Qui, 13
de Junho de 2013 13:28 por: cnbb
Dom Demétrio Valentini
Bispo de Jales (SP)
Bispo de Jales (SP)
Desde outubro do ano passado, a Igreja continua com
os olhos fixos nas verdades da fé, que se constituem em fonte motivadora de sua
existência e de suas incumbências.
A Igreja sente-se detentora de um grande tesouro,
que ela recebeu, e percebe que tem a incumbência de transmitir para as pessoas
de hoje, e para as novas gerações que vêm surgindo.
O Ano da Fé, proclamado com esta finalidade, está
encontrando na “transmissão da fé” o seu desafio maior. Foi sobre isto que os
bispos reunidos em assembleia andaram pensando. Dada a complexidade do assunto,
ele não se esgotará, mesmo depois que termine o Ano da Fé.
As inquietações são diversas. Como preocupação
maior está a constatação pesada, de que vai diminuindo a incidência da fé na
vida concreta das pessoas. É normal que isto preocupe, ainda mais se comparamos
a realidade de hoje com os tempos recentes, em que a fé parecia tranquila e
segura.
Os bispos participam da missão dada aos apóstolos,
de “confirmar os irmãos na fé”. Diante da angústia de muitos, frente à
pesada missão que lhes foi confiada, trouxe um pouco mais de tranquilidade a
reflexão em torno das condições de liberdade que a fé supõe e exige.
A fé é uma proposta que pode ser aceita, ou pode
ser rejeitada. Aliás, esta foi a primeira advertência feita por Jesus aos
apóstolos, quando os enviou em missão.
Jesus fez questão de aliviar a preocupação dos
apóstolos, face à hipótese muito provável, de que a mensagem deles não seria
sempre aceita por todos.
Diante desta possibilidade, Jesus pediu aos
apóstolos que não se preocupassem com a reação dos destinatários de sua
mensagem. “Se não quiserem receber vossa paz, ela voltará para vós”,
explicou Jesus de maneira prática. Como gesto simbólico, chegou a aconselhar
que sacudissem a poeira dos sapatos, para dizer que em nada se sentiam
cúmplices da rejeição à mensagem.
Pois bem, parece estar faltando aos pastores de
hoje esta tranquilidade recomendada por Cristo. O Evangelho não pretende impor
nada. Nem ele existe para tolher a liberdade de quem quer que seja.
O que pode estar acontecendo é estarmos perdendo o
caráter de “boa notícia” que a própria palavra “evangelho” expressa. Ou melhor
dizendo, expressava. Pois acabamos perdendo o impacto que esta palavra tinha na
boca de Jesus e dos seus apóstolos.
O fato é que a mensagem de Jesus trazia uma
certeza, e garantia uma perspectiva de esperança, fundada no desfecho feliz de
sua pregação inicial, sinteticamente descrita por Marcos, no início do seu
Evangelho: “O tempo se completou, o Reino de Deus está próximo, convertei-vos,
e crede no Evangelho”.
Usada agora esta palavra “Evangelho”, ela passa
longe do significado autêntico que ela tinha. Pois queria dizer: “boa nova”,
“alegre notícia”, “mensagem feliz”. Uma “boa notícia” que decorria de
acontecimentos que estavam em ação, que vinham se desdobrando, compondo o vasto
panorama de presságios ligados ao “tempo” que estava se cumprindo.
Tinha chegado a hora propícia para eclodir esta
mensagem positiva. Mesmo que alguns a rejeitassem, ela era tão importante, que
precisava ser proposta, também para os que eventualmente não a quisessem
receber. “Sacudi a poeira que se juntou a vossos pés. Mas, fiquem sabendo que o
Reino de Deus está próximo”.
Os acontecimentos continuam. Basta interpretar sua
mensagem. Eles serão sempre sinais de alerta para acolher as propostas que o
“Reino de Deus” nos apresenta!
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