Ter, 05 de Março de 2013 08:30 por: cnbb
Na quarta-feira última, quando o Papa
Bento XVI se dirigiu ao mundo pela última vez em uma audiência pública,
penso que até as pedras da Praça São Pedro se emocionaram.
Acostumado a ler tudo o que ele
escrevia, e a escutar o que falava, eu me surpreendi com a riqueza e a
profundidade de suas palavras, aliadas a uma simplicidade encantadora. Se
alguém ainda não tomou conhecimento delas, não deixe de ler, reler e meditar o
que se pode chamar de seu testamento espiritual. São palavras que atravessarão
os séculos. Para mim, o ponto alto foi sua afirmação: “Não abandono a cruz, mas
permaneço de um modo novo junto ao Senhor Crucificado. Não tenho mais o poder
do ofício para o governo da Igreja, mas no serviço da oração permaneço, por
assim, dizer, no recinto de São Pedro”.
Antecipando-nos à sua despedida, nós,
bispos de Diocese Primaz do Brasil – Dom Gílson Andrade da Silva e Dom Giovanni
Crippa, Bispos Auxiliares, e eu –, assinamos uma mensagem que resume como vemos
a renúncia de Bento XVI e a eleição do seu sucessor. Ei-la:
“Tendo em vista a relevância do momento
presente na vida da Igreja, decorrente da renúncia do Papa Bento XVI e da
realização do Conclave de Cardeais para a eleição do novo Papa, nós, Bispos da
Arquidiocese de São Salvador da Bahia, nos dirigimos ao nosso povo e às pessoas
de boa vontade, para as seguintes considerações:
1º - Somos gratos à Sua Santidade, o
Papa Bento XVI, pelo serviço que prestou à Igreja, desde sua eleição à Cátedra
de Pedro. Com solicitude incomum, cumpriu a missão recebida de Jesus Cristo, de
confirmar seus irmãos na fé (cf. Lc 22,32). Pastor atento, colocou em prática
as orientações do apóstolo Paulo: “Proclama a Palavra, insiste oportuna ou
inoportunamente, convence, repreende, exorta, com toda a paciência e com a
preocupação de ensinar” (2Tm 4,2). Como não destacar, dentre os seus
ensinamentos, a apresentação que nos fez de Jesus Cristo? A leitura de seus
discursos, homilias, encíclicas, alocuções e, particularmente, de seu livro
“Jesus de Nazaré”, faz arder o nosso coração (Lc 24,32). Peçamos ao Pastor
Supremo que dê a esse fiel sucessor de Pedro graças e bênçãos especiais.
2º - Atendendo ao pedido que Bento XVI
nos fez em 11 de fevereiro último, confiemos a Igreja à solicitude de Nosso
Senhor Jesus Cristo que, “Cabeça do corpo que é a Igreja” (Cl 1,18), está, mais
do que nunca, no meio de nós (cf. Mt 28,20).
3º - Segundo a bela expressão do
Bem-aventurado Papa João Paulo II, “a Igreja está sempre no Cenáculo” (DV 66) –
isto é, persevera em oração com Maria, a Mãe de Jesus (cf. At 1,14). Peçamos,
pois, à Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Cardeais na
eleição do novo Sumo Pontífice. Para tomar consciência da força de nossa
oração, lembremo-nos da Comunidade de Jerusalém, que sofria com a prisão de
Pedro. “Enquanto Pedro era mantido na prisão, a Igreja orava continuamente a
Deus por ele” (At 12,5). A resposta de Deus a essas preces foi imediata e
surpreendente: Pedro foi libertado. Nossas orações, antes e durante o Conclave,
devem voltar-se para que o escolhido seja o Pastor que Deus de antemão
preparou para a sua Igreja. Após o Conclave, elas deverão ser feitas para pedir
que o novo sucessor de Pedro tenha muita sabedoria e saúde no exercício de seu
ministério.
4º - Destacamos a pressão que muitos,
especialmente através dos meios de comunicação, querem fazer sobre os Cardeais
que participarão da eleição do Romano Pontífice. Essa pressão se manifesta pela
difusão de notícias muitas vezes não comprovadas e, outras tantas, falsas e
caluniosas, prejudicando gravemente pessoas e instituições. Conclamamos os
católicos a se concentrarem naquilo que é essencial: rezar pelo Papa Bento XVI;
rezar para que o Espírito Santo ilumine o Colégio de Cardeais; rezar pelo
futuro Papa. Somos conduzidos por uma certeza: o destino da barca de Pedro está
nas mãos de Deus (cf. Comunicação da Secretaria de Estado - Vaticano,
23.02.13).”
Deus o recompense por tudo, Papa
emérito Bento XVI!
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