Ter, 26 de Março de 2013 09:52 por: cnbb
Dom Aloísio Roque
Oppermann
Arcebispo Emérito de Uberaba (MG)
Arcebispo Emérito de Uberaba (MG)
Mesmo nas lides de pilotar o fogão, existem
gastos desnecessários, oriundos da falta de um pequeno conhecimento: a água a
ser fervida, não passa dos 100 graus jamais, mesmo que se ateie um fogo de
explosão solar. Portanto, quando uma panelada de comida começa a ferver, de
nada adianta continuar com fogo alto, pois o fogo baixo mantém a fervura, sem
precisar gastar tanto gás. Na construção civil, o material que se perde
(tijolos, sacos de cimento, repetição de tarefas mal feitas, telhas
quebradas...) daria para construir uma segunda casa.
Então nos alimentos, é de estarrecer.
Perde-se quase 50% de tudo o que se produz. Basta acompanhar, por exemplo, a
trajetória do nosso popular feijão. Na hora da colheita as máquinas já eliminam
alta porcentagem do produto. No transporte, sobretudo por caminhão, se perdem
mais preciosas porcentagens. Na hora de cozinhar, todos sabemos que o alimento
corre sérios riscos. Na refeição, outra parte se perde porque as pessoas pegam
o alimento, mas deixam boa sobra no prato. E o montante que resta vai para a
geladeira, onde corre risco de ficar esquecido. “O Senhor dá alimento aos
animais e aos seus filhos” (Sl 147,9). Será que somos cuidadosos com as mãos
dadivosas do Senhor?
Mas o cúmulo do esbanjamento acontece
com a água. O nosso planeta é privilegiado no universo. Nos planetas só pode
haver vida mais complexa, caso existam atmosfera gasosa com oxigênio, calor
adequado, nutrientes, iluminação, e especialmente água. Todos os planetas que
conhecemos não tem essas condições básicas. A única exceção é o planeta terra (ou
o planeta água). O Criador caprichou exageradamente, e nos brindou com grande
quantidade do precioso líquido. “Vós que tendes sede, vinde às águas” (Is 55,
1). E vejam, o Brasil é possuidor de 13% de toda a água doce do mundo. Não
temos desertos, mas apenas regiões de semi-árido. Vivemos na impressão de que é
um tesouro inesgotável. Por isso fazemos gastança irracional, não nos
importamos com vasamentos, poluímos sem escrúpulos. Por causa do desperdício,
que ultrapassa os 50%, o poder público precisa buscar água em regiões cada vez
mais distantes. A natureza não tardará em apresentar a conta. Se há uma
formação que nos falta é saber cuidar da água, de maneira econômica e
agradecida.
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