Terça-feira, 25 de setembro de 2012
SINAIS
DO REINO
ACOLHER
OS PEQUENOS E OS EXCLUÍDOS
Marcos
9,38-43.45.47-48
Texto
extraido do livro ''CAMINHANDO COM JESUS'' -
Círculos Bíblicos do Evangelho de Marcos - Coleção A Palavra na Vida 184/185.
CEBI
ABRIR OS OLHOS PARA VER
No texto de hoje, Jesus dá conselhos sobre o
relacionamento dos adultos com os pequenos e excluídos, sobre o relacionamento
entre homem e mulher, e sobre o relacionamento com as mãos e as crianças.
Naquele tempo, muita gente pequena era excluída e marginalizada. Não podia
participar. Muitos deles perdiam a fé. No relacionamento entre homem e mulher,
havia muito machismo. Com os pequenos e excluídos Jesus pede o máximo de
acolhimento. No relacionamento homem-mulher ele pede o máximo de igualdade. Com
as crianças e suas mães, o máximo de ternura. Vamos conversar sobre isso.
SITUANDO
Como já vimos no texto da semana passada, Marcos
coloca seis recomendações sobre a conversão que deve ocorrer na vida de quem
aceita caminhar com Jesus até o Calvário (Mc 9,38 a 10,31). Este texto, traz
três destas recomendações:
uma sobre o novo relacionamento com os pequenos (Mc
9,42-50), outra sobre o novo relacionamento entre homem e mulher (Mc 10,1-12),
e outra ainda sobre o relacionamento com as mães e suas crianças (Mc
10,13-16). Nos anos 70, diante das muitas dificuldades que as comunidades
enfrentavam, Marcos procura ajudá-las a não desanimar e a levar a sério a opção
pelo seguimento de Jesus.
COMENTANDO
Marcos 9,38-40: A mentalidade do
fechamento
Alguém que não era da comunidade usava
o nome de Jesus para expulsar os demônios. João, o discípulo, vê e proíbe: Impedimos,
porque ele não anda conosco. Em nome da comunidade João impede que o
outro possa fazer uma ação boa! Por se discípulo, ele pensava ter o
monopólio sobre Jesus e, por isso, queria proibir que outros usassem o nome de
Jesus para realizar o bem. Era a mentalidade fechada e antiga do "Povo
eleito, Povo separado". Jesus responde: Não impeçam! Quem não é
contra é a favor! (Mc 9,40). Para Jesus, o que importa não é se a
pessoa faz ou não faz parte da comunidade, mas sim se ela faz ou não o bem que
a comunidade deve realizar.
Marcos 9,41: Um copo de água tem
recompensa
Uma frase solta de Jesus foi inserida
aqui: Eu garanto a vocês: quem der para vocês um copo de água porque
vocês são de Cristo não ficará sem receber sua recompensa. Dois
pensamentos: 1) "Quem der para vocês um copo de água": Jesus
está indo para Jerusalém para entregar sua vida. Gesto de grande doação! Mas
ele não esquece os gestos pequenos de doação no dia-a-dia da vida: um copo de
água, um acolhimento, uma esmola, tantos gestos. Quem despreza o tijolo nunca
faz casa! 2) "Porque vocês são de Cristo": Jesus se
identifica conosco que queremos pertencer a Ele. Isto significa que, para Ele,
temos muito valor.
Marcos 9,42: Escândalo para os pequenos
Escândalo é aquilo que desvia a pessoa do bom caminho. Escandalizar
os pequenos é ser motivo pelo qual os pequenos se desviam e perdem a
fé em Deus. Quem faz isto recebea seguinte sentença: "Corda no pescoço com
pedra de moinho para ser jogado no fundo do mar!" Por que tanta
severidade? É porque Jesus se identifica com os pequenos (Mt 25,40-45). Quem
toca neles toca em Jesus! Hoje, no Brasil, os pequenos, os pobres, muitos deles
estão saindo das igrejas tradicionais. Já não conseguem crer! Por que será? Até
onde nós temos culpa? Merecemos a corda no pescoço?
Marcos 9,43-48: Cortar mão e pé
Jesus manda a pessoa arrancar mão, pé e
olho, caso estes forem motivo de escândalo. Ele diz: "É melhor entrar
na vida ou no Reino com um pé (mão, olho) do que entrar no inferno ou na geena
com dois pés (mãos, olhos)". Estas frases não podem ser tomadas
ao pé da letra. Elas significam que a pessoa deve ser radical na opção por Deus
e pelo Evangelho.
A expressão "Geena (inferno),
onde tem verme que não morre e o fogo que não se apaga", é uma imagem
para indicar a situação da pessoa que fica sem Deus. A geena era o nome de um
vale perto de Jerusalém, onde se jogava o lixo da cidade e onde sempre havia um
fogo de monturo queimando o lixo. Este lugar fedorento era usado pelo povo para
simbolizar a situação da pessoa que ficava sem participar do Reino de Deus.
