Sex, 05 de Abril de 2013 09:25 por: cnbb
Dom José
Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
Arcebispo de Montes Claros (MG)
A misericórdia faz milagres, tanto no
dá-la quanto no recebê-la. É só experimentá-lo para se perceber esse seu
efeito. Promove a paz na consciência e na convivência social. Tudo muda. As
relações familiares, comunitárias e sociais mudam o foco. A competição
desvairada se esvazia. As lutas acirradas perdem a força. O armistício
acontece. Tudo se torna compreensão, solidariedade, justiça e harmonia. O
diálogo se efetiva. O respeito ao outro se torna normal. Dá-se vez. Perdoa-se.
As relações se consolidam com a mútua aceitação. O pecado é
perdoado. Inicia-se
a caminhada com as mãos dadas. Um ajuda o outro.
Se Deus não fosse misericordioso não
existiríamos. Ele nos ama, apesar de nossos desvarios. É o Pai do filho
pródigo. Só quer nosso bem. Chama-nos a cada instante para participarmos de seu
convívio amoroso. Indica-nos o caminho de sentido. Robustece nosso ser com sua
graça. Nossa conversão é aclamada por Ele, que busca sempre a ovelha
perdida. Seu olhar penetrante mostra que não precisamos ter medo de nos
aproximarmos dele. Seus braços estão sempre abertos para nos amparar. Qual mãe
terna afaga-nos com seu carinho e nos dá segurança quando nos deixamos
entregar a seus amplexos, abandonando-nos completamente sob sua proteção.
Quem experimenta a misericórdia divina
é profundamente devedor da mesma ao semelhante. Para isso, lembra-nos a oração
do Pai nosso: “Perdoai-nos como também nós perdoamos”. A misericórdia dada
faz-nos abrir o coração (córdia) para quem está na miséria (mísera) de seu erro
e de suas necessidades. Os termos “não levo desaforo para casa” não têm
cabimento para quem contempla a situação miserável do outro. Nós também não
erramos? Por que não abrir-nos para darmos a mão a quem caiu? Se todos
cultivássemos e colocássemos em prática a misericórdia, teríamos mais compaixão
para com as pessoas caídas por suas miserabilidades na vida. Pensaríamos mais
nos outros. Trabalharíamos para a inclusão dos mais frágeis na vida comunitária
e social, dignas de quem é ser humano e irmão.
A fome seria superada. A política se
tornaria um real serviço ao bem comum. Teríamos mais justiça. Superaríamos as
discriminações. Respeitaríamos as religiosidades. Desarmaríamos os ânimos
exaltados e destruiríamos as armas esmagadoras em todos os níveis e concepções.
A ressurreição de Jesus mostra a
superação de todo tipo de morte. Nele encontramos a fonte da misericórdia. Já
antes, da cruz pediu ao Pai pelos que o crucificaram. Agora, com sua vida nova
em nós, somos aptos para caminhar com a altivez de quem é capaz de perdoar e
ajudar até os inimigos, pois, vivemos para amar e levar a vida do Ressuscitado
para todos. A juventude, renascida com Cristo, é capaz de tornar o mundo novo,
pois, a maior vitalidade rejuvenescedora está na vida em Cristo, que venceu a
morte! A juventude, ouvindo o Senhor ressurreto, pode, com o apóstolo Tomé,
manifestar sua confiança: “Não sejas incrédulo, mas fiel”. De fato, a fé faz a
pessoa espalhar para todos a misericórdia de Deus. A fé entusiasma quem
experimenta caminhar com Cristo. Faz a pessoa manifestar a todos que somos
irmãos e é preciso amarmos e perdoarmos uns aos outros.
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