Sex, 05 de Abril de 2013 11:23 por: cnbb
Dom Walmor Oliveira
de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte
Arcebispo de Belo Horizonte
Neste Domingo da Divina Misericórdia, o
segundo do tempo pascal, iniciaremos a construção da Catedral Cristo Rei, uma
obra em nossas mãos. Na verdade, a construção já começou há um bom tempo. Basta
olhar o caminho até aqui percorrido e as muitas conquistas alcançadas. No
próximo domingo, iniciaremos a execução da obra, que se desdobrará em muitas
fases. Conforme a dinâmica própria da construção de uma igreja, esse momento
importante envolve cada um, por ser uma obra de todos.
Para chegarmos a esta
etapa decisiva, muitos passos foram dados, amadurecidos e vividos no tempo e na
história da Arquidiocese de Belo Horizonte, hoje com seus 92 anos.
Reverente é a memória de dom Antônio
dos Santos Cabral, primeiro arcebispo da nova capital mineira, que aqui chegou
para instalar a nova diocese. Com a capital nova, um caminho novo e tudo por
começar. E começou com arrojo e abnegação missionária, reconheça-se, dotando
esse caminho com preciosidades, das paróquias criadas, os religiosos e
religiosas convidados, o apoio à educação católica, particularmente com a
criação da Universidade Católica, com uma singular presença na comunicação do
seu tempo, a instituição do Santuário Arquidiocesano da Adoração Perpétua,
pérola da Arquidiocese, na igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, por ele
escolhida como a catedral provisória e, particularmente, o cuidado especial com
os mais pobres.
Dom Antônio desenhou um horizonte largo
e trilhou um caminho de riquezas incontestáveis, deixando uma herança que pediu
e, certamente, pedirá, de seus sucessores uma coragem de gingantes na fé e uma
simplicidade evangélica própria de quem deposita confiança incondicional em
Deus. O que dom Cabral plantou, nessa história da Arquidiocese de Belo
Horizonte, tem florescido graças ao desvelo corajoso e confiante de seus
sucessores, de leigos e leigas, padres, religiosos, bispos e em diálogo e
cooperação com segmentos diferentes, construtores da sociedade pluralista. Uma
sociedade que em Minas Gerais tem uma história de riquezas incontáveis, com
homens e mulheres marcados pela força da fé e apreço aos valores da família, da
solidariedade e da cultura.
Neste conjunto de feitos e fatos,
eventos e conquistas, lutas e sacrifícios, está sempre no horizonte o
compromisso de fidelidade ao projeto de Jesus Cristo, missão dada a Ele pelo
Pai e por Ele dada à sua Igreja, com a escolha dos seus apóstolos, numa
ininterrupta tradição. Entre desdobramentos que se tornaram passos novos,
proféticos e novas respostas ao longo do tempo, permaneceu aqui o projeto da
Catedral Cristo Rei, até iniciada por dom Cabral, não continuada pelas
vicissitudes do tempo e das circunstâncias. Certamente, por desígnio de Deus
Providente, ficou como legado e tarefa a essa geração das primeiras décadas do
terceiro milênio, como oportunidade única de um exercício de solidariedade e
comunhão.
As muitas etapas até aqui vividas e
trabalhadas para a construção da Catedral Cristo Rei, incluindo debates e
discernimentos, aquisições e doações, formação de consensos e entendimentos,
providências concretas vencendo burocracias e respeitando legalidades,
claridade a respeito do instrumento que se terá para servir mais e melhor,
prepararam este histórico dia 7 de abril, Domingo da Divina Misericórdia. Será
o momento em que se iniciam novas fases, que se sucederão dando forma à
edificação, na medida do exercício de solidariedade, apoio e comunhão efetiva
de todos. A Catedral Cristo Rei será um grande centro de irradiação da fé e do
sentido de transcendência, valores que sustentam a cultura que permanece e a
sociedade que se quer justa e fraterna.
Ao longo dessa caminhada rumo à
Catedral, cada vez mais pessoas compreendem a importância da obra e vislumbram
o que acontecerá no coração desta igreja-mãe. Em primeiro lugar, uma ação
evangelizadora profética e encarnada, que articula e fortalece a rede de
comunidades de fé, entendidas como lugar do acolhimento fraterno e da escuta da
Palavra de Deus, transformando vidas e criando, pelos valores do Evangelho, as
convicções necessárias que geram conversões, engajam cidadãos solidários e
justos.
Esse coração de serviços a partir do
Evangelho significará o fortalecimento de uma Igreja, como indica e quer o Papa
Francisco, não autocentrada, mas capaz de dialogar com todos, articular-se com
o diferente, ser cada vez mais servidora dos pobres e sofredores, em cooperação.
Lá estará o conjunto das obras sociais da Arquidiocese no seu Vicariato
Episcopal para Ação Social e Política, que se articula e incentiva o
desenvolvimento de tantas outras iniciativas, de diversas paróquias e
instituições, pequenas e grandes, de muitos lugares. Também será lugar dedicado
à expansão da Rede Catedral de Comunicação Católica, para fazer, como recomenda
Jesus, seu Evangelho proclamado. Espaço importante para a arte e a cultura, com
o inteligente projeto do Memorial da Arquidiocese de Belo Horizonte, bem como
da educação, sendo coerente com a tradição da Arquidiocese de formação
integral.
A Catedral Cristo Rei será a Casa do
Povo de Deus, isto é, de todos. Um espelho maior do que deve ser cada
comunidade, em diálogo, cooperação e amor. Conto com a participação efetiva de
cada um, em profunda comunhão e simplicidade, neste caminho bonito que levará à
edificação da Catedral Cristo Rei, uma obra em nossas mãos.
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