ALARGANDO
Jesus acolhe e defende a vida dos
pequenos
Várias vezes, Jesus insiste no acolhimento a ser
dado aos pequenos. "Quem acolhe a um destes pequenos em meu nome é a mim
que acolhe" (Mc 9,37). Quem dá um copo de água a um destes pequenos não
perderá a sua recompensa (Mt 10,42). Ele pede para não desprezar os pequenos
(Mt 18,10). E no julgamento final os justos vão ser recebidos porque deram de
comer a "um destes mais pequeninos" (Mt 25,40).
Se Jesus insiste tanto no acolhimento a ser dado
aos pequenos, é porque devia haver muita gente pequena sem acolhimento! De
fato, mulheres e crianças não contavam (Mt 14,21; 15,38), eram desprezadas (Mt
18,10) e silenciadas (Mt 21,15-16). Até os apóstolos impediam que elas
chegassem perto de Jesus (Mt 19,13; Mc 10,13-14). Em nome da lei de Deus, mal
interpretada pelas autoridades religiosas, muita gente boa era excluída. Em vez
de acolher os excluídos, a lei era usada para legitimar a exclusão.
Nos evangelhos, a expressão "pequenos"
(em grego se diz elachistoi, mikroi ou nipioi), às vezes, indica
"criança", outras vezes, indica os setores excluídos da sociedade.
Não é fácil discernir. Às vezes, o que é "pequeno" num evangelho, é
"criança" no outro. É porque criança pertencia a categoria dos
"pequenos", dos excluídos. Além disso, nem sempre é fácil discernir
entre o que vem do tempo de Jesus e o que é do tempo das comunidades para as
quais foram escritos os evangelhos. Mesmo assim, o que fica claro é o contexto
de exclusão que vigorava na época e a imagem que as primeiras comunidades se
faziam de Jesus: Jesus se coloca do lado dos pequenos, dos excluídos e assume a
sua defesa. Fica-se impressionado quando se junta tudo aquilo que Jesus fez em
defesa da vida das crianças, dos pequenos:
1.
Acolher e não
escandalizar: Uma das palavras mais duras de Jesus é contra
aqueles que causam escândalo nos pequenos, isto é, que são o motivo pelo qual
os pequenos deixam de acreditar em Deus. Para estes, melhor seria ter uma pedra
de moinho amarrada no pescoço e ser jogado nas profundezas do mar (Mc 9,42; Lc
17,2; Mt 18,6).
2.
Acolher e tocar: Mães com crianças chegam perto de Jesus para
pedir a bênção. Os apóstolos reagem e as afastam. Dentro das normas da época,
tanto as mães como as crianças pequenas, todas elas viviam, praticamente, num
estado permanente de impura legal. Tocar nelas significava contrair impureza!
Jesus não se incomoda. Ele corrige os discípulos e acolhe as mães com as
crianças. Toca nelas e lhes dá um abraço. "Deixem vir as crianças, não as
impeçam!" (Mc 10,13-16; Mt 19,13-15).
3.
Identificar-se com os
pequenos: Jesus abraça as crianças e identifica-se com elas.
Quem recebe uma criança é a "mim que recebe" (Mc 9,37). "E tudo
que vocês fizerem a um destes mais pequenos foi a mim que o fizeste" (Mt
25,40).
4.
Tornar-se como
criança: Jesus pede que os discípulos se
tornem como crianças e aceitem o Reino como criança. Sem isso não é possível
entrar no Reino (Mc 10,15; Mt 18,3; Lc 9,46-48). Ele coloca a criança como
professor de adulto! O que não era normal. Costumamos fazer o contrário.
5.
Defender o direito de
gritar: Quando Jesus, entrando no Templo,
derruba as mesas dos cambistas, são as crianças as que mais gritam.
"Hosana ao filho de Davi!" (Mt 21,15). Criticadas pelos chefes dos
sacerdotes e escribas, Jesus as defende e em sua defesa invoca até as
escrituras (Mt 21,16).
6.
Agradecer pelo Reino
presente nos pequenos: A
alegria de Jesus é grande, quando percebe que as crianças, os pequenos entendem
as coisas do Reino que ele anuncia ao povo. "Pai, eu te agradeço!"
(Mt 11,25-26) Jesus reconhece que os pequenos entendem melhor as coisas do
Reino do que os doutores!
7.
Acolher e curar: São muitas as crianças e jovens que Ele acolhe,
cura ou ressuscita: a filha de Jairo de 12 anos (Mc 5,41-42), a filha da mulher
cananéia (Mc 7,29-30), o filho da víuva de Naim (Lc 7,14-15), o menino
epilético (Mc 9,25-26), o filho do centurião (Lc 7,9-10), o filho do
funcionário público (Jo 4,50), o menino dos cinco pães e dois peixes (Jo 6,9).
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