Sex, 22 de Março de 2013 09:22 por: cnbb
Dom Canísio Klaus
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)
No domingo de ramos, dia 24 de março,
entramos na Semana Santa e chegamos ao auge da Campanha da Fraternidade.
A Semana Santa é a semana mais preciosa
do Ano Litúrgico, quando somos confrontados com os principais acontecimentos
que fundamentam a fé cristã. Durante a semana fazemos memória das palavras de
São Paulo aos Filipenses (2,8-11): Jesus Cristo “humilhou-se a si mesmo,
fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso,
Deus o exaltou
acima de tudo e lhe deu o nome que está acima de todo nome. Assim, no nome de
Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra e toda língua proclame:
‘Jesus Cristo é o Senhor’, para a glória de Deus Pai”.
Durante a Campanha da Fraternidade, que
iniciamos na quarta-feira de cinzas, fomos desafiados a lançar um olhar
carinhoso para os nossos jovens.
Desafortunadamente, a Campanha teve
início com as cinzas que mataram 241 jovens numa boate em Santa Maria. O
lamento pelo sucedido gerou uma onda de protestos e reflexões sobre a vida dos
jovens que está sendo ameaçada e fortaleceu uma das motivações inicias da
Campanha da Fraternidade, que era dar um basta ao extermínio dos jovens no
Brasil. Semanalmente são dezenas os jovens que morrem no trânsito ou vítimas do
tráfico de drogas e paixões desordenadas. Aqui mesmo, em Gramado Xavier,
simultaneamente à tragédia de Santa Maria, acompanhamos a tragédia que resultou
na morte de quatro jovens, desorientados pela gravidez de uma menina de 15
anos. Dar um bast a a esta situação, é um dos clamores reforçados pela Campanha
da Fraternidade, que também se propôs motivar as comunidades do Brasil, junto
com seus jovens, para a Jornada Mundial da Juventude.
Em meio à Campanha da Fraternidade,
houve a renúncia do Papa Bento XVI e a eleição do Papa Francisco. Numa das suas
primeiras falas, o Papa Francisco pediu: “cuidem das crianças e dos idosos”.
Nós, Igreja no Brasil, acrescentamos: “cuidem dos jovens”. São eles as crianças
de ontem e os adultos de amanhã. Muitos deles não foram devidamente cuidados
como crianças, sendo que, de muitos, foi tirada a infância precocemente. Se não
os cuidarmos hoje, como jovens, eles vão continuar a morrer e a se matar.
É este também o objetivo da coleta da
solidariedade que realizamos por ocasião da Páscoa em todas as comunidades e
grupos religiosos. Com o dinheiro arrecadado, a Igreja quer incrementar ações
que venham a favorecer a vida dos jovens. É importante que cada um dê a sua
contribuição, porque o que queremos “não é o muito de poucos, mas o pouco de
muitos”. A soma das muitas pequenas contribuições possibilitará o incremento de
grandes ações. Por isso, o apelo que fazemos é: “cada um faça a sua oferta, de
acordo com a generosidade do seu coração”. O próprio Papa Francisco nos pode
inspirar com o seu pedido ao povo da Argentina para que deixasse de ir a Roma
na instalação do papado e doasse o dinheiro que iria gastar com a viagem para
instituições de caridade. A coleta da solidariedade deve ser expressão do jejum
e da penitência feitos durante os 40 dias da quaresma.
Participemos na coleta da solidariedade
e estaremos ajudando a Igreja no Brasil a implementar ações que venham em favor
da vida dos jovens. Desta forma, as celebrações da Semana Santa serão expressão
da nossa fé em Jesus Cristo, que, “mesmo sendo de condição divina, humilhou-se
a si mesmo até a morte, e morte de cruz”.
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