Os protestos que estão sendo
realizados pelos brasileiros em várias cidades do País estão entre os assuntos
a serem tratados pela reunião do Conselho Permanente da CNBB. O encontro que
começa na manhã desta quarta-feira, 19 de junho, e, na primeira sessão contou
com a participação do representante do Núncio Apostólico no Brasil, dom
Giovanni D’Aniello.
Esse Conselho é composto pela presidência da
Conferência, pelos membros do Conselho de Pastoral e pelos bispos que formam os
conselhos regionais. A pauta aprovada para a reunião é vasta e inclui avaliação
da última Assembleia Geral e a implementação de suas decisões; o trabalho da
Cáritas Brasileira; o aprofundamento sobre o tema das paróquias; Movimento
Saude + 10; Código Penal; Reforma Política; Diretório da Comunicação e Jornada
Mundial da Juventude que será realizada no final de julho, no Rio de Janeiro,
com a presença do Papa Francisco.
Tomou a palavra na manhã desta quarta-feira, o
Monsenhor Gian Luca Perici, representando o Núncio Apostólico no Brasil. Ele
disse que participou pela primeira vez da Assembleia Geral dos bispos no último
mês de abril, em Aparecida. Considerou que a realização do encontro deu um
testemunho significativo de um episcopado numeroso e empenhado. Lembrou o tema
da renovação da Paróquia e seus desafios. “A renovação das paróquias é uma
questão central porque remete a uma renovação interior de seus membros”, disse
Monsenhor Perici.
Dom Leonardo Steiner, secretario geral, modera os
trabalhos sob a presidência do cardeal dom Raymundo Damasceno. Ele pediu a
inclusão de temas que não estavam na pauta previamente composta, como a
explanação sobre a visita e presença do Papa em Aparecida, Conselho Nacional de
Religiões, Curso de Comunicação para Bispos, orientação sobre o uso do vinho de
missa. Esses e outros temas foram aprovados para serem apresentados na reunião
que deve se estender até o almoço da sexta-feira, 21 de junho.
Qua, 19
de Junho de 2013 13:24 por: cnbb
Um grupo de especialistas com a participação da
assessoria de Política da CNBB apresentou aos membros do Conselho Permanente,
na manhã desta quarta-feira, 19 de junho, um quadro da conjuntura social e
política do Brasil e do mundo. Entre os destaques expostos está a realização de
manifestações públicas em várias cidades brasileiras.
Como é de costume no serviço que essa Comissão
presta aos bispos, foram apresentados, inicialmente, os fatos mais relevantes
da conjuntura mundial com especial acento aqueles que ocorrem na América Latina
e Caribe. As perspectivas sombrias acerca da situação econômica e o alto nível
de desemprego em países da União Europeia abriram essa análise internacional.
Em seguida, fez-se menção à chegada da situação à Turquia, com manifestações
por democracia e liberdade e as reações violentas do Primeiro ministro turco.
No relato da Comissão, foi considerado que “em nível latino-americano e
caribenho, merece destaque a velocidade da formação da Aliança do Pacífico e
seus significados políticos e econômicos para a Região, bem como a estratégia
norte-americana de continuar influenciando o continente sul-americano”.
A Comissão considera que a questão indígena, numa
perspectiva histórica, ocupa o centro da análise em nível nacional. Durante a
exposição mostrou-se como evoluiu o modo de o Estado brasileiro lidar com os
povos indígenas e as tentativas atuais das elites nos três poderes da República
de uma regressão no padrão de interação conquistado na Carta Magna de 1988”. Em
seguida, a Comissão fez referência à desoneração de impostos como estratégia do
Governo para promover uma reforma tributária fatiada e não progressiva,
colocando em risco o financiamento dos direitos sociais no longo prazo. Na
exposição, por fim, foi feita menção “ao esforço da sociedade por meio da
criação do ‘Comitê em Defesa dos Territórios frente à Mineração’ para
acompanhar a tramitação da matéria no Congresso Nacional, garantindo
democracia, transparência e a preservação dos territórios das comunidades
indígenas, quilombolas e tradicionais diante da definição de um marco
regulatório para a Mineração no país”.
Na perspectiva dos movimentos sociais fez-se uma
leitura das manifestações ocorridas em várias metrópoles brasileiras, com
destaque para São Paulo: “Elas querem denunciar a falência do sistema de
transportes urbanos e se mostram contrárias ao aumento das tarifas. Condena,
igualmente, a truculência da polícia na repressão dos ativistas, que se
apresentam como novos atores na arena social brasileira. Faz-se menção também à
repressão às manifestações do movimento ‘Copa para quem?’, nos jogos de
abertura da Copa das Confederações”.
Ainda foram dadas notícias do Congresso que
versaram sobre a minirreforma eleitoral que recua em relação a avanços da Lei
da Ficha Limpa; a criação de uma Comissão Mista do Congresso para consolidar a
legislação federal e regulamentar dispositivos da Constituição Federal; a
tramitação do Novo Código de Mineração; a aprovação do PLC sobre a Lei Geral
das Religiões na Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal e do Estatuto
do Nascituro na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.
A análise de Conjuntura apresentada aos bispos
costuma ser publicada, na íntegra, no site da CNBB depois da reflexão do
Conselho Permanente, mas não se trata de documento oficial da CNBB e a análise
não é posição oficial da Igreja. Durante a reunião, o Conselho ainda vai
considerar a possibilidade de elaborar e publicar uma Nota Oficial a respeito
do momento atual brasileiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário