Sex, 05
de Julho de 2013 11:41 / Atualizado - Sex, 05 de Julho de 2013 11:43 por: cnbb
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém (PA)
Arcebispo de Belém (PA)
Os homens e mulheres chamados por Jesus à vida da
Igreja descobrem a beleza do seu convite, que se dirige a todos, sem exceção.
De um lado, o fascínio pela sua Palavra, que se transforma em norma de vida em
todos os setores da existência: amar a Deus e ao próximo, apaixonar-se pela a
Igreja, entrar numa comunidade de irmãos, participar da liturgia,
identificar-se como cristãos onde quer que se encontrem. Nas próximas
semanas,
em torno da Jornada Mundial da Juventude, com a presença do Santo Padre, o Papa
Francisco, em nosso país, veremos vir à tona a genuinidade de tantos que no
peito levam uma Cruz e no coração o que disse Jesus!
Como o bem tende a se difundir, todos os discípulos
autênticos de Jesus Cristo são igualmente chamados à missão, para sair de si
mesmos e trabalhar pelo Reino de Deus. São palavras que caminham juntas, de tal
forma que discípulo quer dizer “discípulo missionário”. Não faz parte de sua
proposta de vida o acomodamento e a passividade, mas a audácia, a criatividade
e o testemunho. O mesmo Senhor, que chamou seus discípulos, enviou-os em missão
(Cf. Lc 10,1-20). Cristo lhes oferece indicações precisas, cuja atualidade deve
ser reconhecida em nosso tempo pelos cristãos de todos os estados de vida e
condições sociais.
São enviados! Não vivem apenas para defender suas
próprias ideias, mas abraçaram com liberdade e coragem a tarefa de ser
portadores de uma vida nova, descoberta no próprio Senhor. Não vivem para os
próprios sentimentos ou segundo as emoções e humores de cada momento, mas se
transformam em verdadeiros embaixadores. São ousados, a ponto de tomarem como
próprias palavras exigentes como as pronunciadas por São Paulo, nascidas de
profunda convicção: “Quanto a mim, que eu me glorie somente da cruz do nosso
Senhor, Jesus Cristo. Por ele, o mundo está crucificado para mim, como eu estou
crucificado para o mundo” (Gl 6,14). Onde quer que estejam possam dizer com o
Apóstolo: “Trago em meu corpo as marcas de Jesus” (Gl 6, 17). Enviados dois
a dois! Para que o Senhor esteja sempre entre eles (Mt 18, 20), preferem a
comunhão ao isolamento, compartilham ideias e experiências, ajudam-se
mutuamente, descobrem a luz que lhes vem da caridade vivida, acolhem a correção
fraterna.
Cordeiros no meio de lobos! Suas “armas” não são a
agressividade e a desconfiança. Acreditar na “não violência ativa” é o desafio
para sua presença na sociedade, a fim de se tornarem capazes de dialogar,
acolher as diferenças entre as pessoas e tecerem novas relações, pouco a pouco,
“fazendo a hora acontecer”, presentes em todos os setores da vida social e
política, fazendo a diferença, para melhor! Não levam bolsa, sacola nem
sandálias pelo caminho! São expressões fortes usadas por Jesus, para indicar
aos discípulos missionários de qualquer tempo ou cultura que sua segurança não
está na riqueza ou na quantidade de bens materiais disponíveis, mas na força da
mensagem de que são portadores. Saberão, sim, usar todos os meios disponíveis,
das caminhadas pelas estradas da Galileia, passando pelas grandes incursões
missionárias de todos os tempos, para depois usar com inteligência e
perspicácia os meios disponíveis em nossa época, sem desprezar, em qualquer
circunstância, o contato pessoal.
“A paz esteja nesta casa”. Dizer isso com a boca ou
com o testemunho é tarefa indispensável para todos os cristãos. Serão homens e
mulheres portadores daquele que traz a paz e é, ele mesmo, a Paz! Sua presença
ouvirá os contrários e descobrirá caminhos de reconciliação e amizade, sem
tomar partido que não seja o da verdade.Aonde chegam, os discípulos
missionários valorizam o que lhes é oferecido, curam os doentes e anunciam a
chegada do Reino de Deus. Se o Senhor lhes concede o dom da cura e dos
milagres, usam-no com humildade. Mas saberão sempre sanar pessoas e
relacionamentos, com o dom mais sublime, o da caridade (Cf. 1 Cor 12,31 –
13,13).Como encontrar tais pessoas, já que parecem tão raras, pelas suas
características? “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi,
pois, ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para sua messe” (Lc 10, 2).
Só o Senhor pode transformar em operários os que se encontrarem ociosos (Cf. Mt
20, 1-16), ou fazer de possíveis mercenários autênticos pastores, dispostos a
darem a própria vida. Em todos os setores da vida da sociedade e da Igreja
existem, tenho certeza, homens e mulheres que hoje, não amanhã, podem dar uma
resposta genuína ao chamado de Deus, vindo a se tornarem autênticos
missionários. Encontram-se espalhados por aí e podem ser despertados pelas
gritantes realidades que nos cercam, através das quais o Senhor lhes fala e
convoca! Há que pedir que o Pai do Céu os acorde! Misteriosamente, Deus quer
depender de nossas orações para que surjam novos missionários e para que todos
os discípulos de Jesus sejam transformados em missionários!
Temos a alegria de ver que jovens nascidos em nosso
meio, respondem ao chamado de Deus. No dia seis de julho, data em que agradeço
a Deus os vinte e dois anos de Ordenação Episcopal, quatro jovens de nossa
Igreja – Everson Vianna Corrêa, Fabrício da Silva Albuquerque, Maurício
Henrique Almeida dos Santos e Valdinei de Lima Silva – serão ordenados
Diáconos, assumindo o serviço da Caridade, da Palavra e do Altar. Assumirão
publicamente, “nadando contra a correnteza” no mundo em que vivemos, o
compromisso do celibato pelo Reino de Deus. Farão conscientemente a promessa de
obediência, nas mãos do Bispo, para servir ao Povo de Deus. Daqui a alguns
meses serão padres para a Igreja de Belém. Eles aceitaram ser resposta amorosa e
providente de Deus ao pedido por novas e santas vocações! Seu gesto seja
testemunho vivo para muitas pessoas, crianças, adolescentes, jovens e adultos.
Rezemos com a Igreja: “Enviai, Senhor, operários para a vossa messe, pois a
messe é grande e poucos são os operários!”.
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