quarta-feira, 6 de março de 2013

Dom João Bosco: A Igreja é uma Comunidade de Fé


Ter, 05 de Março de 2013 09:07 por: cnbb

Caros irmãos e irmãs em Cristo!
Uma das tentações que o diabo propôs a Jesus, no deserto, foi a de saltar do pináculo do Templo: ´Disse-lhe: “Se és Filho de Deus, joga-te daqui abaixo! Pois está escrito: Ele dará ordens a seus anjos a teu respeito, e eles te carregarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra”. Jesus lhe respondeu: “Também está escrito: ´Não porás à prova o Senhor teu Deus”´ (Mt 4, 6-7).
A renúncia de Bento XVI é uma das maiores provas de humildade que já presenciei em toda minha vida.
O Papa é um dos homens mais poderosos da Terra. Ele não tem exércitos nem armas, mas guia um bilhão e duzentos milhões de católicos, por meio de seus ensinamentos. Ele é não só conhecido, como também sua voz é respeitada, mesmo por nações não cristãs.
Bento XVI, ao reconhecer as limitações de sua idade avançada – 85 anos – e as exigências cada vez maiores de seu cargo, mesmo podendo continuar como Papa até sua morte, surpreendeu a todos, renunciando ao poder e entregando sua missão, para que outro possa conduzir a Igreja. Optou por retirar-se a uma vida de oração. Disse na Audiência Geral do dia 27 de fevereiro, na Praça de São Pedro: “Não abandono a cruz, mas fico de um modo novo junto do Senhor Crucificado. Não carrego mais o poder do cargo para o governo da Igreja, mas permaneço no serviço da oração, por assim dizer, no recinto de São Pedro. São Bento, cujo nome tenho como Papa, nisto me será de grande exemplo”.
A ele, a nossa gratidão, por ter sido um farol resplandecente a iluminar nossas vidas de seguidores de Jesus Cristo. Que Deus o abençoe e o faça muito feliz!
Com a renúncia do Papa Bento XVI, aproxima-se a realização do Conclave, para a eleição do próximo Papa. É um tempo de santa expectativa para os católicos, mas não de ansiedade. Deus, que veste os lírios do campo com vestes mais belas que as de Salomão e alimenta as aves do Céu (Mt 6, 26 – 30), cuida, também, com amor, da Igreja fundada por Seu Filho Jesus Cristo.
É compreensível que a grande imprensa queira ver uma possível “paixão política” nos Cardeais Eleitores que participarão do Conclave em Roma, para a eleição do novo Papa. É verdade que esses Cardeais são pessoas vindas dos cinco Continentes e representantes de 52 Nações. É também verdade que cada um tem o conhecimento de seu país e sua visão dos desafios internos e externos que a Igreja enfrenta em nosso mundo de mudanças aceleradas e de culturas fortes e tão diversificadas.
Mas, ao mesmo tempo, com toda essa diversidade de base, todos eles estudaram em seminários que lhes passaram uma mesma formação humana, espiritual e teológica. Todos eles foram chamados ao Colégio Cardinalício por terem manifestado, em suas vidas apostólicas, um grande amor à Palavra de Deus, a Cristo e à Igreja.
É bom lembrar que nenhuma outra entidade no mundo tem um filtro de seleção e de escolha melhor que a Igreja: de mais de 412.236 sacerdotes, a Igreja elege perto de 3.670 Bispos. Desses 3.670 Bispos, a Igreja tira 618 Arcebispos e, finalmente, dos 618 Arcebispos, ela escolhe os 120 Cardeais Eleitores. Esses Cardeais Eleitores, depois de dias de reuniões, de estudos e de muita oração, vão eleger o novo Papa.
É, a meu ver, muita infantilidade, petulância e, diria até arrogância, pretender criticar, por antecipação, aquele que for eleito.
Fiquei triste quando tomei conhecimento de que algumas pessoas cristãs se arvoraram em “Pai Eterno”, criticando Bento XVI, após sua eleição para ser o Sucessor de Pedro.
Queridos fiéis e filhos em Cristo, não deixem que uma análise de quem quer que seja, desprovida do espírito de fé, venha perturbar seus corações no acolhimento do novo Papa que será eleito. Lembro, ainda, as palavras de Bento XVI, em sua Audiência Geral de despedida no dia 27: “Sempre soube que naquela barca está o Senhor e sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas é Dele. E o Senhor não a deixa afundar; é Ele que a conduz, certamente mesmo através dos homens que escolheu, porque assim quis. Essa foi e é uma certeza, que nada pode ofuscar. E é por isto que hoje o meu coração está cheio de gratidão a Deus, porque não deixou jamais faltar à Igreja e também a mim a Sua consolação, a Sua luz, o Seu amor”. 
A Igreja é santa e pecadora. O Divino Espírito Santo é a alma da Igreja e a faz santa e a sustenta na vida e na santidade. Ela tem seus santos que a honram e tem, também, seus filhos que, querendo ser santos, deixaram-se levar pelo pecado. Estes estão na Igreja, mas eles não são a Igreja como Jesus a desejou. Como os pais sofrem com os filhos que não seguem seus conselhos, a Igreja chora e sofre com os pecados de seus filhos e reza para que eles se convertam e para que voltem à fidelidade a Jesus Cristo, ao Evangelho e à Igreja que Ele mesmo, Jesus, fundou e por ela deu Sua vida com a morte na cruz. 
Não é bom filho quem critica seus pais, nem será bom católico o que criticar o Papa que for eleito. O povo, na sua sabedoria, costuma dizer: “Deus escreve direito, por linhas tortas!”
Seja quem for o novo Papa,
venha do País que vier,
tenha mais ou menos idade,
fale mais ou menos línguas,
ELE SERÁ ESCOLHIDO PELA PROVIDÊNCIA DIVINA
PARA GOVERNAR A IGREJA NOS PRÓXIMOS ANOS!
A Ele, a nossa reverência, o nosso amor e, por ele, a nossa oração!
A Igreja não é uma associação internacional de serviços,
MAS UMA COMUNIDADE DE FÉ!
+ João Bosco
Arcebispo de Diamantina
Diamantina, 27 de fevereiro de 2013

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