Dom Francisco Biasin
Bispo de Barra do Piraí/Volta Redonda (RJ)
Bispo de Barra do Piraí/Volta Redonda (RJ)
Aproxima-se o Natal de Jesus. Natal não
é só o aniversário do nascimento d’ Ele, mas é a celebração do Emanuel, do Deus
conosco. Jesus, o Verbo de Deus, um dia desceu entre nós, “se fez homem”,
assumiu a nossa condição humana em tudo exceto o pecado, deu a sua vida para
nos reconciliar com o Pai e entre nós e, cumprida a sua missão, retornou ao
Pai.
Mas a sua presença real permaneceu
sobre a terra de várias maneiras: na Eucaristia, na sua Palavra, em cada irmão,
sobretudo nos pobres, entre nós unidos em seu nome, nos pastores da Igreja. Uma
das presenças reais do Verbo, que é Deus, é, portanto a Palavra de Deus. O
nosso Papa Bento XVI na Exortação Apostólica pós–Sinodal “Verbum Domini” ao n.
50 afirma: “Na Palavra de Deus proclamada e ouvida e nos Sacramentos, Jesus
hoje, aqui e agora, diz a cada um: "Eu sou teu, dou-Me a ti", para
que o homem O possa acolher e responder-Lhe dizendo por sua vez: "Eu sou
teu".
Assim a Igreja apresenta-se como o
âmbito onde podemos, por graça, experimentar o que diz o Prólogo de João:
"A todos os que O receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de
Deus" (Jo 1, 12).
A partir dessas breves considerações,
podemos superar um conceito ainda presente na cabeça e no coração de muitos
cristãos: o de absolutizar o livro, a palavra escrita, a letra da Escritura,
esquecendo que o Verbo se fez carne, não livro. De fato no presépio nós não
colocamos um livro, mas uma criança, a indicar que, quando Deus se manifestou
ou se manifesta, ele entra na vida das pessoas e o seu projeto se torna “carne
da gente”, vida da gente, transformando-nos em filhos e filhas muito amados
porque encarnamos em nós a Palavra que um dia se fez homem e habitou entre nós.
Isso é tão verdade que a própria
escritura afirma: “A letra mata. O Espírito é que dá a vida!” (2 Cor 3,6).
Podemos assim afirmar que como pelo Espírito o Verbo se fez carne no seio da
Virgem Maria, assim, pelo Espírito, a Palavra se torna vida dentro da Igreja na
existência de muitos fiéis que, colocando-a em prática, se tornam filhos e
filhas de Deus.
O Natal deste ano para a Igreja e para
a nossa diocese tem a marca da nova evangelização na comemoração dos 90 anos da
sua criação. É dever nos perguntar, depois de tanto tempo de caminhada, se
conseguimos passar para a vida o vigor e a novidade da Palavra que se fez carne
e sobretudo se conseguimos transmitir esta vida, gerada pela Palavra, na
experiência concreta dos fiéis, de modo particular para as novas gerações.
Às vezes temos a impressão que um certo
cansaço tome conta da vida das nossas comunidades, que até os agentes de
pastoral tenham perdido o encanto do encontro com Jesus e que a Palavra que
acolhemos na nossa vida não anime mais a nossa ação pastoral e evangelizadora.
É preciso retornar ao “primeiro amor”(cfr. Ap 2,4), reacender a lamparina
apagada enchendo-a do óleo de consagração que nos tornou discípulos e
missionários do Senhor no dia do nosso batismo e crisma tornando-nos fermento,
sal e luz do mundo.(cfr. Mt 5,13-14.13,33)
Natal, festa da luz, festa da vida,
festa do Amor, reanime os nossos corações e nos dê alento, alegria e entusiasmo
no testemunho e no anúncio de Jesus Cristo e do seu Reino.
FELIZ E SANTO NATAL PARA TODOS!!!
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