Seg, 14 de Janeiro de 2013 10:51 por: cnbb
Dom Redovino Rizzardo
Bispo de Dourados (MS)
Bispo de Dourados (MS)
Sorrateira ou abertamente, o aborto
está sendo introduzido na maior parte dos países, reivindicado por grupos
minoritários (mas aguerridos, como são as feministas), financiado por
organizações internacionais e imposto por governos (de direita e de esquerda).
Sob o influxo da mentalidade liberal, hedonista e amoral que impera na
sociedade moderna, seus defensores o apresentam como uma decisão pessoal – “O
corpo é meu e faço dele o que quiser!” – ou, no máximo, como uma questão de
saúde pública. A seu ver, os que se opõem a ele, o fazem por motivos
religiosos, não podendo, portanto, legislar em Estados que, por sua própria
natureza, devem ser sempre laicos.
A verdade é diferente: o aborto é crime
porque fere a lei natural.
É o que explica Hebe Laghi de Souza, Doutora em
Ciências e Especialista em Genética e Biologia pela Universidade de São Paulo:
«Em termos biológicos, considera-se o ser humano como possuindo diferentes
fases de desenvolvimento, incluindo nisso o embrionário. Em qualquer uma dessas
fases, a partir do ovo, o ser humano já é um ser humano. Porque não é somente a
forma humana que define o homem, visto que ele passa por diferentes fases de
desenvolvimento e, em cada uma delas, apresenta-se com um aspecto – o aspecto
peculiar de sua fase – e em todas elas, ele tem vida. Nenhuma coisa morta se
multiplica e expressa processos vitais. Sob este aspecto, desde o momento de
sua concepção, o ser humano já é um ser humano que vive. Desde o ovo, possui
todos os potenciais genéticos e biológicos característicos de um ser humano, e,
se o deixarem desenvolver, ele se tornará um bebê, que crescerá e prosseguirá
pelas sucessivas fases de sua vida. Penso, assim, como cientista e bióloga, e
não estou inferindo neste pensamento nenhum sentimento religioso, apesar de
possuí-lo e de fazê-lo somar, neste momento, ao que sinto».
Cientificamente e em sã consciência,
ninguém pode duvidar que o embrião contém em germe a estrutura física, psíquica
e espiritual que integra o DNA único e irrepetível de cada pessoa. O papel da
religião – pelo menos da Igreja Católica, que mais conheço – é iluminar e
fortalecer o indivíduo, para que sempre e em toda a parte coloque o bem comum
acima de seus interesses particulares, e suas decisões respeitem a justiça e o
direito, sobretudo quando está em jogo a sorte dos mais fracos.
Para o Cristianismo, existem dois tipos
de verdades: as sobrenaturais – como a Encarnação e a Ressurreição de Jesus –,
que o homem não obtém com suas próprias forças, mas lhe pedem uma adesão que
brota da fé; e as naturais, que se podem alcançar pela luz da razão. Uma destas
é a inviolabilidade da vida humana. Ninguém tem o direito de tomar ou destruir
o que não lhe pertence. Assim, a defesa do embrião não é apenas uma convicção
religiosa, mas uma lei natural. Por isso, mesmo quando legalizado – pois muitas
leis refletem apenas os interesses e os vícios de quem as redige – o aborto
jamais poderá ser considerado correto e deixar a consciência em paz.
A tragédia mais profunda causada pelo
aborto é o fortalecimento da “cultura de morte”, cujo fruto mais visível é a
violência generalizada que cresce a cada dia, cujas vítimas mais comuns são,
normalmente, cidadãos honestos e indefesos. Entre elas, as crianças, inclusive
as que ainda estão por nascer. Aliás, não deixa de ser irônico verificar como
as sociedades modernas, que se julgam cientificamente evoluídas, recorram a
dois pesos e a duas medidas em suas posturas em relação aos animais e aos humanos:
enquanto se caminha para legislações cada vez mais rigorosas na defesa dos
primeiros, inclusive contra o seu uso em pesquisas científicas, são jogados no
lixo bilhões de embriões congelados. Não há dúvida: hoje é muito mais seguro e
promissor nascer cachorro do que gente...
Para Madre Tereza de Calcutá «é
hipocrisia gritar contra a violência que se alastra na sociedade quando ela é
cometida e incentivada contra bebês indefesos. Ninguém tem o direito de matar
um ser humano que vai nascer: nem o pai, nem a mãe, nem o estado, nem o médico.
Se o dinheiro que se gasta para matar fosse empregado em fazer com que as
pessoas vivessem, todos os seres humanos atuais – e os que ainda virão ao mundo
– viveriam bem e muito felizes».
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