sábado, 29 de setembro de 2012

Salmo 57 (58)


Os Salmos Imprecatórios – Salmo 57 (58)


Dom José Maria Maimone
Bispo de Umuarama (GO)
Imprecatórios são os salmos, ou alguns versículos dele, que lançam maldições e desgraças, ou que imploram a Deus tudo de ruim para os inimigos. Assim extravasam ódio e rancor pelos inimigos.
Ora, os salmos são orações, como é possível orar desse jeito?
O livro oficial de orações da Igreja – Liturgia das Horas – excluiu versículos de alguns salmos, e deixam completamente fora os salmos 57, 82 e 108, pois são incompatíveis com os ensinamentos de Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado.
Quando eu escrevi o livro “Os Salmos dos Cristãos”
(Editora Ave Maria) fiz questão de incluir todos os salmos com todos os seus versículos, mas procurei abrandar as imprecações, para que todo cristão pudesse rezá-los de coração, considerando que os seguidores de Jesus não podem guardar ódio ou rancor no coração, mas sempre se lembrar do que disse Jesus: “O mundo reconhecerá que vocês são meus discípulos, se tiverem amor uns pelos outros” (Jo 13, 35).
Jesus nos ensinou a odiar o pecado, mas amar o pecador. Os textos imprecatórios podem ser entendidos nesta ótica: Todo ódio, rancor ou maldição dirigidos aos inimigos sejam entendidos como dirigidos contra a maldade e a impiedade deles, que oprimem as pessoas e a sociedade. Podemos admitir também que, na pobreza da linguagem do salmista ou do tradutor, a expressão usada demonstrou combate ao malfeitor e não ao mal.
Falando especificamente do salmo 57, consideramos que ele seja uma prece a Deus para nos livrar dos maus governantes. Assim sendo é uma bela oração para o tempo de eleições, a fim de nos ajudar a votar limpo, conscientemente.
O salmo começa questionando os atuais governantes: “Governantes e poderosos, será que governais o povo com retidão e justiça? (2) Certamente que não! Planejais cuidadosamente o mal, e o país inteiro geme sob a violência de vossa mão (3)”.
Depois o salmista demonstra a esperança de que os planos malvados caiam no fracasso pela ação de Deus-Amor, e conclui a oração convidando-nos a crer que em última análise quem governa com justiça é Deus: “Vendo vossa derrota todos dirão: ‘Vale a pena ser justo, porque Deus é juiz e ele faz justiça (11). Sim, Deus sempre recompensa o bem que se faz! Por isso os justos conservam a tranquilidade, pois sabem que o verdadeiro governador do mundo é Deus (12)”.
Rezando este salmo eu me lembro do diálogo de Jesus com o governador Pilatos, durante o seu julgamento: “Não terias poder algum sobre mim se Deus não o tivesse dado” (Cf. Jo 19, 10-16).

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