Seg, 07 de Janeiro de 2013 08:34 por: cnbb
A Epifania é a manifestação "da
bondade de Deus e do seu amor pelos homens": foi o que afirmou o Papa na
missa por ele presidida na manhã deste domingo, 6 de janeiro, na Basílica de
São Pedro, no Vaticano, na Solenidade da Epifania do Senhor.
Durante a celebração, o Pontífice fez a
ordenação de quatro novos bispos: dom Georg Gänswein, secretário particular de
Bento XVI e prefeito da Casa Pontifícia; dom Vincenzo Zani, secretário da
Congregação para a Educação Católica; e os núncios apostólicos, dom Fortunatus
Nwachukwu e dom Nicolas Thevenin.
Na homilia, o Papa convidou os bispos a
imitarem os Magos, homens que partiram rumo ao desconhecido, "homens
inquietos movidos pela busca de Deus e da salvação do mundo; homens à espera,
que não se contentavam com seus rendimentos assegurados e com uma posição
social provavelmente considerável, mas andavam à procura da realidade
maior".
"Talvez fossem homens eruditos –
continuou o Santo Padre –, que tinham grande conhecimento dos astros e,
provavelmente, dispunham também duma formação filosófica; mas não era apenas
saber muitas coisas que queriam; queriam, sobretudo, saber o essencial, queriam
saber como se consegue ser pessoa humana. E, por isso, queriam saber se Deus
existe, onde está e como é; se Se preocupa conosco e como podemos
encontrá-Lo."
"Queriam não apenas saber; queriam
conhecer a verdade acerca de nós mesmos, de Deus e do mundo. A sua peregrinação
exterior era expressão deste estar interiormente a caminho, da peregrinação
interior do seu coração. Eram homens que buscavam a Deus e, em última
instância, caminhavam para Ele; eram indagadores de Deus."
A este ponto de sua homilia, o Santo
Padre perguntou-se "Como deve ser um homem a quem se impõem as mãos para a
Ordenação episcopal na Igreja de Jesus Cristo?" Podemos dizer - afirmou:
"Deve ser, sobretudo, um homem cujo interesse se dirige para Deus, porque
só então é que ele se interessa verdadeiramente também pelos homens. E,
vice-versa, podemos dizer: um Bispo deve ser um homem que tem a peito os outros
homens, que se deixa tocar pelas vicissitudes humanas. Deve ser um homem para
os outros; mas só poderá sê-lo realmente, se for um homem conquistado por Deus:
se, para ele, a inquietação por Deus se tornou uma inquietação pela sua
criatura, o homem."
Retomando a descrição dos Magos, Bento
XVI ressaltou deles, em particular, a coragem e a humildade da fé: "Era
preciso coragem a fim de acolher o sinal da estrela como uma ordem para partir,
para sair rumo ao desconhecido, ao incerto, por caminhos onde havia inúmeros
perigos à espreita. Podemos imaginar que a decisão destes homens tenha
provocado sarcasmo: o sarcasmo dos ditos realistas que podiam apenas zombar das
fantasias destes homens. Quem partia baseado em promessas tão incertas,
arriscando tudo, só podia aparecer como ridículo. Mas, para estes homens
tocados interiormente por Deus, era mais importante o caminho segundo as
indicações divinas do que a opinião alheia. Para eles, a busca da verdade era
mais importante que a zombaria do mundo, aparentemente inteligente."
Nessa linha, Bento XVI traçou a missão
do bispo em nosso tempo: "A humildade da fé, do crer juntamente com a fé
da Igreja de todos os tempos, há de encontrar-se, vezes sem conta, em conflito
com a inteligência dominante daqueles que se atêm àquilo que aparentemente é
seguro. Quem vive e anuncia a fé da Igreja encontra-se em desacordo também, em
muitos aspectos, com as opiniões dominantes precisamente no nosso tempo".
"O agnosticismo, hoje largamente
imperante, tem os seus dogmas e é extremamente intolerante com tudo o que o põe
em questão, ou põe em questão os seus critérios. Por isso, a coragem de
contradizer as orientações dominantes é hoje particularmente premente para um
Bispo."
O Santo Padre prosseguiu traçando a
missão do bispo em nosso tempo afirmando que ele te de ser valoroso: “E esta
valentia ou fortaleza não consiste em ferir com violência, na agressividade,
mas em deixar-se ferir e fazer frente aos critérios das opiniões dominantes. A
coragem de permanecer firme na verdade é inevitavelmente exigida àqueles que o
Senhor envia como cordeiros para o meio de lobos. “Aquele que teme o Senhor
nada temerá”, diz Ben Sirá (34, 14). O temor de Deus liberta do medo dos
homens; faz-nos livres!"
A este ponto, Bento XVI recordou um
episódio do início do cristianismo, narrado por São Lucas nos Atos dos
Apóstolos, em que o sinédrio chamou os apóstolos e os flagelou. Proibindo-os de
pregar o nome de Jesus, em seguida os libertou. Lucas afirma que eles foram
embora cheios de alegria por terem sido julgados dignos de sofrer vexames por
causa do Nome de Jesus.
Como os apóstolos – prosseguiu o
Pontífice –, assim os bispos, seus sucessores, "devem esperar ser,
repetidamente e de forma moderna, flagelados, se não cessam de anunciar alto e
bom som a Boa-Nova de Jesus Cristo; hão de então alegrar-se por terem sido
considerados dignos de sofrer ultrajes por Ele. Naturalmente queremos, como os
Apóstolos, convencer as pessoas e, neste sentido, obter a sua aprovação;
naturalmente não provocamos, antes, pelo contrário, convidamos todos a entrarem
na alegria da verdade que indica a estrada".
"Contudo o critério ao qual nos
submetemos não é a aprovação das opiniões dominantes; o critério é o próprio
Senhor. Se defendemos a sua causa, conquistaremos incessantemente, pela graça
de Deus, pessoas para o caminho do Evangelho; mas inevitavelmente também
seremos flagelados por aqueles cujas vidas estão em contraste com o Evangelho,
e então poderemos ficar agradecidos por sermos considerados dignos de
participar na Paixão de Cristo."
"Os Magos seguiram a estrela e
assim chegaram a Jesus, à grande Luz que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem
(cf. Jo 1, 9). Como peregrinos da fé, os Magos tornaram-se eles mesmos estrelas
que brilham no céu da história e nos indicam a estrada", concluiu Bento XVI.
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