Seg, 11 de Março de 2013 13:41 / Atualizado - Ter,
12 de Março de 2013 10:39 por: cnbb
Dom Anuar Battisti
Arcebispo de Maringá (PR)
Arcebispo de Maringá (PR)
Nós encontramos o início da história
dos papas na Sagrada Escritura quando Jesus Cristo disse ao apóstolo Pedro:
"Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja" (Mateus 16,
18). O apóstolo era chamado de Simão, e Cristo lhe dá o apelido de Pedro que em
grego significa pedra, rocha.
Cristo nominando Pedro significa que o
apóstolo seria a pedra firme, a rocha inquebrável que daria sustentação à
Igreja, apesar de ser uma pessoa humana, frágil e sujeito à toda e qualquer
limitação.
Diante deste chamado ele é destinado
para "apascentar as ovelhas" (João 21,17), como pastor que conhece as
suas ovelhas e dá a vida por elas. O papa, portanto, é o sucessor de Pedro, o
centro da unidade de toda a Igreja "é o perpétuo e visível princípio e fundamento
da unidade, quer dos Bispos, quer da multidão dos fiéis" (Concílio
Vaticano II: LG n° 23). Mais do que uma autoridade a promulgar dogmas e ensinar
a doutrina, o papa é o elo de unidade e de comunhão de toda Igreja.
O segredo da Igreja para se manter viva
como um corpo vivo milenar, atravessando séculos, culturas, guerras,
discórdias, e sempre firme, é a certeza de que não somos nós humanos a conduzir
este barco. O barco é de Jesus, que escolhe e chama homens, pessoas simples,
humildes, para estar no lugar Dele, e com Ele tornar visível a casa, a
assembleia reunida.
Por isso Jesus afirma: "Onde dois
ou mais estiverem reunidos em meu nome eu estarei no meio deles"
(Mt18,20). A presença de Jesus entre nós, mesmo às vezes pensando que Ele está
dormindo no barco, é a garantia de ancorar em porto seguro, da calmaria em mar
revolto, de tranquilidade em tempos difíceis. Ele acalma, tranquiliza e
questiona: "porque tendes medo"? As ondas do mar nunca serão mais
fortes do que o barco do Mestre.
Nestes dias de apreensão e curiosidade
sobre quem assumirá o leme do barco, que é a Igreja, a mídia nacional e
internacional escolheu alguns nomes chamados de "papáveis". Neste
elenco divulgado, não podia faltar dois dos nossos cardeais brasileiros. Eu fui
abordado várias vezes para falar deles, pois os conheço de longa data. O homem
a ser escolhido será surpresa para todos.
Nestes dias de reunião dos cardeais,
que ainda não estão sob segredo, falei por telefone com Dom João Braz Cardeal
Aviz. Ele dizia: "Aqui entre nós não há nomes favoritos, ninguém comenta
nada sobre este ou aquele. Estou impressionado com o clima de amizade e de
abertura de coração existente nas nossas reuniões. É a primeira vez que
participo e estou admirado pelo ambiente de confiança e companheirismo".
Assim a Igreja faz o seu caminho no
mundo sem ser do mundo (Jo 17,10). É igreja é santa e pecadora, feita de homens
e mulheres santos e de papas santos. Para mim, Bento XVI deu um sinal público e
notório de santidade ao reconhecer-se limitado, incapaz fisicamente falando,
para estar no leme do barco.
Só é capaz de atitudes heroicas, de
gestos que tocam o coração, aquele que se deixou moldar pelo amor verdadeiro,
pelo serviço desinteressado, pela autoridade discreta. Queira Deus que eu
também tenha a força e a coragem dos santos vivos e jamais a covardia de quem
se veste de pele de carneiro, mas são lobos ferozes.
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