Sáb, 27
de Julho de 2013 18:28 por: CNBB / Rádio Vaticano
,O último compromisso do Papa
Francisco neste sábado, 27 de julho, antes do encontro com os jovens para a
Vigília na Praia de Copacabana, foi o encontro e almoço com a Presidência da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, com os Cardeais e Bispos brasileiros
no Arcebispado do Rio de Janeiro. No seu discurso, o Papa inicia destacando o
Documento de Aparecida, abordando a seguir diversos tópicos, como o ‘Apreço
pelo percurso da Igreja no Brasil’, o ‘Ícone de Emaús como chave de leitura do
presente e do futuro’, ‘Os desafios da Igreja no Brasil’, além de abordar temas
como a Colegialidade, missão, função da Igreja no Brasil e Amazônia. O Papa foi
saudado pelo Cardeal Raymundo Damasceno Assis.
“A força da Igreja não está em si mesma, mas
esconde-se nas águas profundas de Deus nas quais é chamada a lançar as redes”,
afirmou o Papa Francisco retomando assim no seu discurso a história de Nossa
Senhora de Aparecida.
“Na origem da história de Aparecida estão três pobres
pescadores que lançam as redes mas não conseguem pegar nada, até pescar uma
imagem de cerâmica, primeiro o corpo e após a cabeça. É a imagem de Nossa
Senhora da Conceição. Somente então conseguem pegar uma grande quantidade de
peixe”. O Papa Francisco faz referência a esta história para sublinhar que Deus
chegou de surpresa. Os pescadores, de sua parte, não desprezam o mistério
encontrado no rio:
“Existe algo de sábio que devemos aprender. Existem
pedaços de um mistério, como peças de um mosaico, que encontramos e vemos. Nós
queremos ver muito rápido o todo e deus, ao contrário, se revela pouco a pouco.
Também a Igreja deve aprender esta espera”.
Os pescadores, após, levam a casa o mistério,
confiam a Virgem a sua causa e “permitem assim que as intenções de Deus possam
atuar: uma graça, depois outra”. O Senhor desperta no homem o desejo de
cuidá-Lo no próprio coração e não o desejo de chamar os vizinhos para fazer
conhecer a sua beleza. Mas sem a simplicidade da sua atitude, “a nossa missão
está destinada ao fracasso”.
“O barco da Igreja, então, o resultado do trabalho
pastoral não deve se apoiar na riqueza dos recursos, mas na criatividade do amor.
Serve tenacidade e organização, mas antes de tudo é necessário “saber que a
força da Igreja não reside em si mesma, mas se esconde nas águas profundas de
Deus, nas quais é chamada a lançar as redes”. A Igreja, assim, não pode
afastar-se da simplicidade:
“Às vezes perdemos aqueles que não nos entendem
porque desaprendemos a simplicidade, importando de fora também uma
racionalidade alienada da nossa gente. Sem a gramática da simplicidade, a
Igreja se priva das condições que tornam possível ‘pescar Deus’ nas águas
profundas do seu Mistério”.
Francisco recordou que a Igreja no Brasil aplicou
“com originalidade o Concílio Vaticano II e o percurso realizado, mesmo tendo
que superar certas enfermidades infantis, levando a uma Igreja gradualmente
mais madura, aberta, generosa, missionária”.
A partir daí, o Papa concentrou-se na passagem dos
Discípulos de Emaús, escandalizados pela aparente derrota do messias. O
pensamento dirigiu-se a todos que abandonam a Igreja por talvez ela parecer
muito fria, talvez muito auto-referencial, talvez muito prisioneira das
próprias linguagens rígidas. Diante desta situação, “é necessário uma Igreja
que não tenha medo de sair na sua noite”, disse Francisco.
“Necessitamos de uma Igreja capaz de encontrar-se
em seu caminho. É necessário uma Igreja capaz de inserir-se na sua conversação.
É necessário uma Igreja que saiba dialogar com estes discípulos, os quais,
fugindo de Jerusalém, vagam sem uma meta, sozinhos, com o próprio desencanto,
com a desilusão de um cristianismo considerado muito ‘terreno estéril’,
infecundo, incapaz de dar um sentido”.
Fonte: Rádio Vaticano
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