Dom Pedro Carlos Cipolini
Bispo de Amparo (SP)
Bispo de Amparo (SP)
Ao celebrar a festa de São Pedro Apóstolo, a Igreja
é convidada a rezar pelo Papa, sucessor de Pedro e refletir sobre seu
ministério. “O Romano Pontífice, como sucessor de Pedro, é perpétuo e visível
fundamento da unidade, não só dos bispos, mas também da multidão dos fiéis” (LG
23). O papa, em seu ministério petrino, preside na caridade e promove o bem
comum da Igreja universal e de cada uma das Igrejas particulares. Nestas poucas
linhas está a síntese do que o concílio Vaticano II ensina sobre o ministério
do Bispo de Roma.
Não poderia ser sem motivo pensado que o autor dos
Atos dos Apóstolos, mencionou a presença de romanos no dia de Pentecostes em
Jerusalém (At 2,10), deixando assim perceber a ligação desta cidade, com o
apóstolo Pedro, que logo em seguida tomaria a palavra para anunciar o kerigma.
São Pedro chefe da Igreja de Roma, e seus sucessores, ao longo dos séculos
foram defensores da fé e seus propagadores.
Hoje na pessoa do papa Francisco o ministério de
Pedro se faz presente com um brilho incomum. São muitas as acusações e críticas
enfrentadas pelos últimos papas. Mas todos eles ficaram firmes, não traíram o
patrimônio da fé, não trocaram a verdade revelada pelas verdades provisórias da
sociedade. Mesmo diante das críticas e incompreensões, e de certo “complexo
anti-romano” , na expressão de Hans Von Balthasar, às vezes presente mesmo
dentro da Igreja, realmente foram firmes como a rocha.
Para estar à frente de uma Igreja que chegou no
vigésimo século de história, e é depositária de uma verdade religiosa e
moral, o papa não pode mudar este depósito da fé e nem coloca-lo periodicamente
em leilão, para ver qual a mais mercadológica e palatável. Há que se ter um
fundamento e este é Cristo e seu Evangelho, vividos segundo a tradição
apostólica.
Ao papa como cabeça do Colégio Apostólico, formado
pelos bispos católicos do mundo inteiro, cabe a presidência da Igreja. Por isso
o episcopado se une em torno do Santo Padre, para colocar em movimento a “nova
evangelização” que os tempos atuais exige da Igreja. E a união do
episcopado com o papa deve ser sincera, total, porque: “Se o bispo de Roma é
colocado em questão, se a sua sede é sacudida, não é um bispo quem vacila mas o
episcopado inteiro” (Avito, bispo de Viena in Ep.31:PL 59,248).
O papa Francisco nos surpreende a cada dia com sua
vitalidade repleta de fé e humildade. No Angelus do último domingo
de maio, que tive oportunidade de presenciar na Praça S. Pedro em Roma,
pareceu-me transparecer um pontificado no qual o papa não escreverá muito.
Mesmo assim já temos algumas “encíclicas”, como é a opinião do jornalista John
Allen. Encíclicas, no sentido de que são ensinamentos os quais, embora não
foram escritos, são marcantes, claros, quais pequenas sínteses do pensamento do
papa Francisco.
Entre estas “encíclicas” poderíamos enumerar: a)
Uma Igreja pobre para os pobres, b) Primazia da humildade: somos todos
franciscanos, c) Estar imerso no povo, d) Não ter medo da ternura e da
misericórdia, e) O verdadeiro poder é serviço, f) A fé se propõe, não se impõe,
g) A Igreja não é organização humanitária, h) Dizer não ao pessimismo, i) Saber
sorrir e ter esperança, j) Importância da unidade, l) A evangélica coragem da
sinceridade. Estas são algumas “encíclicas” em miniatura que mesmo os que não
sabem ler compreendem.
Que o Papa Francisco seja abençoado e possa contar
com nossa adesão filial.
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