Qua, 05 de Dezembro de 2012 12:40 por: cnbb
Iniciamos a celebração do Advento
dentro do Ano da Fé. A qual “Mistério da fé” nos referimos neste tempo
litúrgico? Penso que poderíamos resumir os vários aspectos da nossa fé,
implicados no Advento, com esta afirmação: “creio no Deus que vem”.
Nosso Deus não é estático, nem imóvel
ou fechado em si mesmo. A criação do mundo já revelou que ele “saiu de si
mesmo”, expandiu a sua glória e imprimiu sua sabedoria em incontáveis obras,
dando-lhes o ser e a dinâmica própria. E veio ao encontro do homem, criatura
que ama mais que todas, pois nela imprimiu “sua imagem e semelhança”, dando-se
a conhecer a ele, dialogando com o homem e chamando-o a ser seu cooperador e
amigo.
O Deus em quem nós cremos, portanto,
não é simplesmente abstrato, distante, incognoscível. Ele é, sim, o Deus grande
e misterioso, que supera tudo o que possamos pensar e dizer com palavras e
conceitos humanos; mas não é inacessível, ausente, desconhecido. É o Deus
sábio, providente, atraente e amoroso que, de muitas formas, deu-se a conhecer
ao homem.
Cremos no Deus fiel, que promete e
cumpre; pode o homem falhar e ser infiel ao seu pacto com Deus; mas Deus fala e
cumpre, pois é verdadeiro não só no existir, mas também no agir. Num mundo de
aparências e dissimulações, de deslealdades e mentiras, parece até impossível
que alguém não seja assim. Mas nosso Deus é veraz e totalmente digno de
confiança.
Cremos no Deus que se tornou próximo de
nós por meio de Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem por meio da Virgem
Maria: em Jesus Cristo, cujo nascimento recordaremos novamente no Natal, Deus
aproximou-se de maneira inimaginável do homem, assumiu a nossa frágil condição
para estar ao nosso lado, falar-nos humanamente, ouvir nossos gemidos,
mostrar-nos o caminho do acesso a ele e comunicar sua Santidade à nossa humana
e pecadora natureza.
O Natal celebra um Mistério da fé tão
grande, que aos homens parece impossível ser verdadeiro; sábios e entendidos
ficam confusos e permanecem descrentes; mas os pequenos e humildes se alegram,
pois são capazes de compreender que aquilo que não é possível ao homem, a Deus
é possível!
Cremos no Deus que virá. Nossa fé nos
fala de Deus como aquele que nunca está ausente da vida do homem e do mundo,
mas tem seu olhar continuamente voltado para a “obra da sua sabedoria”. Nada
mais contrário à nossa fé católica, que imaginar um Deus de braços cruzados,
ausente, distraído e desinteressado das coisas que não são Deus. Mesmo deixando
a liberdade e a autonomia às coisas criadas, Deus as acompanha com seu olhar
providente, continuamente voltado para nós e para tudo o que criou com amor; um
olhar amoroso e continuamente criador que, se fosse desviado por um instante,
deixaria as coisas caírem novamente no seu nada.
O Advento também nos fala do “Deus que
virá”; a seu encontro nós vamos, passo a passo, para estar com ele
definitivamente no final de nossa vida. Por isso, a Liturgia do Advento nos
chama à vigilância, para não nos distrairmos ao longo da vida, nem perdermos o
rumo e a grande meta do caminho, que é o encontro definitivo com Deus e a
felicidade sem fim.
Esta vida é, para nós, o tempo de
realizarmos o bem e de correspondermos ao amor do Deus que vem, optando
livremente por ele; e assim, deixando-nos atrair e envolver por ele, vivendo
entre as coisas que passam, busquemos continuamente as que não passam.
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