“Como
bem sabemos, a importância da Campanha da Fraternidade tem crescido a
cada ano, repercutindo não apenas no interior das comunidades católicas,
mas também nos diversos ambientes da sociedade, especialmente pela sua
natureza e pela iminência dos assuntos abordados”. Foi com estas
palavras que o arcebispo de Brasília e presidente da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Sergio da Rocha, abriu
oficialmente a Campanha da Fraternidade 2017.
A cerimônia ocorreu na
sede da entidade, nesta quarta-feira, 1º de março, em Brasília (DF).
Com o tema “Fraternidade: biomas brasileiros e a defesa da vida”, este
ano, a Campanha busca alertar para o cuidado e o cultivo dos biomas
brasileiros: Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pampa, Pantanal e
Amazônia. Além disso, enfatiza o respeito à vida e a cultura dos povos
que neles habitam. O lema escolhido para iluminar as reflexões é
“Cultivar e guardar a criação (Gn 2, 15)”.
Para dom Sergio, a
temática é de extrema urgência. “Cada Campanha da Fraternidade quer nos
ajudar a vivenciar a fraternidade em um campo específico da vida ou da
realidade social brasileira que tem necessitado de maior atenção e
empenho, e este ano o tema escolhido é de grande notoriedade”,
enfatizou. Ainda de acordo com ele, é preciso que as pessoas conheçam os
biomas a fundo para poderem “contemplar a beleza e a diversidade que
estão estampados no próprio cartaz da Campanha da Fraternidade”.
Na mesa de abertura,
dom Sergio disse ainda que não bastava apenas conhecer os biomas e que
era preciso também refletir sobre a presença e sobre a ação humana
nesses ambientes. Ele também ressaltou a valorização dos povos
originários, que de acordo com ele são “verdadeiros guardiões dos
biomas”. “Nós precisamos valorizar, defender a vida e a cultura desses
povos, mas também somos motivados a refletir sobre as causas dos
problemas que afetam os biomas como, por exemplo, o desmatamento, a
poluição da natureza e das nascentes. Necessitamos também refletir sobre
a ação de cada um de nós e nossas posturas nos biomas onde estamos
inseridos”, disse.
Por último, o bispo
destacou que pode haver um certo estranhamento por parte das pessoas em
relação à Igreja ter escolhido este assunto para a Campanha, mas segundo
ele, ninguém pode assistir passivamente à destruição de um bioma ou de
sua própria casa, da Casa Comum. “O assunto de fato não pode ser
descuidado, não pode ser deixado para depois, ele necessita da atenção e
dos esforços de todos. O tema tem sim muito a ver com a fé em Cristo,
com a fé no criador, com a palavra de Deus, e admirar os biomas é
contemplar a obra do criador”, finalizou.
Proposta da CF é de extrema importância
O presidente da Frente
Parlamentar Ambientalista, deputado federal Alessandro Molon, compôs a
mesa da cerimônia e, em sua fala, agradeceu pela escolha do tema por
parte da Igreja no Brasil, considerando a iniciativa um serviço de
extrema importância para o país e para a proteção do meio ambiente. O
parlamentar lembrou e agradeceu ainda pelo pontificado do papa
Francisco, “grande liderança mundial que precisa ser apoiada, que,
dentre outras iniciativas importantes, escreveu a encíclica Laudato Si’ e
tem dedicado uma parte especial do seu ministério ao convite de uma
ecologia humana e integral, lançando luz sobre a relação entre
degradação do ambiente, injustiça social e pobreza”.
Molon indicou que, dos
oito objetivos específicos da CF, quatro serão de grande importância
para a Frente Parlamentar em 2017: o aprofundamento do conhecimento de
cada bioma, o comprometimento com as populações originárias, o reforço
do compromisso com a biodiversidade e a contribuição para a construção
de um novo paradigma ecológico. Ao final, apresentou dez desafios da
Frente Parlamentar aos quais pediu apoio da CNBB e do Ministério do Meio
Ambiente.
Ações convergentes
“Sentimo-nos,
portanto, amparados e revigorados na busca dos nossos objetivos”,
afirmou o secretário de articulação institucional e cidadania do
Ministério do Meio Ambiente, Edson Gonçalves Duarte, ao comentar a
escolha da temática da CF 2017. O representante do ministro Sarney Filho
iniciou sua fala lembrando da atuação do bispo de Barra (BA), dom Luiz
Flávio Cappio, na defesa do Rio São Francisco e ressaltou que o cuidado
com os biomas permeia todos os campos de atuação do Ministério:
florestas, biodiversidade, água, extrativismo, clima, desenvolvimento
sustentável e cidadania ambiental.
O secretário lamentou
que no dia-a-dia de quem trabalha com ambientalismo, que se depara com
profundo desconhecimento de parte da sociedade brasileira “que muitas
vezes até compreende a importância da Amazônia, mas não percebe que o
equilíbrio ecológico dos biomas é necessário para a manutenção não
apenas da fauna e da flora, mas também da vida humana”.
Duarte considerou que
muitas das ações propostas pela Campanha da Fraternidade convergem com
as prioridades determinas pelo MMA, como o combate ao desmatamento, o
aprimoramento do monitoramento dos biomas, proteção de nascentes e matas
ciliares, apoio aos povos tradicionais e a educação ambiental. “A
incorporação de toda essa temática na perspectiva de trabalho da CNBB
fortalece sobremaneira a defesa dos biomas brasileiros, pois, além de um
arcabouço científico muito bem estruturado, a Campanha da Fraternidade
reveste suas ações de uma riqueza espiritual capaz de tocar as
consciências de uma forma profunda”, salientou.
http://www.edicoescnbb.com.br/campanhas/fraternidade-2017.html
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