Sex, 07
de Junho de 2013 12:56 por: cnbb
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte
Arcebispo de Belo Horizonte
Os bispos das dioceses do Espírito Santo e de Minas
Gerais, que formam o Regional Leste 2 - um dos 18 regionais que compõem a
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) - se encontraram em Belo Horizonte
para a reunião do Conselho Episcopal. O encontro reuniu mais de trinta bispos,
acompanhados dos padres que têm a exigente tarefa de coordenar e articular a
ação evangelizadora em cada diocese.
As questões refletidas e as preocupações
compartilhadas mostram bem a importância do trabalho da Igreja Católica no
Espírito Santo e em Minas. Essa presença histórica da Igreja servidora,
promotora da vida e anunciadora do Evangelho é uma incontestável força na
geração de uma cultura da paz. A trajetória da Igreja nesses estados conta com
um acervo de personagens, fatos e projetos, iluminados pelos valores do
Evangelho, que lamentavelmente são pouco conhecidos, mesmo no interior da
própria Igreja. Essa “memória curta”, não rara no contexto da cultura que nos baliza
a vida, faz perder oportunidades de ouro para se deixar afetar por um passado
que, iluminando o presente, o modifica.
Os bispos se detiveram na análise da conjuntura
eclesial e social buscando entender mais lucidamente a realidade pós-moderna,
suas exigências e complexidades. É clara a consciência das gigantescas mudanças
operadas pela força própria e indomável do vetor cibernético. Uma incidência
sobre ritmos da vida, preocupações e modos de se estabelecer vínculos que
transforma o mundo, exigindo novos empenhos no anúncio do Evangelho.
Debruçados sobre esta realidade em constante
mutação, os bispos tiveram a oportunidade para escutar um teólogo, uma jovem
consagrada, uma universitária e um homem de Deus comprometido com os pobres.
Cada fala buscou apresentar a compreensão própria, linhas e aspectos da relação
do bispo com o mundo. Um rico exercício de escuta que reflete a compreensão de
Igreja como Povo de Deus. Um entendimento fortalecido durante o Concílio
Vaticano II (1962-1965), quando se consolidou a perspectiva de que a Igreja é
uma realidade articulada em membros iguais, todos pela condição de filhos de
Deus e, igualmente, servos na diversidade dos serviços prestados.
Assim, a Igreja se organiza para cumprir sua tarefa
evangelizadora e de serviço à vida. Considerando sua estrutura para a
realização dos diversos trabalhos, os coordenadores de pastoral oferecem um
subsídio para o enfrentamento de uma das muitas urgências contemporâneas: a
revitalização pastoral das paróquias - compreendidas como rede de comunidades.
Uma rede que se caracteriza pelo grande alcance e presença junto ao povo,
especialmente entre os desfavorecidos, mas que permanece como um “gigante
adormecido”.
No Documento de Aparecida, os bispos
latino-americanos e caribenhos reconhecem que é inadiável um amplo processo de
revitalização das comunidades, incluindo a meta de mudar mentalidades e
posturas. Desta forma, será possível avançar para estágios marcados pela
capacidade de trabalhar articuladamente, multiplicando forças, com o próprio da
comunhão que a vivência da fé possibilita. Nessa revitalização das comunidades
de fé está também a exigência de se garantir instâncias de comunhão e
participação, respeitando a cidadania eclesial de cada um dos membros.
Os bispos, ouvindo, refletindo e compartilhando, se
enriqueceram com a oportunidade de situar na vida e na missão da Igreja o
sentido capital de seu ministério. Aliás, muitos perguntam o que um bispo faz
na Igreja Católica. Ele é, define o Concílio Vaticano II, sinal visível da unidade.
Um sinal qualificado pela simplicidade, proximidade e transparência, qualidades
que o Papa Francisco, bispo também, cultiva na Igreja, com sua simplicidade
capaz de dialogar com o mundo. A missão de um bispo inclui muitas exigências,
mas, acima de todas elas, está o dever de ser Bom Pastor. Como ensinou o
bem-aventurado João Paulo II, o bispo é aquele que enche o seu coração de
compaixão e é induzido a debruçar-se sobre a dor de cada homem e mulher que
sofre, mantendo sempre viva a confiança de que a ovelha perdida pode ser
encontrada.
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