Qua, 12 de Dezembro de 2012 09:30 por: cnbb
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)
Arcebispo de São Paulo (SP)
O tempo do Advento avança e o Natal se
aproxima. As novenas de Natal estão acontecendo. O tema da Novena da
Arquidiocese neste ano é “Natal feliz é Natal com fé”. Nem podia ser diferente
no Ano da Fé.
O Adv
ento e o Natal fazem-nos celebrar
e viver na liturgia alguns aspectos belos e fundamentais de nossa fé.
Sobretudo, o Mistério do Deus Salvador, próximo de nós; do Filho de Deus que se
tornou também homem, por obra do Espírito Santo no seio da Virgem Maria e
nasceu, frágil criança, num determinado momento e lugar de nossa história e de
nossa geografia.
Os personagens que estão relacionados
com a vinda do Filho de Deus ao mundo e com seu nascimento nos dizem muito
sobre nossa fé e sobre como vivê-la também hoje. Maria, José, Zacarias, Isabel,
os pastores, os sábios ou “reis magos”, vindos do Oriente; também Herodes, que
considerou o Deus Salvador uma ameaça para seu poder, suas ambições e vaidades.
Não somos os primeiros a serem
surpreendidos pela inimaginável proximidade e condescendência do nosso Deus;
daqueles que nos precederam na fé, aprendemos a acolher constantemente ainda
hoje a “visita do nosso Deus”. E também aprendemos a não dar mau acolhimento,
nem rejeitar o “Deus-conosco”, por medo que Ele estrague nossa vida. Ele só vem
para nosso bem, para ser “uma grande alegria para todo o povo”, conforme
anunciou o anjo aos pastores de Belém na noite do nascimento de Jesus.
A Liturgia do 2° Domingo do Advento nos
convidou à alegria: “despe a veste do luto e da aflição, Jerusalém, e reveste
os adornos da glória vinda de Deus ” (cf. Baruc 5,11). A exortação do profeta a
Jerusalém, enlutada pela destruição e pela desolação geral, é também convite
forte à humanidade de hoje, marcada por tanta dor, violência e injustiça, a
acolher a ação salvadora de Deus e a se deixar conduzir pelos caminhos de seu
reino, Alegria e paz podem substituir o desânimo e a desolação, contanto que o
homem acolha a ação salvadora de Deus. Não há paz e verdadeira serenidade fora
dos caminhos de Deus.
O Salmo 125 (“o Senhor fez conosco
maravilhas; exultemos de alegria!”) continua a conclamar à alegria pelas
maravilhas operadas por Deus em favor do seu povo. Coisas que pareciam
impossíveis (“parecíamos sonhar!”) foram acontecendo porque Deus mostrou a sua
misericórdia e veio ao encontro dos homens... Nunca falaremos o suficiente do
“admirável Mistério” do Natal (“mirabile mysterium”). O que aos homens parecia
impossível, não foi impossível a Deus, só porque “sua misericórdia é eterna e
não conhece limites”!
São Paulo convida igualmente à alegria
e à perseverança na fé (“rezo por vós com alegria” Fl 1,4) e pede que os fiéis
levem até o fim a boa obra começada. Não basta ter iniciado bem o caminho. É
preciso prosseguir até alcançar a meta, que é o “dia de Cristo”. O Ano da Fé
nos recorda a importância da perseverança na fé, sem desvio e sem desânimo. Por
vezes, o caminho pode se apresentar difícil e requer esforço e escolhas
difíceis. O caminho de Deus não é sempre o mais fácil, mas é o mais verdadeiro
e justo. Jesus mesmo deu a entender que é um caminho “apertado”, cuja
porta é estreita. Mas entrar por ela e prosseguir com Jesus à frente; é caminho
que leva à vida e à alegria.
E é justamente dos “caminhos do Senhor”
que nos fala João Batista no Evangelho: é preciso prepará-los, aplainar as vias
esburacadas e endireitar as tortuosas... Somos nós que criamos dificuldades
para o encontro com Deus; o Advento é um convite para tirar os obstáculos de
nossos caminhos, para corrermos livres e desimpedidos ao encontro do
Deus-que-vem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário