Ter, 15 de Janeiro de 2013 09:53 por: cnbb
Os bispos do Regional Nordeste 4 da CNBB (Piauí) divulgaram uma Nota
Pública, escrita em dezembro de 2012, sobre a estiagem que ocasionou uma
rigorosa seca no Sertão do estado.
De acordo com um trecho da nota,
"uma comissão composta pela secretaria executiva da CNBB Regional NE, sob
coordenação de dom Augusto Alves da Rocha, bispo emérito de Floriano,
juntamente com representantes do Secretariado Regional da Cáritas Brasileira no
Piauí, Coordenação do Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido; Cáritas
Diocesana de são Raimundo Nonato, Serviço Pastoral do Migrante, COOTAPI &
Associados, reuniu-se na sede da CNBB NE4, para
elaboração do documento com o
objetivo de pautar junto ao Governador do Estado do Piauí, a preocupação da
Igreja Católica em sintonia com a sociedade civil que atua junto às comunidades
da agricultura familiar em relação à problemática da seca no Estado, ao tempo
em que vislumbram e dispõem-se a colaborar como atores sociais na efetivação de
soluções urgentes para a situação emergencial e ações de médio e longo prazo
para prover à estrutura necessária ao convívio permanente com os ciclos
climáticos próprios do semiárido".
Leia abaixo a Carta do Regional
Nordeste 4 da CNBB:
Carta dos Bispos
O drama se repete – 2012 mais um ano de
seca, miséria e fome para as populações do semiárido piauiense.
Estamos vivendo em 2012, início do
terceiro milênio da era cristã. Tempos modernos, predomínio do conhecimento, da
ciência e tecnologia. Entretanto, convivemos ainda com a falta do necessário e
básico para milhões de pessoas, o acesso à água de qualidade e a garantia de
alimentos. Essa situação é mais grave e crônica na região do semiárido
piauiense, onde se vive mais um grande período de seca. Segundo a Defesa Civil
e a Federação dos Trabalhadores da Agricultura – FETAG, 192 municípios
piauienses já decretaram estado de emergência. E destes, 156 já reconhecidos
pelo Governo Federal. O rigor da seca já indica a perda de 95% da produção de
alimentos e consequente falta de água para o consumo humano e animal e a
mortalidade de 30% do rebanho de bovino, caprino e ovino do Piauí. Segundo as
informações sobre os repasses do Governo Federal aos Estados do Nordeste,
destaca-se o Piauí como o Estado de maior incidência da seca.
Assim, as consequências da atual seca
são amenizadas devido a construção de cerca de 50 mil pequenas obras hídricas:
de cisternas de placas, pequenas barragens subterrâneas, tanques de pedra,
quintais produtivos; “barraginhas” e cursos de Gestão de Recursos Hídricos
promovidas pelas organizações da sociedade civil, articuladas no Fórum
Piauiense de Convivência com o Semiárido e a Articulação no Semiárido
Brasileiro - Asa Brasil. Além dessas iniciativas a própria Igreja Católica,
embora modestamente, empreendeu campanha, a qual arrecadou cerca de 100
toneladas de alimentos destinados às regiões mais atingidas, sobretudo São
Raimundo Nonato, Picos e Oeiras. Essas pequenas ações tem evitado o sofrimento
e a dor de cerca de 200 mil pessoas no semiárido piauiense.
Mas, muito ainda precisa ser feito. Os
gestores públicos, em parceria com as organizações da sociedade civil
organizada e lideranças comunitárias, que atuam na região, devem objetivar a
consolidação de Políticas Públicas de Convivência com o Semiárido, tendo como
perspectiva a superação da pobreza e da miséria, rompendo de vez com o
paradigma da indústria da seca e viabilizando a força de trabalho e as
potencialidades do semiárido piauiense.
Queremos sublinhar, mas sobretudo,
relembrar o caminho já percorrido pela Igreja e Sociedade Civil buscando o
diálogo e entendimento com os Órgãos Governamentais em vista de soluções acerca
dessa problemática:
1. Manifestação e documento do fórum
piauiense de convivência com o semiárido, datado e protocolado a 22/03/2012, no
Palácio de Karnak.
2. Encontro dos Bispos do Piauí com o
Sr. Governador do Estado, na Residência Episcopal, em Teresina, no dia
06/05/2012.
3. Seminários diocesanos sobre a seca:
São Raimundo Nonato: Fórum Diocesano sobre a estiagem – Desafios e proposições
a 25/05/2012. Entregue ao Sr. Governador a 16/06/2012. Oeiras: Manifesto dos
participantes da Assembleia Diocesana de Oeiras a 07/11/2012. Picos: Carta
aberta sobre a situação da seca no semiárido centro sul do Piauí, documento
final da Assembleia diocesana a 09/11/2012.
4. Realização do I Grito do Semiárido
em 03 de agosto/São Raimundo Nonato.
5. Realização do II Grito do Semiárido
em Picos, dia 31 de outubro.
Todas essas iniciativas revelam nossa
preocupação e compromisso com a situação em causa.
Reconhecemos a importância e a
necessidade das obras envolvendo adutoras, açudes e barragens, que representam
um grande passo do ponto de vista da estrutura para segurança hídrica do
Estado. Sabemos que exigem tempo e planejamento para sua conclusão cuja
efetividade não nos é possível avaliar no momento. Interessa-nos, como a todo o
povo, contribuir com o êxito desses planejamentos, nos dispondo ao
acompanhamento, motivação e promoção do controle social dessas implementações
em vista da melhor solução possível para uma convivência tranquila e permanente
de nossas comunidades com as características climáticas do semiárido. Neste
sentido acompanhamos esperançosos, a correta aplicação dos repasses que vêm
sendo feitos pelo Governo Federal ao Estado do Piauí através dos Ministérios do
Desenvolvimento Social – MDS e Ministério da Integração Nacional, para construção
de cisternas e os recursos do PAC estiagem.
Possíveis soluções para a seca -
Convivência do povo piauiense com o semiárido.
Entendemos que a convivência com o
semiárido começa com a garantia de água para o consumo humano; alimentação
adequada para as famílias; geração de trabalho e renda com a implementação de
novas tecnologias sociais; viabilizando as potencialidades humanas, naturais e
culturais da região. Daí, justificam-se políticas públicas adequadas ao
semiárido. Eis algumas das alternativas que acontecem nas comunidades e que são
acionadas para tal:
a) Cultura de estoque da água, através
das tecnologias sociais de captação das águas da chuva;
b) Armazenamento de grãos, frutos, produtos que sejam fundamentais para a alimentação da família.
c) Plantio de hortas familiares, através das quais se garante verduras, hortaliças e outros alimentos, de maneira agroecológica.
d) Plantio de pequenos pomares, em fundos de quintais produtivos.
b) Armazenamento de grãos, frutos, produtos que sejam fundamentais para a alimentação da família.
c) Plantio de hortas familiares, através das quais se garante verduras, hortaliças e outros alimentos, de maneira agroecológica.
d) Plantio de pequenos pomares, em fundos de quintais produtivos.
1. Ações emergenciais.
Reconhecemos a validade de ações como, por
exemplo, carros-pipas, abertura de poços e reequipamento dos existentes,
valorização e distribuição de sementes nativas, construção de cisternas de
placas de cimento geradoras de renda para a comunidade, etc.
Trata-se da urgência do socorro
imediato ao povo desprovido dos bens elementares à vida. Nossa ação conjunta,
certamente, produzirá os efeitos de superação e mostrarão nossa sensibilidade
de solidariedade cristã.
Teresina, 12 de dezembro de 2012.
Dom Alfredo Schaffler
Bispo de Parnaíba
Presidente da CNBB – Regional NE 4
Bispo de Parnaíba
Presidente da CNBB – Regional NE 4
Dom Juarez Sousa da
Silva
Bispo de Oeiras
Vice-Presidente da CNBB – Regional NE 4
Bispo de Oeiras
Vice-Presidente da CNBB – Regional NE 4
Dom Plínio José Luz
da Silva
Bispo de Picos Secretário da CNBB – CONSER Nordeste 4
Bispo de Picos Secretário da CNBB – CONSER Nordeste 4
Dom Jacinto F. de
Brito Sobrinho
Arcebispo de Teresina
Arcebispo de Teresina
Dom Valdemir Ferreira
dos Santos
Bispo de Floriano
Bispo de Floriano
Dom João Santos
Cardoso
Bispo de São Raimundo Nonato
Bispo de São Raimundo Nonato
Dom Eduardo Zielski
Bispo de Campo Maior
Bispo de Campo Maior
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