Ter, 11
de Junho de 2013 12:30 por: cnbb
Dom Murilo S.R. Krieger, scj
Arcebispo de São Salvador da Bahia, Primaz do Brasil
Arcebispo de São Salvador da Bahia, Primaz do Brasil
Duas importantes entidades estão celebrando 40 anos
de atuação em nosso meio: a RCC – Renovação Carismática Católica e a CESE –
Coordenadoria Ecumênica de Serviço.
A RCC surgiu nos Estados Unidos, em 1967, chegando
a Salvador em 1973. Busca levar seus participantes a uma profunda experiência
de Deus, com destaque à ação do Espírito Santo e a seus dons, à Bíblia, aos
grupos de oração, a músicas de louvor e de adoração, e insiste na propagação
daquelas realidades que fazem parte do patrimônio da Igreja: a centralidade de
Jesus Cristo em nossa vida, a necessidade da luta contínua contra o pecado, o
valor da Eucaristia, o papel da Mãe de Jesus na história da salvação e em nossa
vida etc. A um crítico apressado, poderia parecer que seus membros vivem apenas
num relacionamento vertical, buscando as coisas do alto. Ledo engano: ao
visitar prisões, eu encontro sempre, entre os voluntários que lá estão
semanalmente, não poucos membros da RCC;
ao ir para a periferia, vejo a ação da
RCC junto aos necessitados; ao promover uma reunião com os representantes das
pastorais, que fazem parte da estrutura de atuação de cada paróquia,
descubro que muitos têm sua espiritualidade alimentada pela RCC. Nem poderia
ser diferente: uma autêntica busca de Deus leva, necessariamente, à dedicação
aos irmãos que mais sofrem. Aí estão os santos para confirmar isso (“Nenhum
santo fracassou na pastoral” – Dom Uribe, bispo colombiano).
A CESE tem como primeira particularidade o fato de
ser ecumênica. Fundada em Salvador, no dia 13 de junho de 1973, dela fazem
parte diversas igrejas cristãs - atualmente: Igreja Evangélica de Confissão
Luterana no Brasil, Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, Igreja
Presbiteriana Unida do Brasil, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Igreja
Católica Apostólica Romana – CNBB e Aliança de Batistas do Brasil. Essas
Igrejas estão unidas no compromisso de afirmar a vida com base na promoção,
garantia e defesa dos direitos humanos, da justiça e da paz. A CESE atua em
todo o território nacional, visando fortalecer organizações da sociedade civil,
especialmente as populares, empenhadas na luta pela promoção da cidadania. Para
tanto, busca o desenvolvimento econômico viável e socialmente justo. Em quatro
décadas de trabalho, ela apoiou mais de 10 mil projetos de organizações
populares em todo o Brasil, atingindo, assim, mais de 9 milhões de pessoas.
Ficou célebre, no Brasil, por sua atuação em pleno regime militar,
especialmente com a publicação de uma preciosa cartilha intitulada “Declaração
Universal dos Direitos Humanos”. Cada artigo dessa famosa Declaração de 1948,
publicada na cartilha, vinha acompanhado da citação de textos bíblicos e de
trechos de documentos das diversas Igrejas. Espalhada por todo o país, essa
publicação colaborou para a formação da consciência de que “Todos os homens nascem
livres e iguais em dignidade e direitos” (Art. I) e, por isso, é fundamental
trabalhar na defesa desses direitos. Um olhar superficial sobre a CESE poderia
levar alguém a pensar que suas preocupações são apenas horizontais. Engano:
base de sustentação de seus trabalhos é a fé em Jesus Cristo e a certeza de que
aquilo que fazemos ao menor de nossos irmãos é a ele que o fazemos.
Há muito descobrimos que ninguém, que nenhum grupo
consegue, sozinho, apresentar e representar o rosto de Cristo. Afinal, ele é o Filho
de Deus vivo, o revelador do Deus invisível, o primogênito de toda a criatura,
o fundamento de todas as coisas, o mestre da humanidade, o Redentor. Cada
pessoa, grupo ou organização que baseia sua ação no Senhor acentua um aspecto
de suas infinitas riquezas. Entendemos, pois, a razão dos diferentes carismas:
“Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de
ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diferentes atividades, mas é o mesmo
Deus que realiza tudo em todos” (1Cor 12,4-6). O que não se pode perder de
vista é que os dons nos são dados “em vista do bem comum” (v.7). A RCC e a CESE
estão convictas disso.
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