Seg, 07 de Janeiro de 2013 13:55 por: cnbb
Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
Arcebispo de Montes Claros (MG)
Todos quereriam a paz se realmente ela
fosse dada como um presente. Muitos a querem, de fato, como uma conquista e se
colocam em disponibilidade e esforço para fazê-la acontecer. Os anjos disseram
aos pastores, quando Jesus nasceu na gruta de Belém: “Paz na terra aos homens
de boa vontade”. Esta se delineia como iniciativa humana para buscar a fonte da
mesma, no segredo da busca de fé em relação à criança, fonte da paz.
O Papa Bento XVI nos brinda com uma
bela mensagem para este dia 1.o de ano, consagrado a Maria e ao Filho portador
da paz. Lembra a comemoração dos 50 anos de início do Concílio Vaticano II,
encetado pelo Bem-aventurado João XXIII. Este emitiu a encíclica, também há
quase 50 anos, Pacem in Terris (Paz na Terra).
Nela vem lembrada a paz como
“convivência baseada na verdade, na liberdade, no amor e na justiça”. A verdade
provém do ser de Deus, que nos fala sobre a razão da vida, protegida como dom e
doadora de base de sustentação do ser humano na história. O falseamento da
verdade leva o ser humano a ser profundamente egoísta, endeusando-se e causando
o mal ao semelhante e a toda a sociedade. As guerras são fruto disso, com
conseqüências danosas para todos. A liberdade leva o ser humano a assumir sua
relação de dependência realizadora com Deus, o semelhante e a natureza, de modo
harmonioso. O segredo da realização humana está no equilíbrio dessa relação,
com predomínio do bem de todos. O amor leva-nos a sustentar nosso ser na
comunhão de vida capaz de tornar cada um oblação contínua para a prática da
compreensão, solidariedade, misericórdia e todo ato de promoção da vida e da
dignidade humana. A justiça leva cada pessoa a contemplar o outro como dom a
ser promovido e a ter superação de suas carências para viver como imagem e
semelhança de Deus.
O Santo Padre, nessa sua importante
mensagem, nos lembra a paz como graça de Deus e esforço humano. Sem Deus o ser
humano se coloca no caos de si mesmo, quando se absolutiza como falso deus.
Como regra total do jogo da vida, o ser humano só consegue vislumbrar seus
limites circunstanciados na matéria, no tempo e no espaça. Pelo dom da fé é que
consegue enxergar a luz iluminadora do sentido da existência, para fazer do
próprio humano um vocacionado a ser imagem e semelhança de Deus, chamado a
construir a história com os dons do alto para servir a coletividade e dar
consistência amorosa em suas relações. Daí surge a paz, como fruto do
entrelaçamento entre o ser criado e o incriado, para produzir entendimento,
concórdia, solidariedade, mútuo apoio, justiça e verdadeira concórdia.
Pedimos a Deus que este novo ano seja
de bênçãos e de verdadeira paz para todos. Deste modo, poderemos encontrar
melhor solução para nossos desafios e desejos de superação de nossos males e
limites.
A Rainha da Paz, que nos trouxe o
Príncipe da Paz, seja grande estimuladora e intercessora a nos ajudar a
construir uma convivência realmente de alegria, harmonia, compreensão e paz!
Como diz Deus a Moisés, também nós tenhamos essa bênção: “O Senhor volte para
ti o seu rosto e te dê a paz!” (Números 6,27).
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