sábado, 6 de julho de 2013

Homilia do 14º. Domingo do Tempo Comum – Ano C



FONTE: CNBB – N2 
 
Jesus escolheu um grupo de pessoas, não quis a missão toda para si. Nem quis somente os doze apóstolos envolvidos com o trabalho missionário, pois escolheu também outros setenta e dois. Hoje, o mandato do Senhor é pra todos. Jesus nega uma Igreja clericalista, morta, sem envolvimento...

O grupo dos setenta e dois simboliza não somente a descentralização do poder, como também a universalidade da salvação, pois a numerologia se remeta a quantidade dos povos da terra, para os quais a salvação deveria ser trazida. A missão transpõe os próprios muros da Igreja...

Jesus envia. Não nos envia para uma missão fácil: “Eis que vos envio como cordeiros no meio de lobos!” (Lc 10,3).
O missionário traz no corpo as marcas do crucificado e se identifica com o crucificado (2ª. Leitura). Trata-se da dureza da missão. O missionário vai encarar o desânimo, a falta de boa vontade das pessoas, ouvidos que não desejam a Palavra do Senhor, a ingratidão, a incoerência daqueles que somente se preocupam com os seus próprios interesses. Os discípulos são frágeis e não podem contar com as suas próprias forças, mas com o Senhor que os defende e consola: “Sereis amamentados, carregados ao colo e acariciados sobre os joelhos.” (Is 66,12). Não nos apeguemos ao triunfalismo da Igreja propagado ainda hoje. Não nos arroguemos os já vencedores, mas os pequenos discípulos que enfrentam os lobos do mundo do pecado para anunciar a Boa Nova daquele que não nos abandona, e morreu de amor por cada uma de suas ovelhas.
Os missionários de Jesus não levam muita coisa na mochila (Lc 10,4), sendo despojados. Não confiam nas coisas, no dinheiro, nos instrumentos deste mundo. Ainda que não tenhamos os melhores recursos financeiros ou os melhores canais de televisão, podemos contar com a graça da confiança na providência. Ele vai à nossa frente, Ele é o dono da missão, Ele fala por nós.
Os missionários não param nem para cumprimentar, pois este gesto gasta um tempo precioso se se deseja cumprir a etiqueta judaica. O tempo urge! Não existe tempo a perder, porque a missão é primordial.

Os missionários de Jesus portam a paz! (Lc 5,10). Não trazem a guerra e a espada. Não trazem o medo, o terror, a culpa, ou o castigo, não propagam a ira sobre os pecadores e nem a vitória fácil dos seguidores. Propagam o Shalom – a paz messiânica, a felicidade plena para todo aquele que se abrir a Boa Nova do Senhor! Trazem ainda a cura da dor, expulsam os demônios deste mundo endemoniado pelo egoísmo! Mas diante de tais carismas, não se envaidecem, porque a alegria está na inscrição dos nomes no Céu.
Por fim, cabe uma pergunta fundamental: para que missão? Para encher os bancos das igrejas? Para reunir uma multidão de pessoas descomprometidas que desejam algum milagre do Céu? Queremos uma multidão de participantes de devoções? Queremos que nossas ofertas aumentem? Precisamos realizar uma missão desinteressada e coerente que não se preocupa com os resultados numéricos, que não se apega ao dinheiro ou ao fascínio de palavras enganadoras. Precisamos de uma missão que se preocupe com a vida verdadeira dos destinatários.

Sonhemos com uma Igreja missionária. Sonhemos com uma Igreja coerente com a missão de Jesus. Uma Igreja acolhedora, que crie comunidade, que se interesse pela pessoa. Sonhemos e construamos uma Igreja que não se deixe sucumbir diante do apelo fácil do triunfalismo, do poder, da mídia, do dinheiro, da imagem falsa. Uma Igreja mais missionária que ouse ir entre os lobos sem bagagem para propagar a Paz do Senhor.
Hoje a Igreja ora e pede ao dono da Colheita que mande mais operários para a sua Messe. 

Pe. Roberto Nentwig

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