Qui, 13
de Junho de 2013 15:46 por: cnbb
Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
Arcebispo de Montes Claros (MG)
A malícia de determinados homens foi checada por
Jesus. A pecadora pega em adultério foi salva por Jesus, que desafiou os que a
queriam apedrejar. Eles não eram santos, como alguns fariseus que desejam
condenar os outros e são os maiores pecadores.
Outra mulher também tida como pecadora foi lavar os
pés de Jesus com suas lágrimas e passar neles perfume. Jesus perdoou seus
muitos pecados, vendo seu profundo arrependimento. Deu a lição de que a
misericórdia vem de Deus em socorro pelo amor da pessoa que manifesta amor (Cf.
Lucas 7,36 ss).
Há homens que traem as esposas e se colocam como
pessoas bondosas na sociedade. Há os que traem a comunidade, não sendo fiéis à
sua função pela qual foram escolhidos a servirem a quem lhes deu o mandato,
seja em determinadas corporações, sejam em grupos de trabalho, ou na política e
outros. Não têm a consciência de sua grandeza moral e de caráter para serem
fiéis na sua dignidade humana, ética, social e até religiosa. Poderiam aprender
com quem reconhece seu erro e mudam de vida, como as mulheres perdoadas por
Jesus. A misericórdia leva à correção, como o próprio Mestre disse: “Ninguém te
condenou?... Eu também não te condeno. Vai em paz, mas não peques mais” (Jo
8,10.11).
Numa sociedade de muita competição, de busca de
prestígio a qualquer custo, de mentiras e ódios, há sempre o lugar da ternura,
da compaixão, da doação generosa de muitos para ajudar as pessoas a se erguerem
de sua vida sem sentido. As pessoas mais felizes são as que são senhoras de si,
com o uso do equilíbrio de seu potencial em relação à sua missão, assumida com
a consciência do bem prestado ao semelhante. Elas superam a visão do ter as
coisas materiais, os prazeres e o prestígio para assumirem a prática do ser
quem mais dá de si pela promoção da vida e da dignidade do outro e de toda a
sociedade. Não medem esforços para ajudarem as pessoas a recuperarem o valor da
vida como prática da convivência realmente humana, em que haja cooperação de
cada um para tornar mais adequada a vida de sentido para todos. O perdão é
parte essencial para as pessoas se recomporem na convivência cidadã. Ao
contrário, só haverá revanchismo, autoritarismo e a vigência da lei do
mais forte, que fazem sobrepujar a força bruta de quem não sabe usar a força do
amor, da compaixão e do altruísmo.
Nossa própria fé em Cristo é baseada na ação
gratuita de Deus, que no-la presenteia, sem a merecermos, para termos condição
de vida e salvação. Assim também toda a nossa vida e nossas oportunidades são
dons divinos. Por que não usarmos tudo para realizarmos a misericórdia e a
prodigalidade com o semelhante? Na parábola do homem que devia muito e foi
perdoado, temos a grande questão colocada por Jesus: Se ele perdoou, o
empregado não deveria também perdoar quem lhe devia muito menos do que
ele em relação ao seu credor? (Cf. Mateus 18.33).
Na oração Jesus coloca a condição: “Perdoai-nos as
nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos ofendeu” (6,12). O perdão é
a fonte da humanização. Sem ele só se pensa em progresso e riqueza pessoal sem
hipoteca da verdadeira convivência humana
digna.
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