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Qui, 20 de Dezembro de 2012 08:56 por: cnbb
Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Hoje é a festa da padroeira de toda a
América Latina, Nossa Senhora de Guadalupe, ícone da primeira evangelização do
novo mundo. “Ela, da mesma forma como deu à luz o Salvador do mundo, trouxe o
Evangelho à nossa América. No acontecimento em Guadalupe, presidiu, junto com o
humilde João Diego, o Pentecostes que nos abriu os dons do Espírito... Ela é
para nós escola de fé destinada a nos conduzir e a nos fortalecer no caminho
que conduz ao encontro com o Criador do céu e da terra...”
Permaneçam na escola de Maria.
Inspirem-se em seus ensinamentos... Quando a Virgem de Guadalupe apareceu ao
índio São Juan Diego, disse-lhe estas significativas palavras: “Não estou eu
aqui que sou tua mãe? Não estás sob minha proteção? Não sou a fonte de tua
alegria? Não estás sob meu manto, no cruzar de meus braços?” (Bento XVI). (Doc.
Aparecida, 269-270 e discurso inaugural). Que ela seja também a força e a luz
da “nova Evangelização para a transmissão da Fé cristã”.
A fé coerente produz uma nova
conversão, a mudança de mentalidade (“metánoia”, em grego) que pregava São João
Batista, consequência natural de quem colocou Cristo em sua vida. Conversão que
exige violência para conosco, ou seja, o “agir contra” de Santo Inácio de Loyola.
Essa é a violência que Deus quer de nós: a luta contra nossas paixões
desordenadas, contra o pecado e o mal: “O Reino dos Céus é conquistado à força,
e são os violentos que o conquistam” (Mt 11,12). Não é apenas com um
verniz cristão, combinada com uma vida mole, que seremos fiéis ao nosso
Batismo. Não foi isso que se propuseram os nossos primeiros missionários que,
deixando o conforto de seus países, aqui derramaram suor, lágrimas e sangue
para evangelizar o novo mundo.
Violentos contra suas próprias paixões
e cheios de mansidão para com o próximo: “Bem-aventurados os que promovem a
paz” (Mt 5, 9): esse é o programa cristão.
Falando ultimamente sobre o “sensus
fidelium ou sensus fidei”, o nosso Papa teólogo explica que “o mesmo ‘sentido
sobrenatural da fé’ é também um baluarte contra o preconceito de que ‘as
religiões, e especialmente as religiões monoteístas, seriam intrinsecamente
portadoras de violência, principalmente por causa da alegação de que elas
ultrapassam a existência de uma verdade universal’, enquanto que, pelo
contrário, o ‘politeísmo dos valores’ garantiria ‘a tolerância e a paz civil’.
Jesus em primeiro lugar, terminando na cruz, “atesta uma rejeição radical de
toda forma de ódio e violência em favor do primado absoluto do ágape".
Qualquer forma de violência cometida em
nome de Deus, não é portanto, devida ao monoteísmo, mas sim “a causas
históricas, principalmente aos erros dos homens.” Pelo contrário, é o
“esquecimento de Deus”, que, juntamente com o relativismo e a negação de uma verdade
objetiva, “gera inevitavelmente a violência”, porque é negado o diálogo. Se não
houver abertura para o transcendente “o homem torna-se incapaz de agir de
acordo com a justiça e de comprometer-se pela paz” (Bento XVI, audiência à
Comissão Teológica Internacional, 7/12/2012).
Preparando-nos para celebrar o
nascimento do “Príncipe da Paz” (Is 9,6), Jesus Cristo, em cujo Natal os anjos,
mensageiros de Deus, cantaram “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos
homens que ele ama” (Lc 2, 14), reflitamos que jamais se pode usar sua religião
como instrumento de violência. “Senhor, fazei de mim um instrumento da vossa
paz” (São Francisco de Assis).
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