FONTE: CNBB N2
O
julgamento e o farisaísmo estão ainda bem presentes hoje. É mais fácil falar
dos erros dos outros do que admitir os próprios limites. É também fácil se
sentir como um não devedor por obedecer algumas prescrições, fazer certos ritos,
frequentar certas celebrações.
O Senhor nos mostra que a justiça hipócrita daquele que deseja apedrejar, criticar e condenar a todo custo é bem diferente de seu amor gratuito. Jesus quebra os preconceitos da sociedade: não importa se uma mulher (ainda mais pecadora) não pode o tocar, não importam as aparências, mas o significado mais profundo de um pequeno gesto, o que os olhos desatentos não veem. Os olhos de Simão e do restante da plateia são de julgamento ao verem aquela cena inesperada e desconcertante.
A mulher do Evangelho era desprezada. Os pecadores eram
Constantemente podemos nos sentir em ruptura, fragmentados, sem comunhão com o Senhor. Há uma culpa positiva como desta adúltera e de Davi em sua experiência de assassinato. Este tipo de culpa leva a retomada da vida a partir da experiência da misericórdia. Há também uma culpa destrutiva, que não nos permite admitir que somos imperfeitos, levando-nos a nos frustrar quando não somos puros e imaculados. Isso porque queremos manter a imagem positiva de nós mesmos, desejamos comprar a benevolência de Deus a partir da nossa aparência de santidade. Esta falsa culpa não serve, não reconcilia por amor, mas por vaidade pessoal. Experimentar de modo positivo a misericórdia divina é decisivo para nos sabermos amados pelo Senhor.
Simão é o símbolo da justiça. Para ele, Deus perdoa e ama aqueles que são fiéis (justos), ou seja, cumpridores do preceito. Já a mulher pecadora é símbolo da gratuidade, da visão de um Deus que ama a todos e perdoa sempre, independente dos pecados. Ele só deseja a nossa abertura, o nosso coração agradecido e ciente da gratuidade. São Paulo nos deixa claro que a lei não liberta (2ª. Leitura). Não é o cumprimento de pequenas normas, mas o amor e a gratuidade de Deus que estão no coração das Escrituras. Não basta fazer tudo certinho e não experimentar o amor gratuito que procede de Deus. A fidelidade é fruto do amor e da misericórdia, não do medo de um Juiz severo que ávido por nos colocar no inferno, do temor destrutivo que separa a comunidade entre santos e pecadores. Se nosso seguimento carrega o medo, estamos longe de sermos cristãos.
“Ela muito amou!” “Ama e faze o que queres!” (Santo Agostinho). Não serão os pecadinhos do dia a dia que nos levarão para o inferno. Não serve uma moral individualista e atomizada. O Pai de Jesus Cristo nos quer comprometidos com o seu Reino, com o testemunho, com um novo coração e com a nova mentalidade transformada por seu amor. Precisamos nos deixar tocar pelo amor misericordioso de Deus e procurar fazer o bem. O que construímos de bom neste mundo, por amor, ficará intacto, e é a razão de existirmos neste mundo.
“Ele é
sempre mais que um convidado, se põe a mesa, nutrindo a vida; olha os corações
e põe de lado toda aparência, cura a ferida! Ela muito amou, tem a minha paz,
vai seguir caminho sem temor. Sabe quem eu sou e será capaz de espalhar na terra
o meu amor!”
(Fr. Fabreti e Thomas Filho)
(Fr. Fabreti e Thomas Filho)
Pe
Roberto Nentwig
Postado
por Bíblia e Catequese
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