiência missionária, de modo inter-relacionado, coloca o missionário diante de sinais de Deus e também de dificuldades e obstáculos que precisam ser superados, com a graça de Deus;
c) A missão é dom de Deus e também mandato que o missionário precisa acolher de todo coração como uma bênção para a sua vida e para a vida da Igreja. Por isso, ele aprende a se preparar para que o ministério que lhe será conferido esteja a serviço da missão e não o contrário;
d) A missão traz questionamentos e luzes para a vida do missionário e indica o caminho de conversão a fim de que seja servo a serviço do Reino de Deus;
e) A experiência missionária é também um modo de verificar a corresponsabilidade do missionário, sua maturidade dentro do processo formativo, contribui para o discernimento da vocação, bem como para alargar e firmar a compreensão do ministério do presbítero diocesano.
f) A experiência missionária é e precisa ser assumida como parte integrante do processo formativo;
g) A experiência missionária é uma experiência espiritual realizada pessoal e comunitariamente que abre o coração do missionário para a missão que vai além do que acontece em sua diocese.
b) A vivência das dimensões da formação na experiência missionária, de modo inter-relacionado, coloca o missionário diante de sinais de Deus e também de dificuldades e obstáculos que precisam ser superados, com a graça de Deus;
c) A missão é dom de Deus e também mandato que o missionário precisa acolher de todo coração como uma bênção para a sua vida e para a vida da Igreja. Por isso, ele aprende a se preparar para que o ministério que lhe será conferido esteja a serviço da missão e não o contrário;
d) A missão traz questionamentos e luzes para a vida do missionário e indica o caminho de conversão a fim de que seja servo a serviço do Reino de Deus;
e) A experiência missionária é também um modo de verificar a corresponsabilidade do missionário, sua maturidade dentro do processo formativo, contribui para o discernimento da vocação, bem como para alargar e firmar a compreensão do ministério do presbítero diocesano.
f) A experiência missionária é e precisa ser assumida como parte integrante do processo formativo;
g) A experiência missionária é uma experiência espiritual realizada pessoal e comunitariamente que abre o coração do missionário para a missão que vai além do que acontece em sua diocese.
Desse modo, do dia 02 a 15 de janeiro,
estivemos mergulhados no processo de visitação no núcleo urbano União
Bandeirantes e nas “linhas”, com a tarefa de não deixar de fora nenhuma
casa das 22 comunidades, mesmo aquela mais distante. Cada equipe formada por
quatro missionários e tendo o acompanhamento de um Padre se incumbiu de visitar
as famílias de três comunidades. Na sede do setor, ficaram quatro equipes, em
razão de ali habitarem 1.800 famílias. Eu tive a felicidade de estar em todas
as comunidades e particiar de todo o processo.
O que eu pude ver, escutar e sentir?
a) Famílias migrantes
lutando muito para a sua sobrevivência, desde 3 de dezembro de 1999, quando as
primeiras chegaram nesse setor, na esperança de que a terra onde já vivem
trabalham seja regularizada em benefício delas. Na Área missionária, bem como
em Rondônia, se encontram pessoas de quase todos os Estados do Brasil.
b) Povo que sofre quando necessita de tratamento para a saúde, pois o núcleo urbano União Bandeirantes tem a presença do médico somente durante 3 finais de semana ao mês. Fora desses dias, e para serviços especializados há necessidade de se deslocar para Porto Velho percorrendo 170 kms, dos quais 60 são em estrada de chão com muita lama no tempo da chuva (janeiro a maio).
c) Uma maioria evangélica no núcleo urbano central e nas comunidades das “linhas”;
d) Missionários disponíveis para ir ao encontro das pessoas, famílias e comunidades sem colocarem imposições e sem oferecerem resistência;
e) Missionários despojados e abertos para andarem em ruas, estradas e caminhos em meio à chuva, à lama ou ao sol;
f) Missionários alegres e entusiasmados testemunhando o chamado para o seguimento a Jesus Cristo missionário;
g) Missionários que acolhem a história de vida das pessoas e se perguntam o que Deus lhes quer dizer;
h) Missionários participando de modo ativo, consciente e criativo dos momentos celebrativos: eucaristia, liturgia das horas, momentos penitenciais, recitação do terço...
