Qui, 10 de Janeiro de 2013 08:12 por: cnbb
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)
Arcebispo de São Paulo (SP)
Este ano promete muito. Continuamos a
viver o Ano da Fé, já iniciado em outubro passado; com toda a Igreja, somos
chamados a aprofundar a vida na nossa fé cristã católica e a manifestá-la ao
mundo por um testemunho firme, sereno e alegre.
As iniciativas e manifestações do Ano
da Fé têm a finalidade de proporcionar uma renovada experiência da nossa fé,
mediante o encontro com Deus, por meio de Jesus Cristo. Nossa fé nasce desse
encontro e nele se sustenta. Por isso, ela precisa ser realimentada, de muitas
maneiras, e também conhecida melhor nas verdades e atitudes que decorrem dessa
experiência fundante da fé.
O Catecismo da Igreja Católica deverá
ser nosso companheiro diário ao longo deste ano. É nesse livro que a Igreja
explica para si mesma, e para quem se interessar, aquilo que ela crê e quais
são as consequências desse crer para a vida e a conduta cristã neste mundo. As
várias manifestações públicas da fé, programadas para este ano, deverão ajudar
a “dizer” a nós e ao mundo aquilo que cremos. Os momentos testemunhais são
necessários para manifestar a fé, como a missa dominical, as peregrinações, as
festas e solenidades litúrgicas, orações, procissões e manifestações de cultura
popular decorrentes da fé cristã. Sem esquecer a vida orientada pela fé, que
produz obras de caridade, justiça, solidariedade, respeito e paz...
Ao nosso redor, sempre mais, ouve-se
dizer que a fé religiosa e as convicções morais são questões da vida privada e
que são toleráveis apenas nesse âmbito, mas que não deveriam ter influência na
vida social. Não pensamos assim. Se é verdade que se deve respeitar a
consciência alheia e não impor convicções próprias a ninguém, também é verdade
que as convicções religiosas e morais não devem ficar restritas à vida privada,
mas podem e precisam ser manifestadas abertamente, também para influenciar o
convívio social.
As relações sociais, políticas,
econômicas e culturais não são um espaço neutro, onde os cidadãos não têm
convicções nem as partilham; pelo contrário, é ali que a pluralidade das convicções
é confrontada, complementada e enriquecida. O âmbito do convívio social e
público não poderia ser monopolizado por certo pensamento único, de algum grupo
supostamente detentor do direito de se expressar de modo oficial e
politicamente correto. Isso seria o fim da liberdade de pensamento e de
manifestação das ideias, que inclui a manifestação religiosa. Seria acabar com
as bases do convívio democrático.
Na Arquidiocese de São Paulo, estamos
com um novo Plano de Pastoral, cujo título decorre do Ano da Fé: “Arquidiocese
de São Paulo, testemunha de Jesus Cristo na Cidade”. O novo plano traz as
indicações sobre as urgências que devem mover as iniciativas de evangelização e
de pastoral da Arquidiocese nos próximos anos. A partir da fé, perguntamo-nos sobre
a razão de ser da presença e ação da Igreja na Metrópole: “sereis minhas
testemunhas” (cf At 1,8) – foi essa a síntese do envio missionário feito por
Jesus aos Apóstolos.
Também nossa Igreja está na Metrópole
com esse mesmo objetivo: testemunhar Jesus Cristo, caminho, verdade e vida; sua
presença e ação salvadora; o Evangelho do Reino de Deus por ele anunciado, que
é um bem para todos. Testemunhar sua presença samaritana e misericordiosa, sua
palavra profética, que faz discernir sobre as muitas situações vividas pela
cidade. Testemunhar Jesus Cristo através de cada membro da Igreja, comunidade
de discípulos missionários enviados à cidade para ser fermento, sal e luz do
Reino de Deus.
Testemunhar Jesus Cristo através de
todas as iniciativas religiosas, educacionais, comunicativas e caritativas;
através de cada instituição ou organização da Igreja; através de cada igreja e
capela, paróquia, convento, mosteiro, escola ou obra social; de cada monumento
ou sinal da fé postos na cidade, no centro ou nas periferias, em lugares
públicos ou nos espaços reservados. Que tudo possa ajudar a testemunhar Jesus
Cristo à cidade e mostrar que é bom e faz bem acolher sua presença salvadora no
meio de nós.
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