Colocar em prática, todos os dias, a Lei do
Evangelho liberta o cristão do perigo da "falsa religiosidade". Esse
é o sentido das palavras pronunciadas ao meio-dia deste domingo por Bento XVI,
na alocução que precedeu a oração do Angelus, conduzida pelo Santo Padre na
residência pontifícia de Castel Gandolfo.
Na
saudação em francês, o Papa expressou a sua alegria em visitar o Líbano, cuja
viagem apostólica internacional está programada para os dias 14 a 16 deste mês.
Ficar em paz com a consciência concedendo a Deus algumas palavras de
superficial devoção para, na realidade, depositar a própria confiança naqueles
interesses pessoais que são as verdadeiras "divindades" de muitos,
inclusive cristãos. Essa é uma tentação humana antiga quanto a relação entre
Deus e o homem, observa o Pontífice.
Nas
palavras que antecederam a oração mariana, Bento XVI fez tal observação relendo
algumas passagens da liturgia deste domingo, dedicada ao tema da Lei de Deus.
Ela – frisou – coincide com a própria Palavra de Deus, que liberta o homem de
seus egoísmos e o introduz "na 'terra' da verdadeira liberdade e da
vida": "Por isso na Bíblia a Lei não é vista como
um peso, uma
limitação que oprime, mas como a doação mais preciosa do Senhor, o testemunho
de seu amor paterno, da sua vontade de estar próximo de seu povo, de ser seu
Aliado e escrever com ele uma história de amor."
Não
haveria nenhum problema se o coração do homem estivesse em sintonia com Deus.
Mas muitas vezes não é assim, e o Papa tomou como exemplo o que aconteceu com o
povo judeu do Antigo Testamento, quando sai do exílio no deserto, mesmo
acompanhado pela Lei divina que Moisés exorta com força a colocar em prática:
"Eis
o problema: quando o povo se estabelece na terra, e é depositário da Lei, é
tentado a recolocar a sua segurança e a sua alegria em algo que não é mais a
Palavra do Senhor. Recoloca-as nos bens, no poder, em outras 'divindades', que
na realidade são vãs, são ídolos."
É claro,
Deus não é colocado de lado, observou em seguida o Pontífice. A sua Lei
"permanece, mas já não é a coisa mais importante, a regra de vida". É
o que no Evangelho Cristo censura nos fariseu, para os quais a Lei divina
tornou-se outra coisa: "Torna-se, sobretudo, um revestimento, uma
cobertura, enquanto a vida segue outros caminhos, outras regras, interesses
muitas vezes egoístas individuais e de grupo. E assim a religião perde o seu
autêntico sentido, que é viver na escuta de Deus para fazer a sua vontade, e se
reduz a prática de usos secundários, que satisfazem, sobretudo, a necessidade
humana de sentir-se tranquilo diante de Deus. Esse é um grave risco de toda
religião, que Cristo encontrou em seu tempo, mas que, infelizmente, pode
verificar-se, também no cristianismo." Após a recitação do Angelus, Bento
XVI dirigiu-se em cinco línguas aos presentes reunidos no pátio interno da
residência pontifícia de Castel Gandolfo. De fato, em francês dirigiu uma
saudação especial aos libaneses presentes, assegurando-lhes "as suas
orações" e a sua "alegria" em visitar daqui a alguns dias o País
dos Cedros. Dentre as saudações particulares, o Papa felicitou os casais de
esposos que festejam 25 anos de matrimônio.
O Santo
Padre concedeu, a todos, a sua Bênção apostólica.
Fonte: Rádio
Vaticano
POR: ZÉ CATEQUISTA
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