i) Missionários que vislumbram viver o ministério presbiteral a partir da missão e em vista da missão que Deus lhe concederá através do seu bispo Diocesano;
j) Missionários respeitosos do processo da experiência missionária também quando apresentaram propostas e escutaram as ponderações da equipe de coordenação geral;
k) Famílias com o coração muito agradecido a Deus pela oportunidade de terem acolhido, durante vários dias, um ou mais missionários em sua casa tanto no interior quanto no núcleo urbano;
l) Pessoas e famílias que se prontificaram a acompanhar os missionários nas visitas de casa em casa e na ida à comunidade vizinha, oferecendo o seu tempo, o seu transporte, a moto, e, quando havia, o carro;
m) Animadores (as) de comunidades proclamarem: “A experiência missionária foi para nós uma porta que se abriu, pois estávamos meio desanimados. Alguns de nós nem estávamos participando da vida da comunidade. Pedimos a Deus a força para que essa porta não se feche”. “A experiência missionária está sendo para nós uma luz que nos faz ver que não podemos ficar pensando somente em nós mesmos, em nossa comunidade; mas precisamos estar abertos para ir ao encontro das famílias e de outras comunidades”. “A presença dos missionários em nossa comunidade e em nossa casa devolveu para nós a alegria de viver, de poder sorrir e de sentir que Deus nos acompanha sempre, também em meio aos sofrimentos”. “A visita missionária foi uma escola para reforçar o nosso caminho a cada dia, saber respeitar mais a comunidade e viver em harmonia na família. Foi um presente de Deus”. “A visita missionária foi uma sementinha que os missionários semearam e nós não podemos deixar morrer; precisamos cuidar dela para germinar, crescer e multiplicar”;
n) Famílias que tomaram a decisão de iniciar a comunidade, como por exemplo na linha Abacaxi e na linha 6.
o) Grande sede de Deus, pois, em meio à luta pela permanência na terra e pela sobrevivência, sempre sentiram a necessidade da luz de Deus em sua vida, e continuam dando muita importância à Palavra de Deus.
p) Dificuldade para encontrar e reunir uma maior número de jovens; talvez por ser período de férias e estarem visitando familiares em outros municípios de Rondônia, de onde são provenientes.
b) Povo que sofre quando necessita de tratamento para a saúde, pois o núcleo urbano União Bandeirantes tem a presença do médico somente durante 3 finais de semana ao mês. Fora desses dias, e para serviços especializados há necessidade de se deslocar para Porto Velho percorrendo 170 kms, dos quais 60 são em estrada de chão com muita lama no tempo da chuva (janeiro a maio).
c) Uma maioria evangélica no núcleo urbano central e nas comunidades das “linhas”;
d) Missionários disponíveis para ir ao encontro das pessoas, famílias e comunidades sem colocarem imposições e sem oferecerem resistência;
e) Missionários despojados e abertos para andarem em ruas, estradas e caminhos em meio à chuva, à lama ou ao sol;
f) Missionários alegres e entusiasmados testemunhando o chamado para o seguimento a Jesus Cristo missionário;
g) Missionários que acolhem a história de vida das pessoas e se perguntam o que Deus lhes quer dizer;
h) Missionários participando de modo ativo, consciente e criativo dos momentos celebrativos: eucaristia, liturgia das horas, momentos penitenciais, recitação do terço...
