Qui, 20 de Dezembro de 2012 09:55 / Atualizado -
Qui, 20 de Dezembro de 2012 10:05 por: CNBB
Secretário geral da CNBB enviou, nesta
terça-feira, 18 de dezembro, carta aos bispos esclarecendo a situação do Povo
Xavante e dando notícias do bispo emérito de São Felix do Araguaia. “Dom Pedro
está sereno e acompanhando todo o processo de devolução da terra aos índios”,
diz dom Leonardo Steiner.
O secretário diz ter recebido mensagens
e telefonemas buscando informações sobre os acontecimentos que obrigaram Dom
Pedro a Prelazia e, por isso, resolveu enviar algumas informações que podem
ajudar a compreender o que está acontecendo de modo a favorecer também a união
solidária de todos com o Povo Xavante, com as famílias dos pequenos
agricultores e com Dom Pedro Casaldáliga e Dom Adriano Ciocca Vasino, o bispo
de São Felix.
“Dom Adriano, por telefone,
comunicou-me que a Polícia Federal diante das ameaças de morte havia
aconselhado Dom Pedro a deixar temporariamente São Félix”, explicou dom
Leonardo. “Apesar da idade e do estado de saúde, ele viajou no mesmo dia com
Pe. Paulo, agostiniano, que o assiste diariamente, tendo sido fraternalmente
acolhido por irmãos nossos em outra diocese”, complementou.
Dom Leonardo esclarece as razões da
saída de dom Pedro: “a decisão de Dom Pedro de deixar São Félix foi motivada
pela reação dos ocupantes não índios diante decisão judicial de retirar os não
índios da terra do Povo Xavante localizada nos municípios de São Félix e Alto
Boa Vista. Como a Prelazia sempre defendeu a devolução da terra aos índios, sempre
houve uma certa tensão e ameaça. Com a desintrusão elas aumentaram. A saída de
Dom Pedro mostra mais uma vez que a violência não vem dos índios, como também
não vem dos pequenos agricultores”.
A situação de conflito da terra Xavante
não é de hoje, segundo a exposição do secretário. “É uma longa história de
êxodo e sofrimento de um povo. A terra indígena, após a retirada forçada dos
Xavante nos anos 60, foi sendo dividida em grandes fazendas. Para assegurarem
essas terras invadidas, incentivaram a vinda de famílias que adquiriram lotes
na terra Xavante”, detalha dom Leonardo. Ele ainda lembra que “após anos de
disputa judicial, houve a determinação da desintrusão da terra indígena. A
Prelazia sempre insistiu com os diversos órgãos do executivo e do judiciário
para que houvesse justiça com o Povo Xavante e com as famílias dos pequenos
agricultores”. E informa: “foram envolvidos cinco ministérios na
preparação e execução do plano de retirada dos não índios, para cumprir o que a
justiça havia determinado, seguindo o que reza a Constituição Brasileira. O
plano elaborado pelo Governo atende a insistência da Prelazia”.
O secretário admite que todos sabiam da
tensão e da dor que chegariam, “especialmente às famílias de pequenos
agricultores que venderam a propriedade em outros Estados para adquirir terra
indígena de pessoas que a negociavam ilegalmente”. Na condição de
antecessor de dom Adriano, o bispo auxiliar de Brasília dá testemunho de que “a
Prelazia, na pessoa de seus Bispos e Agentes de pastoral, acompanhou durante
todos esses anos a luta do Povo Xavante em todos os momentos, bem como das
famílias dos pequenos agricultores. Os Padres salesianos cuidam pastoralmente
da aldeia, e a Prelazia está presente com a Pastoral da Criança e outras
iniciativas. Estive muitas vezes entre os Xavante, como também visitei a
comunidade católica na região”.
Dom Leonardo finaliza a carta aos
bispos com um apelo: “acompanhemos com nossas preces e nossa solidariedade
fraterna a Dom Pedro, a Dom Adriano, a toda a Prelazia nesse momento de
sofrimento”.
Eis a carta:
Brasília, 18 de dezembro de 2012
Caro irmão no episcopado,
paz e bem!
A todos os irmãos votos de abençoado
Natal. Deus criança, nossa esperança, ilumina nossa vida e ministério!
Recebi mensagens e telefonemas buscando
informações sobre os acontecimentos que obrigaram o nosso irmão Dom Pedro
Casaldáliga Plá a deixar São Félix do Araguaia.
Envio a todos os irmãos algumas
informações que podem ajudar a compreender o que está acontecendo na Prelazia
de São Félix e nos sentirmos unidos ao Povo Xavante, às famílias dos pequenos
agricultores e aos nossos irmãos Dom Pedro Casaldáliga e Dom Adriano Ciocca
Vasino.
Dom Adriano, por telefone, comunicou-me
que a Polícia Federal diante das ameaças de morte havia aconselhado Dom Pedro a
deixar temporariamente São Félix. Apesar da idade e do estado de saúde, ele
viajou no mesmo dia com Pe. Paulo, agostiniano, que o assiste diariamente,
tendo sido fraternalmente acolhido por irmãos nossos em outra diocese. Dom
Pedro está sereno e acompanhando todo o processo de devolução da terra aos
índios.
A decisão de Dom Pedro de deixar São
Félix foi motivada pela reação dos ocupantes não índios diante decisão judicial
de retirar os não índios da terra do Povo Xavante localizada nos municípios de
São Félix e Alto Boa Vista. Como a Prelazia sempre defendeu a devolução da
terra aos índios, sempre houve uma certa tensão e ameaça. Com a desintrusão
elas aumentaram. A saída de Dom Pedro mostra mais uma vez que a violência não
vem dos índios, como também não vem dos pequenos agricultores.
A situação de conflito da terra Xavante
não é de hoje. É uma longa história de êxodo e sofrimento de um povo. A terra
indígena, após a retirada forçada dos Xavante nos anos 60, foi sendo dividida
em grandes fazendas. Para assegurarem essas terras invadidas, incentivaram a
vinda de famílias que adquiriram lotes na terra Xavante.
Após anos de disputa judicial, houve a
determinação da desintrusão da terra indígena. A Prelazia sempre insistiu com
os diversos órgãos do executivo e do judiciário para que houvesse justiça com o
Povo Xavante e com as famílias dos pequenos agricultores.
Foram envolvidos cinco ministérios na
preparação e execução do plano de retirada dos não índios, para cumprir o que a
justiça havia determinado, seguindo o que reza a Constituição Brasileira. O
plano elaborado pelo Governo atende a insistência da Prelazia
Todos nós sabíamos da tensão e da dor
que chegariam. Especialmente às famílias de pequenos agricultores que venderam
a propriedade em outros Estados para adquirir terra indígena de pessoas que a
negociavam ilegalmente.
A Prelazia, na pessoa de seus Bispos e
Agentes de pastoral, acompanhou durante todos esses anos a luta do Povo Xavante
em todos os momentos, bem como das famílias dos pequenos agricultores.
Os Padres salesianos cuidam
pastoralmente da aldeia, e a Prelazia está presente com a Pastoral da Criança e
outras iniciativas. Estive muitas vezes entre os Xavante, como também visitei a
comunidade católica na região.
Acompanhemos com nossas preces e nossa
solidariedade fraterna a Dom Pedro, a Dom Adriano, a toda a Prelazia nesse
momento de sofrimento.
Maria, Mãe de Deus e nossa, nos
acompanhe nesse tempo de Advento e nos ajude a encontrar a Deus envolto nas
faixas de nossa fragilidade e humanidade.
Com estima e consideração em Cristo,
Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de
Brasília
Secretário Geral da
CNBB
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