terça-feira, 11 de setembro de 2012

Sou e faço Política, não politicagem!


O cristão católico e a política
 
Dom Mauro Montagnoli
Bispo de Ilhéus / BA
Estamos em uma mudança de época que atinge não somente este ou aquele aspecto concreto da existência mas os próprios critérios de compreender a vida, tudo o que a ela diz respeito, inclusive o modo de entender Deus. Tantas vezes o nome de Jesus Cristo é utilizado para expressar atitudes até mesmo opostas ao Reino de Deus.

Para enfrentar este estado de coisas emergem algumas urgências na evangelização que devem estar presentes em todos os processos de planejamento e nos planos de pastoral das igrejas.

Os Bispos afirmam: “A Igreja no Brasil se empenhará em ser uma Igreja em estado permanente de missão, casa de iniciação à vida cristã, fonte de animação bíblica de toda a vida, comunidade de comunidades, a serviço da vida em todas as suas instâncias” (Diretrizes Gerais da Ação Evangelzadora da Igreja no Brasil – DGAE 2011-2015 n. 29). Esses aspectos estão sempre presentes na vida da Igreja, pois se referem a Jesus Cristo, à Igreja, à vida comunitária, à Palavra de Deus que junto com a Eucaristia são alimento para a fé e para a vida plena com Deus. Por isso, todos os cristãos católicos devem estar comprometidos com a vivência e a prática dessas urgências.

“Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10) resume toda a missão de Jesus e, por conseguinte, toda a missão da Igreja. Isso implica em que todo cristão deve assumir atitudes que, através de práticas concretas, ajudem a desabrochar e florescer a vida. “Em tudo isso, a Igreja reconhece a importância da atuação no mundo da política e assim incentiva os leigos e leigas à participação ativa e efetiva nos setores diretamente voltados para a construção de um mundo mais justo, fraterno e solidário” DGAE 2011-2015 n. 71).

Mas, não basta somente incentivar e impulsionar os fiéis leigos e leigas à participação política. É preciso que eles e elas encontrem na Igreja o apoio necessário para poderem cumprir plenamente com essa missão. A partir do conhecimento da vida do candidato e da sua participação e compromisso com a sua comunidade cristã paroquial e eclesial é preciso que as forças se unam para podermos ajudá-los a galgar postos na vida pública que possibilitem a implantação dos valores Reino de Deus.

Neste ano de eleições precisamos conhecer bem a vida pregressa dos candidatos, saber do seu compromisso com a vida das pessoas e com a comunidade eclesial e dar-lhes o respaldo necessário.

Em meio a tantas propostas precisamos examinar bem quais correspondem com os valores do Reino de Deus e apoiar quem sempre manifestou coerência na sua opção de vida na igreja e na comunidade.

Reclamamos tantas vezes que políticos se aproveitam do bem público em seu benefício próprio ou e grupos. Nas eleições temos a oportunidade de eleger aqueles candidatos que realmente mostram com sua vida particular e pública o comprometimento com a missão de Jesus.

Bons ou maus governantes é a gente que escolhe. Para o cristão católico, participar da vida política do municipio e do país é viver o mandamento da caridade como real serviço aos irmãos, conforme disse o Papa Paulo VI: “A pólítica é uma maneira exigente de viver o compromisso cristão ao serviço dos outros” (Octogesima Adveniens, 46).

Sabemos que o partido político é condição necessária para o exercício do mandato. Mas, devemos também levar em consideração, em primeiro lugar, a vida pessoal e compromisso eclesial do candidato ou candidata. O critério fundamental, é, repito, o compromisso da pessoa com os valores do Reino de Deus.

A ética social cristã não é opção para alguns, mas exigência para todos. Ela é contribuição própria do cristão católico para a construção da sociedade justa e solidária

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