Qua, 05 de Dezembro de 2012 10:24 por: cnbb
Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
Arcebispo de Montes Claros (MG)
O profeta Baruc conclama o povo para a
mudança de roupagem, mas esta que denota o caráter de quem vive na base de
valores fundamentais da existência, estruturados na justiça divina: “Despe, ó
Jerusalém, a veste de luto e de aflição e reveste, para sempre, os adornos da
glória vinda de Deus. Cobre-te com o manto da justiça que vem de Deus” (Baruc
5,1-2). O ser humano não se realiza somente com a aparência de bondade ou
roupagem religiosa superficial. Precisa caminhar no piso sólido dos valores
inerentes à sua dignidade de filiação divina.
Jesus veio apresentar-nos a nova
modalidade de vida realizadora. Sua recriminação ao fato dos “sepulcros
caiados” dos fariseus nos faz pensar sobre a verdade, a bondade, a justiça e a
ternura. A primeira é fundamental para enfrentarmos a realidade de nossos
valores e limites, bem como os do semelhante. Leva-nos a não querermos pensar
que somos superiores aos demais.
Jesus colocou o avental e lavou os pés
dos Apóstolos, dando o exemplo de humildade e de serviço. A bondade é virtude
de quem sabe seguir o exemplo do Mestre para perdoar, dar oportunidade,
compreender o outro, ser fraterno e solidário. A justiça faz-nos convencer a
tratar o semelhante como Deus nos trata. Ele não se vinga, não guarda rancor,
dá-nos acima do que merecemos.
Não só dá migalhas. Dá-nos
possibilidade de retomarmos o caminho. Cura nossos males. Insiste na nossa
conversão para nosso bem. Espera, qual pai do filho pródigo, nossa volta à vida
de sentido. A ternura nos faz ser humanos, cuidando do bem do outro, percebendo
suas necessidades, dando a mão amiga, respeitando os limites do próximo e
valorizando suas virtudes, bem como respeitando a natureza, qual imagem de
Deus, que cuida de tudo com amor e dedicação.
Este tempo de preparação para o Natal
nos convida a também revermos nossa religiosidade. A sinceridade da fé nos faz
ter relação com Deus de modo responsável, confiante e comprometida com a
execução do que Ele nos propõe. Embora devamos sempre suplicar a ajuda
divina, precisamos também manifestar-lhe que queremos viver uma fé não só de
alguns ritos e orações.
A fé esclarecida e verdadeira nos
compromete com o bem da comunidade religiosa e social. Faz-nos ser pessoas
éticas, cooperadoras com a promoção do próximo, a partir dos mais fragilizados
social e religiosamente. Incita-nos a seguir o Filho de Deus e cooperar com a
ação missionária em todos os ambientes. Deste modo, ajudamos a preparar o
caminho dos outros para também aceitarem a pessoa e os valores do Emanuel, à
semelhança de João Batista: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas
veredas. Todo vale será aterrado, toda montanha e colina serão rebaixadas”
(Lucas 3,5).
Neste tempo do advento fazemos a
Campanha para a Evangelização, com nossa doação monetária generosa no terceiro
domingo. Para isso, podemos até renunciar a compra de coisas menos importantes
e damos nossa generosa oferta para ajudarmos as pessoas que atuam diretamente
na formação cristã, principalmente em lugares mais carentes e também nossas
estruturas de suporte pastoral em nossa Igreja.
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