Sex, 05 de Abril de 2013 13:41 por: cnbb
Dom José Maria
Maimone
Bispo Emérito de Umuarama (PR)
Bispo Emérito de Umuarama (PR)
Esta expressão, Ministério Petrino, é
desconhecida pela maioria do povo. Com a renúncia de um papa e eleição de outro
ela veio à tona e muitos querem saber o que significa.
Ministério significa um serviço, ou uma
prestação de serviço. Contudo, a palavra tem sofrido grande mudança de significado,
chegando até a ter um sentido pejorativo, causado pela tradição política.
Vejamos a etimologia da palavra
ministro: ‘minus’ trás no seu íntimo o estar ao serviço de, o ser menos, não
ser dominador.
Quanto maior é a importância do
ministério, tanto mais exige do ministro se fazer servo. Sendo tão grande o
serviço prestado pelo Papa, ele é chamado “Servus servorum Domini” = Servo dos
servos do Senhor.
Petrino vem de Pedro.
Na Igreja exercer
o Ministério Petrino é assumir o serviço que foi de São Pedro, o primeiro papa
da Igreja, instituído pelo próprio Jesus Cristo, que lhe disse: “Tu és Pedro e
sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (MT 16, 18). “Eu roguei por ti
(Pedro) para que a tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, confirma
teus irmãos” (Lc 22,32). “Apascenta meus cordeiros... Apascenta minhas ovelhas”
(Jo 12, 15-17).
O Papa deve servir toda a Igreja de
Jesus, e todas as pessoas chamadas à salvação em Jesus Cristo.
Eu experimentei o ministério de pároco
e o de bispo diocesano. Este é sumamente mais pesado e mais difícil que aquele.
Servi à Diocese de Umuarama, que comparada a toda a Igreja católica espalhada
pelo mundo é um pequeno grão de areia. O Ministério Papal ou Petrino impõe um
peso imenso sobre os ombros de um pobre homem, que sem a graça de Deus, não
suportaria tal serviço.
Eu penso que Paulo VI e João Paulo II
deveriam ter renunciado, quando já não conseguiam mais governar a Igreja,
oferecendo os serviços exigidos por ela. Entendi perfeitamente e elogiei a
coragem e a prudência do Papa Bento XVI ao renunciar o Ministério Petrino,
enquanto quase todo mundo se surpreendeu e lastimou sua atitude. Suas razões
para renunciar, nos revelam a grandeza da missão petrina, que exige muito de
quem a exerce:
“Depois de ter examinado repetidamente
a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças,
devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o
ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua
essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e as palavras, mas
também e igualmente sofrendo e rezando. Mas, no mundo de hoje, sujeito a
rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé,
governar a barca de Pedro e anunciar o Evangelho, exige também o vigor, quer do
corpo quer do espírito; vigor este que nos últimos meses foi diminuindo de tal
modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o
ministério que me foi confiado”.
Como Papa Emérito, Bento continua a
exercer o Ministério Petrino, de outra maneira: “sofrendo e rezando”.
No dia 13 de março, Francisco, o 266º
papa da história, compreendendo que fora eleito para ser o “Servo dos Servos do
Senhor”, com humildade e muita coragem recebeu este novo encargo dizendo de si:
“Sou um humilde operário da vinha do
Senhor”.
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