Qui, 28
de Março de 2013 22:21 por: CNBB / Rádio Vaticano
Na tarde da Quinta-Feira Santa,
28 de março, o Papa Francisco celebrou a Santa Missa da Ceia do Senhor no
Instituto Penal para Menores de Casal del Marmo, em Roma. Esta Missa é
caracterizada pelo rito do Lava-pés. Com a celebração neste local, Francisco dá
continuidade a uma tradição que assumiu quando ainda sacerdote. Em Buenos
Aires, Bergoglio costumava celebrar esta Missa em prisões ou casas para pobres
e marginalizados.
Para uma reflexão sobre o significado deste gesto,
a Rádio Vaticano conversou com o Bispo responsável pela Pastoral Carcerária,
Dom Pedro Luiz Stringhini, Bispo de Mogi das Cruzes (SP):
A Semana Santa é um momento tão importante na vida
da Igreja, um momento tão importante para a vida dos cristãos católicos. É um
retiro espiritual, como se costuma dizer. Celebramos os principais mistérios
das passagens da vida do Cristo e o mistério da salvação: a paixão, a morte e a
ressurreição do Senhor – o tríduo pascal é assim a maior festa litúrgica da
Igreja Católica durante o ano.
Na Quinta-feira Santa, o Evangelho traz o texto do
Lava-pés, ou seja, no fundo é a Igreja querendo ensinar que quem entendeu o
significado da eucaristia deixado por Jesus, memorial da Páscoa, da Nova
Aliança, quem celebra a eucaristia tem que se colocar a serviço e a serviço de
modo humilde, e a serviço dos humildes e dos pequenos. E aí que entra a
proclamação do Evangelho de João, capítulo 13, que é o texto do lava-pés – esta
passagem tão bonita de Jesus, que antes de entregar sua vida quis realizar este
gesto. Gesto simples, mas ao mesmo tempo tão contundente a ponto de S. Pedro
não entender. Ou seja, quem celebra a eucaristia tem que se colocar a serviço,
a serviço do mais humilde.
Este ano, a Festa da Páscoa coincide com a chegada
de Francisco. Este Papa que nos surpreendeu vindo da América Latina, nos
surpreendeu pelo nome que escolheu – é a primeira vez que um Papa se chama
Francisco, evocando a figura de S. Francisco de Assim, que mais do que ninguém
foi o santo que lavou mesmo os pés: ele foi abraçar o leproso, foi ao encontro
dos mais pobres. Então tudo coincide e mais ainda o fato de que o Papa
Francisco escolheu lavar os pés de jovens que estão privados da liberdade, em
recuperação. Isso será um gesto muito profético. Vamos aprender com tudo isso,
vamos aprender com o gesto de Jesus, que se repete na Igreja, e ao qual todos
nós, cristãos, somos chamados a realizar e que o Papa Francisco está
evidenciando.
E quando se trata da situação dos presos, dentro
daquele espírito do Evangelho de Mateus, ‘estive preso e me visitaste’ – quando
se fala desta situação, estamos diante da situação social mais grave. Porque
uma coisa é socorrermos uma criança indefesa, todos nós gostamos de fazer isso,
outra coisa é ir ao encontro daqueles que um dia praticaram atos contra a
sociedade e que vivem numa situação muito precária, muito desafiadora.
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