Ter, 30
de Julho de 2013 11:53 por: cnbb
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte
Arcebispo de Belo Horizonte
A temática “Novos tempos e novos sentidos”
configurou o horizonte de análises, partilhas e debates no Congresso Mundial de
Universidades Católicas (CMUC), realizado na PUC Minas, no contexto jovial da
Semana Missionária na Arquidiocese de Belo Horizonte. Nesse período
preparatório que antecedeu a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro,
os participantes do CMUC se debruçaram sobre discussões e reflexões, com a
finalidade de aperfeiçoar e proporcionar, especialmente aos jovens, ensino
técnico e formação humanística, numa sociedade em constante transformação.
A Igreja sabe, assim como outras instituições devem
saber, que os jovens são “a janela para o futuro”, conforme disse o Papa
Francisco, ao chegar ao Brasil.
E a Jornada Mundial da Juventude é demonstração
clara desse entendimento. Por isso mesmo, o empenho da Igreja em realizar um evento
marcado pela universalidade e a riqueza de oportunidades. Decisão que vai ao
encontro do protagonismo jovem, mostrado nas recentes manifestações populares.
Iniciativas que, decisivamente, introduziram a sociedade brasileira na
exigência de uma nova etapa, marcada pelo modo de se fazer a política. Indo
além, pois influenciou funcionamentos de instâncias e procedimentos
configuradores dos rumos e cenários entre nós.
De fato, são novos tempos e novos sentidos e o CMUC
firma a educação católica em posição de vanguarda e chama a atenção da
sociedade, particularmente de governos, para sua grave responsabilidade, na
condição de promotores e guardiões de uma educação de qualidade. Afinal, a
educação qualificada é o suporte para alavancar o imprescindível desenvolvimento
na sociedade brasileira, que não pode exilar-se na simples, embora
insubstituível, formação técnica.
Há um sentido humanístico integral indispensável
sem o qual se compromete os recursos aplicados. Eles são transformados em
desperdício quando se opta por uma formação parcial. O mesmo ocorre quando se
tem compreensão estreita dos valores das instituições de ensino que não estejam
estritamente sob a batuta governamental.
Aliás, o perfil isento de perspectivas ideológicas
de caráter partidário das instituições não governamentais mostra-se mais
propício ao processo formativo. Além do técnico e do formal, o conceitual
assegura aos estudantes a observação de valores que, de fato, formam lideranças
lúcidas e profissionais cidadãos.
Esse diferencial que só vem do humanismo integral é
próprio da educação católica por sua tradição e, particularmente, por sua fonte
referencial, o Evangelho de Jesus Cristo. Tal contribuição precisa ser
mais reconhecida, respeitada e destinatária de suporte, inclusive econômico,
por parte daqueles que, oficialmente, são responsáveis pela educação no país.
Ao contrário de programas que exijam das
instituições sérias que alavanquem processos qualificados de formação na
sociedade, os governos deveriam sim, investir e dar suporte a esses centros
acadêmicos, como ocorre noutras partes do mundo. É preciso haver o
reconhecimento de que, desta forma, o país poderá avançar mais rapidamente no
ouro essencial para o desenvolvimento da sociedade, que é o conhecimento
integral, capaz de garantir-lhe competitividade no cenário mundial.
A educação não pode ser tratada, nos âmbitos
federal, estadual e municipal apenas pela satisfação de alguns índices. Talvez
sejam dados que apenas apaziguem consciências e deveres executivos. É
incontestável que a grave crise política na sociedade brasileira se deve também
à superficialidade da formação humanística integral. Outra não é a razão da
crise de lideranças em todos os campos.
Política não se faz simplesmente com artimanhas,
jogos, articulações ou conchavos para se conseguir vitória. Esta é a
compreensão apreendida nas recentes manifestações populares. Como janela para o
futuro, os jovens estão intuindo - e é peculiaridade do tempo da juventude -
que não são boas as perspectivas para seu presente e futuro sem mudanças mais
profundas nos processos educativos, no aperfeiçoamento de procedimentos e nos
funcionamentos participativos na sociedade.
A PUC Minas hospedou durante o CMUC reitores,
gestores, colaboradores, estudantes, especialistas e conferencistas de mais de
trinta países. Com organização e funcionamento primoroso e preciso, projetou
Minas Gerais com o qualificado da educação, das preocupações em torno dela e
das perspectivas abertas a serem transformadas em compromissos. O que foi
discutido e analisado nesse Congresso impulsiona a educação católica para nova
etapa. Por isso, é preciso voltar a estes conteúdos e debates. Esperamos que os
setores responsáveis pela educação se disponham à partilha dessas questões para
melhorar o cenário educacional no Brasil, como oportunidade de introduzi-lo em
novos tempos e novos sentidos.
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