FONTE: CNBB – CATEQUESE E BIBLIA - 27/02/2013
Na sarça ardente, Moisés fez a experiência que
marcou toda a sua vida e missão. Ardia o coração de Deus ao ver o clamor e o
sofrimento do seu povo; o mesmo Deus chamou Moisés para falar em seu nome e
libertar o Povo. O Deus que se revelou a Moisés era ainda um Deus que não se
podia tocar, que exigia reverência, mas já se revelou como Aquele que caminha
com seu povo, aquele que se interessa pela história dos seus: “Eu sou o Deus de
teus pais...” Precisamos perceber que Deus se interessa por nós e quer a
nossa libertação
, que Ele convida a cada um de nós para seguir os seus passos. Deus
não fica assistindo o sofrimento, Ele se interessa por seus filhos e vem em seu
auxílio para libertá-los. Mas ele precisa de pessoas de carne e osso que
aceitem o convite dele para cooperar nesta libertação. Precisamos ser
impregnados pelo mesmo fogo que abrasou o coração de Moisés, fazendo-o
entusiasmado pela causa de Javé.
No Evangelho, vemos que os judeus consideravam as
catástrofes como castigos de Deus e a proteção um mérito por serem fiéis
observantes da lei. Jesus mostra que não basta ser judeu, que ninguém tem nada
garantido: todos precisam de conversão. Do mesmo modo, nós poderíamos nos
considerar católicos fiéis, observantes da lei, o grupinho dos
escolhidos. Como o Povo eleito, corremos o risco da infidelidade. Como
aqueles que escutaram a palavra de Jesus, precisamos de conversão, para não
perecermos todos do mesmo modo. Além disso, devemos cortar definitivamente da
nossa mentalidade a ligação entre pecado e castigo: os males não são castigos,
e todos nós somos passíveis do sofrimento. Aliás, muitos dos males são frutos
de nossas próprias escolhas. Somos também responsáveis pelo bem e pelo mal que
rodeia a nossa vida, provavelmente os primeiros responsáveis.
Na segunda parte do Evangelho temos a parábola da
figueira que não produz frutos. Aqui é interressante observar que o pecado da
figueira não foi ter feito algo de ruim, mas de não ter feito nada de
bom. A figueira foi infrutífera, tornou-se passível, imóvel. Corremos o
risco de querer uma garantia, uma tranquilidade de consciência que me faz dizer
a mim mesmo: “eu estou bem com Deus, não prejudico a ninguém, cumpro as minhas
obrigações”. Mas Deus espera mais de nós. Não basta sermos cristãos
aparentemente certinhos, cristãos de preceito, de um ritualismo vazio;
precisamos produzir frutos. Conversão não significa focar o pecado, mas o bem
que devemos realizar. Cada um de nós é convidado a produzir frutos - isso
significa conversão! O que podemos produzir nesta quaresma?
Estamos no tempo da Quaresma, tempo de cultivar o
dom da conversão. Trata-se de um processo que percorre toda a nossa vida.
Seguimos a existência procurando nos configurar cada vez mais a Cristo, para
sermos como Ele, tendo os seus sentimentos e atitudes, até que tenhamos a
estatura do homem perfeito, como nos diz São Paulo em sua carta aos Efésios.
Deus na sua bondade é paciente em aguardar a nossa
conversão. Poderia nos arrancar e queimar, mas não é o deus da punição, e sim o
Deus amor. Mesmo que mereçamos tal sorte, Ele nos diz; “Vou dar mais uma
oportunidade; virei em outra ocasião para colher os frutos”. Temos neste tempo
mais uma oportunidade. Que frutos o Senhor encontrará?
Pe Roberto Nentwig
Postado por Bíblia e Catequese às 08:48
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