i) Missionários que vislumbram viver o ministério presbiteral a partir da missão e em vista da missão que Deus lhe concederá através do seu bispo Diocesano;
j) Missionários respeitosos do processo da experiência missionária também quando apresentaram propostas e escutaram as ponderações da equipe de coordenação geral;
k) Famílias com o coração muito agradecido a Deus pela oportunidade de terem acolhido, durante vários dias, um ou mais missionários em sua casa tanto no interior quanto no núcleo urbano;
l) Pessoas e famílias que se prontificaram a acompanhar os missionários nas visitas de casa em casa e na ida à comunidade vizinha, oferecendo o seu tempo, o seu transporte, a moto, e, quando havia, o carro;
m) Animadores (as) de comunidades proclamarem: “A experiência missionária foi para nós uma porta que se abriu, pois estávamos meio desanimados. Alguns de nós nem estávamos participando da vida da comunidade. Pedimos a Deus a força para que essa porta não se feche”. “A experiência missionária está sendo para nós uma luz que nos faz ver que não podemos ficar pensando somente em nós mesmos, em nossa comunidade; mas precisamos estar abertos para ir ao encontro das famílias e de outras comunidades”. “A presença dos missionários em nossa comunidade e em nossa casa devolveu para nós a alegria de viver, de poder sorrir e de sentir que Deus nos acompanha sempre, também em meio aos sofrimentos”. “A visita missionária foi uma escola para reforçar o nosso caminho a cada dia, saber respeitar mais a comunidade e viver em harmonia na família. Foi um presente de Deus”. “A visita missionária foi uma sementinha que os missionários semearam e nós não podemos deixar morrer; precisamos cuidar dela para germinar, crescer e multiplicar”;
n) Famílias que tomaram a decisão de iniciar a comunidade, como por exemplo na linha Abacaxi e na linha 6.
o) Grande sede de Deus, pois, em meio à luta pela permanência na terra e pela sobrevivência, sempre sentiram a necessidade da luz de Deus em sua vida, e continuam dando muita importância à Palavra de Deus.
p) Dificuldade para encontrar e reunir uma maior número de jovens; talvez por ser período de férias e estarem visitando familiares em outros municípios de Rondônia, de onde são provenientes.
A experiência missionária em Porto
Velho quer ser uma porta aberta no fortalecimento do espírito missionário,
convencidos da necessidade de assumirmos “uma pastoral decididamente
missionária” (DAp 370) que possa penetrar no processo formativo inicial e
permanente dos presbíteros e ser assumido como urgência e prioridade no
processo de evangelização.
Certamente, a experiência missionária
carece de muito aperfeiçoamento. Acolhemos as sugestões apontadas pelos
missionários, estamos abertos para as ponderações que vierem de outros irmãos e
irmãs e esperamos deixar que a missão possa determinar nosso saber, nosso modo
de ser e de servir.
A Igreja Particular de Porto Velho
agradece às Dioceses de Bacabal, Mossoró, São Mateus, Goiás, Nova Iguaçu,
Taubaté, Santo André, Guarulhos, Ponta Grossa, Foz do Iguaçu e às Arquidioceses
de Natal, Feira de Santana, Palmas, Niterói e Porto Alegre o envio dos
missionários que muito nos ajudaram. A semente da missão vai se espalhando por
todo o nosso país, assim como vai se firmando o compromisso de contribuir com o
trabalho de evangelização na Amazônia. Podemos dizer que se abre a porta de
muitos corações para a Amazônia e a porta da Amazônia se abre para o Brasil.
Porto Velho se sentirá muito honrada se contribuir para que, a partir dessa
pequena experiência, o dinamismo missionário se fortaleça na vida dos futuros
presbíteros e vários missionários possam ser enviados também para outras
Igrejas Particulares da Amazônia.
Neste sentido, algumas dioceses já
estão organizando o envio de seminaristas para cursarem um ou dois anos da
etapa da teologia junto com os seminaristas de Porto Velho, dando oportunidade
para uma melhor inserção na realidade da Amazônia. A Arquidiocese de Natal é
pioneira neste sentido. O seminarista enviado continuará pertencendo à sua
diocese de origem. Depois de ordenado presbítero, se a diocese deseja enviá-lo
como missionário para alguma região da Amazônia, é o gesto de uma Igreja
solidária para com uma outra Igreja! Vejo isto como um sinal de Deus!
A graça e a paz de Jesus Missionário
sempre nos acompanhe. Meu grande abraço. D. Esmeraldo Farias.
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