Um novo amanhecer (Lc 21,25-28.34-36)
Terça-feira,
27 de novembro de 2012 - 23h55min
A
partir do primeiro domingo de Advento, iniciamos o ciclo C do Ano Litúrgico, o
qual segue o evangelho de Lucas. Segundo Tito (3,4), Lucas é o evangelista da
"manifestação do carinho de Deus e de sua amizade para com os
homens", dos pobres e dos pecadores, dos pagãos e dos valores humanísticos
e também das mulheres....
O
grande anseio de Lucas, ao escrever a Boa Notícia de Jesus, era "verificar
a solidez dos ensinamentos recebidos" (1,4). Ele quer tirar dúvidas, quer
mostrar a beleza do seguimento de Jesus, para fazer arder de novo o coração dos
cristãos e cristãs e continuar, assim, a missão.
Por
isso, o ciclo C será o ano da práxis cristã segundo o modelo de Jesus Cristo. A
quem Lucas vai descrever como um homem de oração, de ternura humana, de
convivência fraterna, ao mesmo tempo que é também o profeta por excelência, o
novo Elias, o porta-voz credenciado do Altíssimo.
O que significa celebrar o tempo de Advento?
Podemos
tomar como ponto de partida a palavra «Advento»; este termo não significa
«espera», como poderia se supor, mas é a tradução da palavra grega parusia, que
significa «presença», ou melhor, «chegada», quer dizer, presença começada.
Na
Antigüidade, era usada para designar a presença de um rei ou senhor, ou também
do deus ao qual se presta culto e que presenteia seus fiéis no tempo de sua
parusia.
O
Advento significa a presença começada do próprio Deus. Por isso, recorda-nos
duas coisas: primeiro, que a presença de Deus no mundo já começou e que ele já
está presente de uma maneira oculta; em segundo lugar, que essa presença de
Deus acaba de começar, ainda que não seja total, mas está em processo de
crescimento e amadurecimento.
Por isso, antes de continuar, paremos para refletir
juntos onde já descobrimos a Presença de Deus em nosso mundo tão conturbado?
Os
cristãos e cristãs vivemos na certeza consoladora que «a luz do mundo» já foi
acesa na noite escura de Belém e transformou a noite da morte, do pecado humano
na noite santa da vida humana em plenitude.
O
apelo do evangelho de hoje é a levantar e erguer nossas cabeças, porque o Filho
de Deus já irrompeu na história humana, foi tecido nas entranhas da humanidade.
Seguindo
a tradição do Antigo Testamento, na descrição de diferentes fenômenos cósmicos
que Lucas apresenta no início do evangelho de hoje, o manifesto de Deus está
presente na nossa vida, está agindo no mundo por meio de tantas pessoas de
diferentes raças, culturas, religiões...
Somos
nós que temos que descobrir sua Presença, e mais ainda, somos também nós que,
por meio de nossa fé, esperança e amor, somos convidados a fazer brilhar
continuamente sua Luz na noite do mundo.
Pode ser um bom "exercício" deste tempo,
reunidos em comunidade, em família, partilhar juntos/as as luzes que cada um/a
de nós temos acessas, pessoal ou comunitariamente.
Agora
vem a outra orientação importante do evangelho de hoje: "Tomem cuidado para
que os corações de vocês não fiquem insensíveis por causa da gula, da
embriaguez e das preocupações da vida".
Um
dos males de nosso tempo é, sem dúvida, a falta de sensibilidade, vivemos uma
vida centrada em nossos próprios interesses, fazendo-nos cegos, surdos e mudos
ao sofrimento de nossos irmãos e irmãs.
Atitude
totalmente contrária ao Deus de Jesus Cristo: "Eu vi a miséria de meu
povo..., ouvi seu clamor...e conheço seus sofrimentos. Por isso, desci para
libertá-los..." (cfr. Ex 3,7).
Neste
tempo, na esperança de Deus que continua vindo e agindo em nosso mundo, somos
convidados/as a aliviar nosso coração daquilo que nos "narcisiza" e
desumaniza, para ter um coração mais fraterno e solidário.
Ali
Deus se fará presente, "nascerá" novamente, porque onde dois ou mais
estejam reunidos em meu nome, eu estarei presente no meio deles.
Instituto Humanitas Unisinos (IHU)
CEBI - Centro de Estudos Bíblicos
www.cebi.org.br
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