segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Salmo do surdo - Sl 37 (38)



Qui, 10 de Janeiro de 2013 09:59 por: cnbb

Dom José Maria Maimone
Bispo Emérito de Umuarama (PR)

Com a limitação da revelação do AT, era comum culpar a Deus pelos males pessoais e do mundo. (Hoje muitos ainda pensam assim). Em alguns salmos porém encontramos expressões nas quais o salmista assume a sua culpa, e entende que Deus através dos sofrimentos pode nos converter e santificar.
Este salmo é a oração de alguém muito enfermo e que reconhece humildemente seus pecados.
Por isso reza pedindo o perdão e a cura: “Em vossa bondade, ó Deus, me destes compreender que todos esses males são conseqüências dos meus pecados. Estou atolado em minhas culpas, que me esmagam como um peso superior às minhas forças. Por causa das minhas loucuras, fui atingido por feridas profundas, que apodrecem e cheiram mal”  (4b-6).
Seus sofrimentos são muitos e se tornam mais penosos porque a crença comum era que todo sofrimentos significava castigo de Deus. Por isso todos zombavam dele tirando sarro e considerando-o um caso perdido.
Então vem o motivo pelo qual intitulei este salmo como o do surdo mudo: “Porém, eu finjo que sou surdo e não ouço, que sou mudo e não falo. Como um homem surdo mudo não tenho nada a contestar”  (14-15).
Aqui está para nós uma lição de vida. Quantas vezes somos difamados e caluniados. Quantos de nós somos massacrados pelos poderosos, tanto da sociedade com da própria Igreja. Que atitude tomar?
Depois de se esforçar para ser surdo e mudo o orante encontra esta solução: “Sois vós, Senhor, a minha única esperança. Tenho certeza de que me atendereis, ó meu Deus! (16). “Vinde depressa em meu socorro, Senhor, meu Salvador!” (23).
Sabemos que o silêncio é uma virtude difícil de exercitar. Quantas vezes falamos demais, ou em hora imprópria. Precisamos entender que este defeito não é só nosso. São muitos os que falam demais, mentem e fazem fofocas difamando a vida do próximo.
O salmo 37, nos convida também a sermos surdos às maledicências. Não somos juízes dos nossos irmãos ou irmãs. Não podemos acreditar em tudo que dizem contra eles. Não podemos diminuir nossa estima e admiração por uma pessoa se não tivermos provas concretas.
E quando falam mal de nós? Recordemos São Paulo: “A mim pouco me importa ser julgado por vocês ou por algum tribunal humano. Nem eu mesmo me julgo (...) O que me importa é o julgamento de Deus” (1Cor 4, 3-4). Lembremos ainda que Jesus nos alertou de que, se o quisermos seguir e ser seus discípulos, devemos aceitar com amor e coragem os sofrimentos por causa dele e por amor a ele (Cfr. Mt 16. 24-26; Mc 8,34-38; Lc 9, 23-26).

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